13/11/2025

Educação Elucidando a Teologia do Domínio

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

É sabido que a educação tem que ser laica, mas muitas escolas públicas têm em sua grade a disciplina de ensino religioso, sendo que algumas, claro são tendenciosas, focando mais para o cristianismo e sendo superficial nas religiões afro brasileiras e até mesmo nas religiões orientais.

O certo é instigar o aluno a pensar e a primeira questão que poderia ser levantada é: Sendo a Bíblia considerada o “Livro Sagrado”, quem escolheu as informações que constariam neste livro? Foi o próprio Deus ou os homens?

Caso a resposta seja Deus, porque os homens usaram o poder político para a montagem deste “Livro Sagrado”? É o caso do Concílio de Niceia que nenhuma instituição educacional ou religiosa ousa elucidar.

O Concílio de Niceia foi o Primeiro Concílio Ecumênico da história da Igreja Cristã, realizado em 325 d.C. na cidade de Niceia (atual İznik, na Turquia). Foi convocado pelo Imperador Romano Constantino I, solicitando aos bispos um encontro para decidirem o que constaria da Bíblia, ou seja, o que seria verdadeiro e o que seria heresia.

Observe que foi tudo uma decisão política causando a reprovação de muitos textos a aprovação de outros que convergiam com o interesse do império.

É sabido que os textos reprovados foram queimados já que seriam de difícil manipulação política, uma vez que eles eram vistos como subversivos a ponto de libertar as pessoas do controle externo, isto porque o poder centrava no povo e não nas instituições.

Assim sendo, a Bíblia pode ser vista como um mosaico de cortes e concílios, moldada pelos homens e balizada pelo poder político e religioso com intuito de controle da humanidade.

Nela está inserida a Teologia do Domínio, no qual Nietzsche explicitava que o cristianismo imposto pelas igrejas focava a moral de rebanho, visto que esta mesma teologia do domínio se baseia na alienação.

Historicamente a bíblia passou por várias reformas, principalmente na maneira como ela foi compreendida, traduzida (aqui está o grande risco de manipulação) e disponibilizada.

É sabido que foram vários concílios, várias reformas, inúmeras traduções tudo tendo como fulcro, o corte e controle.

Peguemos como exemplo algumas igrejas pentecostais que trabalham em seus fieis o medo, o Deus que pune e que é vingativo, o Deus que ajuda a quem faz mais doações, um Deus que tem suas preferências e conversa diretamente com seus pastores.

Essas igrejas trabalham a imposição violenta da fé e a teologia da prosperidade, ou seja, a crença de que o bem-estar financeiro e físico são resultados diretos da fé em Deus e uma forma de mostrar a sua fé é por meio das oferendas e dos dízimos ou até mesmo trízimos (10% do salário ou 30% do salário).

Para essas igrejas a fé simplesmente virou algo capitalizado, o que remete as ideias de Lutero quando pregava contra as indulgências, o que obviamente faltam estas informações para se explicar como surgiu o protestantismo.

Como visto no texto Educação e o Abismo de Nietzsche[1], nossos pastores enriqueceram às custas da miséria intelectual de seus fiéis o que facilitou e continua a facilitar a manobra do “rebanho” com direito a shows de teatros representado por falsos milagres, vendas de objetos santos e ungidos, o que se fosse para exemplificar, teríamos dezenas de laudas para as bizarrices vendidas por estas igrejas que infelizmente brincam com a fé de seus fiéis.

Enfim, trabalhar o conteúdo de religião em escolas públicas deveria ser uma forma de levar o aluno a criticidade e a fazê-lo entender porque ele realmente encontra-se inserido na religião que está?

Assim tem que ser a verdadeira educação de qualidade, fazer o aluno ser questionador do status quo, se não fizermos isso, estaremos apenas adestrando nossos alunos e/ou aumentando de forma exponencial a massa de manobra para esses religiosos oportunistas.

 

[1] http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/educacao-e-o-abismo-de-nietzsche

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