11/01/2022

Educação Elucidando Democracia e Cidadania

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Democracia e cidadania foram palavras proferidas como forma de acusações entre um jornal elitizado quando este elogia a reforma trabalhista, vendo-a sob o prisma da elite empresária como um marco jurídico, todavia, cabe ressaltar para toda a classe trabalhadora que ela apenas reforçou o sistema escravagista camuflado que ainda possuímos.

Esta mesma reforma destitui os direitos conquistados pelos trabalhadores, direitos estes a custos de sangue, suor e muitas lágrimas.

Esta reforma enfraqueceu os sindicatos que para muitos fascistas é visto como um movimento comunista, entretanto por lhe faltarem conhecimento de história e até mesmo o mínimo de desenvolvimento cognitivo, desconhecem que o sindicato das lutas conhecidas como movimentos ludista e do cartismo e este último fortaleceu e deu origem aos sindicatos, pois este foi um movimento mais brando em sua forma de atuação, optando pela via política e conquistando diversos direitos aos trabalhadores.

Como ressaltado no livro Introdução a Engenharia de Produção, publicado pela Visual Books em 2006 publicado por mim e pelo Alvim Antônio de OliveiraNetto, os sindicatos tiveram grandes influências na remuneração dos operários, além de cobrar dos empresários investimento de infra-estrutura, responsabilizando-os pelo bem-estar social dos trabalhadores em relação a sua saúde e á melhores condições de trabalhos oferecidos pelas "fábricas".

Ao analisarmos a história do trabalhador brasileiro, poder-se-á observar que com esta reforma o mesmo perdeu até a própria dignidade[1] ao lhe ser subtraído direitosoutrora conquistados, desta forma, quando alguém defende um olhar diferenciado sob a reforma, não implica em dizer que esta pessoa seja comunista. Ela é apenas alguém que pensa na coletividade e não no lucro exorbitante dos empresários que enriquecem à custa de uma manutenção barata e se abstendo da saúde e da segurança do próprio trabalhador.

Conforme ressaltado por Jefferson Ricardo Brito no JusBrasil, esta reforma tem o único objetivo  de favorecer o empregador, retirando a isonomia entre força de trabalho x empregador, já que embuta no empregado o medo em se buscar o que lhe é por direito, fomentando assim um risco de condenação, como sucumbente custos periciais e honorários.

Em suma, Jefferson Ricardo Brito sintetiza esta reforma ao elucidar que a mesma enfraquece a representatividade coletiva, retira do sindicato a sua principal fonte de renda, afasta a rescisão que em regra acontecia no sindicato, cria o termo quitação anual e quitação de direitos na rescisão, oferece a negociação direitos antes estabelecidos sem que nada seja obrigatório, coloca-se um sindicato descapitalizado lutando pela própria existência numa mesa junto ao sindicato dos empresários mais protegida e rica.

Observe que para a elite, existe em baixo jargão a famosa parceria "ovo com bacon" ao qual os funcionários doa o bacon e os empresários os ovos.

Esta mentalidade escravagista acompanha a elite há tempos, e são poucos os políticos que defendem e pensam no coletivo.

Assim sendo, a mídia representante desta elite, prega que tais políticos defensores da classe, não entendem sobre democracia e tampouco cidadania, entretanto, esta elite tem um conceito ultrapassado de democracia, aquele que segundo Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, que na Antiga Grécia, a sua democracia era excludente, pois excluía a absoluta maioria da população, isto é, os escravos, os jovens, os velhos e as mulheres.

Segundo o autor supracitado, a ignorância, o esquecimento e o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção dos Governos e para resguardar os direitos conquistados, os mesmos deveriam principalmente em nosso país, serem inalienáveis e sagrados.

Assim sendo, Souza elucida que a noção de cidadania, refere-se ao sujeito e está relacionada a deveres, mas, sobretudo direitos constituídos a partir de demandas por aquilo que veio a ser chamado de direitos civis (direito à vida, à liberdade, de ir e vir, à autonomia do pensamento), direitos políticos (direito de fazer parte do contrato social, isto é, de votar e de ser votado e de expressar livremente seus interesses, suas bandeiras políticas) e direitos sociais (direito de participar das distribuição da riqueza socialmente produzida).

Com base no que foi descrito  acima, cabe a educação, esclarecer sempre seus educandos para que estes não ecoem as estultices sem antes, buscar um melhor discernimento sobre o conteúdo, pois é meta desta elite ter um povo docilizado, domesticado e totalmente subalterno, e é nosso dever como educador, desenvolver todo poder de discernimento em nossos educandos para que estes por si só, possam romper as amarras da manipulação.

 

[1] Para melhores esclarecimentos, vide:

https://direito24hs.jusbrasil.com.br/artigos/490163939/12-pontos-em-que-o-trabalhador-foi-prejudicado-pela-reforma-trabalhista

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