19/07/2016

Educação Pública e Zona de Conforto

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            Uma das funções da educação é fazer com que o cidadão saia da zona de conforto em que se encontra. Giles em sua obra Filosofia da Eduação, publicado em 1983 pela Editora EPU afirmava que o processo educativo deveria levar o educando a tomar consciência de seus interesses e dispô-los a defendê-los, e isso implica em dizer que o mesmo deveria sair da zona de conforto a qual se encontrava e fazer com que as mudanças acontecessem. Para o autor, esta atitude faria com que o educando deixasse o sujeito alienado e se tornasse um sujeito protagônico e crítico.

            A nossa educação pública tem deixado seus educandos em uma completa zona de conforto, não se incomodando com nada, totalmente alienado e com uma completa uma obediência servil.

            Quaisquer explicações infundadas cravadas por falácias, bem ditas por verdadeiros oradores com bom senso de persuasão, simplesmente iludem uma massa formada por uma grande maioria sem um mínimo de conhecimento relevante para o seu protagonismo.

            Podemos ter como exemplo, a Lei 13.290 que foi sancionada pelo "governo" e pode ser vista como um paradoxo. De acordo com o Contran, "o sistema de iluminação é elemento integrante da segurança ativa dos veículos; as cores e as formas dos veículos modernos contribuem para mascará-los no meio ambiente, dificultando a sua visualização a uma distância efetivamente segura para qualquer ação preventiva, mesmo em condições de boa luminosidade", ele não nos informa que este mascaramento implica em um erro nos radares em cerca de 40 a 50%, e com essa lei de obrigatoriedade, faz com que o farol funcione como ponto de referência, minimizando este erro em 2%, aumentando consequentemente o faturamento das indústrias de multas em aproximadamente 48%.

            Se refletirmos, é uma boa medida a ser tomada em tempo de crise, ou seja, é apenas mais uma lei a beneficiar um grupo elitizado cercado de privilégios, assim como aconteceu com o Kit de primeiros socorros e os extintores de incêndios.

            Tal medida reforça um forte dito popular ao aduzir que a lei é feita para beneficiar quem a fez e a seus amigos apenas.

            Nietzsche foi certeiro ao dissertar sobre a caixa de pandora e se analisarmos com muita atenção perceberemos que foram milhões de caixas entregues a nós brasileiros, pois não perdemos a esperança e tampouco fazemos algo para mudar a realidade e sair dessa zona de conforto e não enfrentarmos as imposições para manterem o status quo da alienação que fortalece cada vez mais a corrupção.

            Como era explanado por Freire, o maior erro está na falta de análise e autocrítica e com esta nossa educação pública moribunda, nossos educandos não tem desenvolvido aptidões necessárias para fazerem uma análise crítica da situação. São seres completamente "inocentes e manipuláveis", totalmente docilizados pela sociedade.

            A nossa educação pública não tem causado um devir em nossos alunos, tem causado apenas uma conservação, servindo como instrumento de opressão e não libertação. Opressão não no sentido violento em si, mas não deixa de ser uma violência maquiada, pois ela aniquila toda perspectiva do educando, tolhendo-o e roubando sua dignidade, fazendo-o que continue em sua zona de conforto.

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