Educação Pública na Corda Bamba de Sombrinha
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br
Em uma palestra ministrada por mim, intitulada Escola e Democracia: Fundamentos Políticos e a Realidade Brasileira que aconteceu no I Encontro UNINTER de Educação e Sociedade em 18/05/2016 no Polo de Congonhas MG, foi possível fazer o público perceber que realmente a Educação Pública anda na corda bamba de sombrinha e nós professores somos os verdadeiros artistas dando continuidade ao show, que neste caso é mais para show de horrores.
Os compositores João Bosco e Aldir Blanc talvez não imaginavam que tal composição poderia retratar a educação pública brasileira e a sua dura realidade.
Cabe aqui perceber os “porquês” de uma educação assim. Temos leis que já foram aprovadas em alguns Estados, uma delas é a lei que punirá o professor em opinar em sala de aula. Temos projetos que punirá também o professor que fizer a prática da doutrinação ideológica, enfim, eles fazem leis de todos os tipos para sempre punir o professor, nunca para incentivar a prática de alguma ação que leve o educando a um protagonismo.
Como não poderemos fazer a prática de ideologia partidária ou opinar, o que nos restará? Também sou contra um professor emitir uma opinião ancorada em um achismo permeada pelo preconceito. Sou a favor de uma opinião respaldada nos fatos, na verdade, no conhecimento e na ciência.
Anulando a nossa fala, nos restará apenas repetir mantras para arrastar multidões de idiotas que servirão de manobra para esta elite corrupta e esmagadora.
Caberá a nós educadores convencer todo o corpo discente de que realmente o Brasil é um país no qual a democracia se faz valer, o que seria uma falácia, visto que nosso país tem flashes de democracia, ou seja, não somos 100% democráticos, e isso já percebemos com a atual política.
Este discurso outorgado ao professor se limitará a um mero discurso instituído por um secretário e/ou ministro de educação por meio de seus livros didáticos direcionados apenas aos imbecis que representam a maioria dos brasileiros que tiveram o seu livre arbítrio roubado.
Como podemos ter um país democrático se a força policial se faz presente de forma truculenta nas manifestações por melhores condições de trabalho? Como poderá acontecer democracia se esta mesma força policial aliada a elite pútrida agride professores e alunos? É sabido que a violência policial ameaça constantemente a democracia.
Cabe ensinar aos alunos que democracia deriva da palavra demos que tem significado de povo, ou seja, o povo detém o poder soberano. Nesta simples palavra, estão inseridos os princípios e práticas que protegem a liberdade humana, como liberdade de expressão, de religião, liberdade cultural, política e proteção legal e isonômica, mas a isonomia em nossa democracia é uma palavra sem significado e significância.
Com a verdadeira democracia, teremos um Estado democrático e então combateremos a desigualdade social, e de desigualdade social, nós entendemos bem, pois dos 20 países da América Latina, estamos em 15ª posição no IDH que é o Índice de Desenvolvimento Humano que tem uma de suas variáveis a educação, justamente ela que está sendo inibidora para construção de um cidadão crítico e protagônico.
Ah... como eu queria morar mesmo em um país em que a democracia fosse vivenciada a cada momento. Como seria bom ver um governo eleito pela maioria, governar para a maioria e não para esta minoria elitizada.
Esta palavra democracia traz inserida em si outras palavras, que são igualdade, respeito e liberdade, e estas mesmas palavras, nas falas de políticos hábeis, são distorcidas e descaracterizadas, então a democracia deixa de ser democracia e passa a ser comunismo, termo odiado por políticos corruptos e corruptores que infelizmente representam a maioria do que estão no poder, como um câncer a proliferar e contaminar as células boas.
E assim vai a educação pública, caminhando em corda bamba de sombrinha com o sistema balançando cada vez mais esta corda, e nós professores, estamos como artistas palhaços a aceitar tudo com uma subalterna domesticação, oferecendo ao nosso corpo discente uma educação cada vez mais idiotizadora.