22/08/2016

Educação Tamareira

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            Reza a lenda que quem planta tâmaras não colhe tâmaras, pelo simples fato de sua árvore conhecida como tamareira levar de 80 à 90 anos para dar seus primeiros frutos.

            Certa vez um jovem encontrou um senhor de idade plantando tâmaras e logo perguntou: porque o senhor planta tâmaras se o senhor não vai colher? O senhor respondeu: se todos pensassem como você, ninguém comeria tâmaras.

            A educação de qualidade não é uma tamareira, mas também demora dar frutos. Ela é um investimento de no mínimo 20 anos para surtir efeito na sociedade, e com isso, encontramos políticos como o referido menino do texto acima percebendo que não valerá a pena semear esta educação, já que a mesma não dará frutos de imediato.

            Outro fator que não pode ser desconsiderado, é que para as sementes germinarem, necessitarão de um terreno fértil e de bons agricultores, o que metaforicamente podemos fazer uma analogia com a Educação. Temos boas sementes? Temos terreno fértil? Temos bons agricultores (educadores)?

            Podemos ser otimistas e responder sim a todos questionamentos acima, mas em geral, esquecemo-nos da variável política, ou na maioria dos casos, político. Ele pode ser visto como a erva daninha que irá sufocar a semente, o Sol escandante que irá desidratá-la ou frio congelante para endurecer o solo. Enfim, este político sem pudor, fará de tudo para que sua política corrupta e corruptora esterilize as sementinhas que representam o futuro da nação.

            É ressaltado por Adair em seu livro Liderança para Inovação: como estimular e organizar a criatividade para sua equipe de trabalho produzir ideias inovadoras, publicado em 2010 pela Clio editora, que nenhum agricultor lança suas sementes em solo duro, congelado e improdutivo. É preciso preparar o caminho da mudança.

            Este ser ignóbil com o poder da Máquina do Estado, manipulará o meio para não ocorrer a tal mudança. Ele iludirá a sociedade, passando-se por uma pessoa preocupada com a educação. Obvio que esta preocupação existe, entretanto esta diverge da preocupação da sociedade, isso porque a sua preocupação se resume em perceber que se o investimento realmente acontecer, os seus dias no poder estarão contados, e por este motivo, estes políticos nunca deixarão as sementes se transformarem em frondosas tamareiras.

            A ideia das crianças serem sementinhas já existia em passado remoto. No século XIX, o educador infantil Friedrich Frobel implantou suas ideias sobre os Jardins de Infância “Kindergartens”. Para Frobel, as crianças tinham que ser vistas como sementinhas e se fossem adubadas e expostas sob condições favoráveis, elas desabrochariam em um clima de amor, simpatia e encorajamento. Claro que essas plantinhas receberiam outros tratamentos para ficarem firmes com suas raízes profundas e não se abalarem pelos intempereis.

            Assim deveria ser nossa educação de qualidade. Um processo cíclico que resultaria sempre em uma educação pela vida e para a vida, preparando nossos jovens a um protagonismo cognoscente e crítico.

            Nossa educação precisa ser cultivada com ações que não refletem apenas nessa politicagem suja e nefasta, mas que seja uma semente que refletirá em um futuro promissor com mais equidade e respeito entre as pessoas.

           No momento o tempo é de semear para que nossos netos possam colher os frutos doces desta semeadura.

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