26/01/2016

Educação Pública: Sonhos de Ícaro

            A educação pública é como asas de Ícaro, quanto mais alto se vai, maior é o risco iminente. Veja como exemplo, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro dentre outras cidades e/ou Estados que tiveram os professores e/ou alunos alvejados, oprimidos e massacrados pela força policial a pedido do Sistema corruptor e totalmente falho.

            O sistema se encarrega de derreter nossas asas como o sol derrete a cera. O sistema se encarrega de calar a educação, de calar o educador e de manipular quem na verdade deveria ser apoiado.

            Nós educadores ministramos nossas aulas sem uma ação concreta, divergindo significado do significante e com isso, encontrando-nos engessados por manipuladores oportunistas, corruptos e corruptíveis, em que ética é apenas uma palavra com cinco letras e sem significância, apesar de seu significado forte e relevante.

            Apesar de muitos educadores relutarem, a educação pública não faz mais que alienar seus educandos, tirando toda individualidade e consciência crítica, levando a uma perda de dignidade e a uma domesticação subalterna, pois é isso que nós educadores temos feito, uma docilização do cidadão, assim, fica fácil sua completa manipulação a aumentar cada vez mais a massa de manobra para um sistema educacional amparado em falácias, "firmes como castelos de areia".

            A cidadania consciente, ativa e protagônica passa a ser surrealista, uma quimera almejada por educadores "subversivos". Um educador que não se adéqua ao sistema, é levado ao ostracismo e calado de forma sutil por pseudo-educadores que representam o câncer da educação a manipular tudo e todos para que este poder possa se enraizar cada vez mais.

            As escolas hoje simplesmente, se tornaram fábricas de diplomas, fazendo valer números para iludir uma sociedade formada por uma massa de fácil manipulação, isso porque o pensar nestas escolas não é cultivado. A criticidade é ignorada, o humanismo é um fator raras vezes secundário quando não ignorado, e o protagonismo é uma palavra com significado apenas nos dicionários e jamais vivenciadas pelos educadores e tampouco pelos educandos.

            Percebe-se que o humanismo deveria ser um dos focos da educação, pois a humanização é um processo que confirma ao homem aqueles traços que reputamos essenciais, como por exemplo o exercício da reflexão, aquisição do saber, a boa disposição para o próximo, a capacidade de penetrar nos problemas da vida e assim mudar o seu entorno através de uma ação concreta e um protagonismo.

            Nossa educação pública tem sido divergente de uma ação libertadora, pois ela tem deformado a necessária criatividade de nossos educandos.

            Cabe perceber que o ato de ensinar deve ser um processo intencionalmente aplicado por uma sociedade para que os indivíduos desta mesma sociedade possam realizar os ideais aprovados por ela, sem desconsiderar as faces distintas da educação que é o desenvolvimento físico e psíquico do indivíduo.

            O ensinar não pode abrir mão de seus três níveis que são psicopedagógico, sociopedagógico e biopedagógico.

            No primeiro nível temos o comportamento educando x educador, no qual se faz valer a preocupação de fazer o informação semântica chegar ao receptor-educando, e neste ciclo, trabalha-se o educando em seu ambiente psicossocial, motivando-o e fazendo-o ser um bom receptor e criador de seu próprio conhecimento, mostrando que sua força interior é mais influente que as pressões sociológicas.

            No nível sociopedagógico deve-se analisar as pressões vividas pela sociedade o excesso das informações no qual muitas destas sequer tem um teor relevante para o desenvolvimento cognitivo de nossos educandos, o que servem apenas para iludibriar uma sociedade considerada pelos manipuladores como "sociedade inferior, povão" que é formada pela grande maioria da população brasileira.

            No terceiro e último nível, temos o fator biopedagógico no qual faz com que a educação preocupar-se com o lado da doença, da miséria e da completa abstinência.

            Assim vai caminhando nossa educação pública, com publicidades baseadas em uma nunciopolítica que é uma área de estudo da Ciência Política voltada para comunicação política, ou seja, é uma comunicação política que representa mensagens voltadas para o poder, o que implica nos dias de hoje, em uma manipulação da informação pelas mídias na maioria das vezes, televisivas.

            Cabe a nós educadores, aumentarmos o número de "subversivos" do sistema e assim, somarmos forças para transformarmos a educação baseada em falácias em uma educação de qualidade e assim almejarmos vôos cada vez mais altos e sermos verdadeiros Ícaros.

Autor: Wolmer Ricardo Tavares - wolmertavares@gmail.com

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