20/03/2016

Educação Pública: A História explicando o caos

            Observando as escolas públicas, percebe-se que nosso futuro anda a passos de formiga perdida, as vezes com avanços e muitas outras com retrocessos. Em algumas das ocasiões, sendo pisoteadas pelo sistema.

            Isso nos remete a um saudosismo dos grandes pensadores da educação como Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Anísio Teixeira, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima, Cecília Meireles, e também Darci Ribeiro e Paulo Freire, sem citar outros de grande renome que tanto fizeram para uma educação pública de qualidade.

            Em 1930, apenas 30% da população em idade escolar encontravam-se nas escolas e em 1932 foi lançado o Manifesto dos Pioneiros que é considerado como o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Infelizmente ficamos só com o marco, porque a história tem se repetido.

            Um dos itens neste Manifesto propunha servir não aos interesses de classes, mas aos interesses do indivíduo, e, que se funda sobre o princípio da vinculação da escola com o meio social.

            Os educadores acreditavam que a causa principal dos problemas na educação estava na falta da determinação dos fins de educação (aspecto filosófico e social) e da aplicação (aspecto técnico) dos métodos científicos aos problemas de educação.

            Passaram-se 85 anos e a educação pública continua com a mesma falta em relação aos planos e iniciativas, determinação dos fins de educação, aplicação e métodos. Como já dizia Darcy Ribeiro ao afirmar que “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”, assim tem-se expandido este projeto por toda região brasileira.

            Se analisarmos a educação no Período Imperial, perceberemos um paradoxo que nos remeterá ao que originou o caos da educação, através de uma analogia do que ocorreu em tal época e do que ocorre em nossa atualidade.

            No Período Imperial, o Estado não reconhecia a escola como uma necessidade para se formar uma nação, e hoje, o Estado percebe a força que tem uma escola para se formar uma nação, e não deixa com que isso aconteça, a ponto de fazer um sucateando das escolas públicas, e outros meios desprezíveis como roubar a dignidade dos educadores, engessar o conteúdo programático, idiotizar seus educandos com conteúdos estéreis, nomear pseudo-educadores para funções sem critérios meritocratas, excluir disciplinas que fazem com que os alunos pensem e se tornem críticos (filosofia, sociologia, etc...), e calar as vozes que teimam em esclarecer os manipulados.

            A elite dominante quando ficou ciente do Manifesto dos Pioneiros, procurou se defender atacando os pensadores “escolanovistas” com: calunias, perseguições e fazendo apologias ao ódio, instigando a sociedade contra eles, acusando-os de ateus e comunistas, e para tal época, ter pensamentos voltados para equidade, justiça social, humanismo e protagonismo, era uma agressão ao Estado, tanto na Ditadura de Getúlio (Estado Novo) quanto no Golpe Militar, e muitos destes pensadores foram perseguidos, exilados ou deixados ao ostracismo.

            Hoje, não temos pensadores de mesmo peso de outrora, mas temos ciência de que a escola é uma agência protagônica que fomentará a cidadania, que a escola tem a obrigação de formar o cidadão para a vida e não apenas para o trabalho, e que ela também deve focar na formação integral do educando, pois será em seu ambiente que ocorrerão encontros, socializações e transformações, fazendo de seu ambiente escolar, um terreno fértil e propício para o desenvolvimento integral do educando e também um desenvolvimento mais holístico da Nação.

            Percebe-se com esta história omitida pela elite, que a preocupação com escola pública com educação de qualidade é pleiteada a tempos. Precisamos introduzir no contexto escolar um pensamento liberal democrático, defendendo a escola pública de qualidade para todos, a fim de se alcançar uma sociedade igualitária e sem privilégios, extirpando a prática da dominação com sua pedagogia dos oprimidos, com o seu câncer da corrupção.

 

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

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