19/04/2024

Educação Pública e Narrativas de Aprendizagem

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

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Narrativas de aprendizagem tem ganhado força e servido como instrumento de avaliação de forma a descrever o processo de aprendizagem do educando e também uma forma de registrar este procedimento para que ele se transforme em um documento que embasará o docente quanto ao seu método.

Para Filipe (2019)[1] é por meio da narrativa que o educando refletirá sobre pensamento, aprendizagem e transformação, enfim, as implicações que o processo ensino aprendizagem realizou em seus comportamentos/atitudes bem como a redução de distratores que inibem ou destoam do processo de aprendizagem.

Interessante trabalhar narrativa com escuta pedagógica, visto que no livro Gestão Afetiva – sistema educacional e propostas gerenciais, publicado pela WAK em 2020, elucida que uma criança para aprender, ela precisa criar um vínculo com o professor(a) e uma forma de isto ocorrer será através dessa escuta pedagógica, isso porque as demandas efetivas, físicas, sociais e cognitivas não se excluem, elas simplesmente coexistem.

É neste tipo de escuta que o docente desenvolverá em seu aluno a autoestima e a acreditar em si mesmo. Uma vez que a escuta não se limita ao campo da fala, ou seja, ela se baseia nos detalhes que o aluno não disse, mas expressou seja conscientemente ou inconscientemente através de sua linguagem corporal.

Filipe (2019) elucida que as narrativas estabelecem um forte elo entre as partes envolvidas como educando, família, docência e escola.

Cabe observar que uma narrativa difere muito do discurso que se limita a um falar sem contexto e sem agregação ao processo ensino aprendizagem.

Na narrativa tem implícito o sentimento de pertencimento quando o educando é auxiliado a ter coragem e curiosidade para encontrar um interesse, discernir e explicitar; bem estar que remeterá o educando a um local seguro e confortável, inspirando confiança para se envolver e se entregar ao processo de aprendizagem; perseverança para perceber que incertezas e dificuldades serão comuns no dia a dia, mas que a perseverança dará ânimo para o total enfrentamento; a comunicação é uma das partes mais efetivadas, já que é pela narrativa que o educando conseguirá expressar suas ideias e toda narrativa contribui com o processo de justiça, equidade e disposição para compreender e respeitar o ponto de vista do outro e em concomitância as diversidades.

Andrade em seu texto O papel das narrativas na aprendizagem da docência: um enfoque no aspecto das interações humanas, publicado pela Rev. educ. PUC-Camp., Campinas, set./dez., 2013, complementa ao afirmar que a narrativa tem sido um norte para o cenário da pesquisa educacional sendo vista também como instrumento de investigação e experiência humana, já que ela produz sentida à experiência bem como investiga a experiência além de trabalhar estas duas perspectivas.

Sabendo que somos indivíduos, com nossas especificidades, historicidades e singularidades nas narrativas, ela então passa a ser vista como uma prática social do sujeito visto como indivíduo para o sujeito participante de um coletivo.

Dito isso, que a educação pública possa romper o seu modelo tradicional do discurso do professor no qual ele fala e os discentes escutam e anotam suas informações, para um diálogo por meio das narrativas, vivências e aprendizagens.

 

[1] FILIPE; Mariana Sofia Tudela. Narrativas de Aprendizagem. ESEC – Escola Superior de Educação. Instituto Politécnico de Coimbra. Mestrado em Educação Pré-escolar. 2019. Disponível em: <https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/31159/1/MARIANA_FILIPE.pdf>

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