Educação, uma Analogia com o Futebol
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br
A ideologia leva ao fanatismo que desencarrega o genocídio dentre outros males a sociedade.
O atual governo acredita que assim como o estudo da sociologia, a filosofia é algo inútil a nação brasileira, entretanto, podemos refutar esta fala com os argumentos de Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996. Para a autora, uma das funções da filosofia é justamente desvelar a ideologia e a forma de se manter a dominação. A autora reforça que é desvelar o que encontra-se encoberto pelo costume e camuflado por uma falsa ideologia.
Assim sendo, Aranha é enfática ao ressaltar que para filosofar exige coragem, pois não se trata de um exercício puramente intelectual, já que a descoberta da verdade implica na aceitação do desafio de mudar buscando coragem para enfrentar o poder que mantém o status quo.
Lembrando que 75% dos brasileiros não possuem o domínio pleno da leitura, cabe aqui fazer uma analogia da educação com o futebol, já que o futebol é uma paixão quase nacional.
Quando um time tem um péssimo técnico, isso faz com que os jogadores deste, encontrem o caminho da vitória por meio das jogadas individuais, e isso não será diferente com a educação pública brasileira.
As universidades são os times e o ministro representa a atual CBF que é o o órgão dirigente máximo do futebol no Brasil; e para complicar, este responsável pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) simplesmente caiu de pára-quedas por indicação de uma pessoa que não tem experiência alguma com educação pública, acredita na teoria do terraplanismo (que implica em negar a teoria do heliocentrismo, espaço sideral e até mesmo a força da gravidade) e afirma que não existe combustível fóssil, sem dizer que é considerado filósofo por muitos.
As duas indicações feitas por este guru foram totalmente equivocada e ambas sem qualquer experiência com o ensino público de base, sendo que o atual ministro, veio justamente para corrigir falhas deixadas pelo anterior, entretanto, fez valer o velho jargão de que não se faz remendo em roupa velha com pano novo.
Hoje, temos como ministro, uma pessoa formada em economia que não consegue explicar uma simples conta de porcentagem, o que o faz ir para os 75% de analfabetos funcionais citado acima.
Interessante perceber que ao tentar explicar que entre 100 bombons, o corte (chamado por ele de contingenciamento) seria o mesmo que pegar apenas 3 bombons mais a metade de outro, ou seja, 3,5%.
Sorte ou azar dependerá do ponto de vista aqui, que Abraham Weintraub foi justamente nomeado para ministro da educação e não da economia. Imagine o que seria do Brasil se este indivíduo fosse o ministro da economia?
É justamente por termos pessoas incapacidades na educação pública como ele é que faremos como jogadores de futebol com suas jogadas individuais. Criaremos nossas jogadas e filosofaremos fazendo com que nossos alunos percebam a importância em se pensar, e fazer pensar não tem relação alguma com ideologia política.
Assim sendo, podemos reforçar as falas acima com Gallo em seu livro Ética e Cidadania: caminho da filosofia: elementos para o ensino da filosofia, publicado pela Papirus em 2003 quando ressalta que ideologia nada mais é que a realidade falseada com o intuito de convencer as pessoas, e dito isso, o autor afirma que o sucesso da ideologia está intrinsecamente ligado com o processo de alienação de seu povo.
Harari, em seu livro: Sapiens - Uma Breve História da Humanidade, publicado pela L&PM em 2016, acrescenta que ou as ideologias são ingênuas, ou servem como uma camuflagem hipócrita para o nacionalismo bruto e para a intolerância; posto isso acreditem, não existe uma ideologia ingênua no meio político.
Assim sendo, com o corte de 30% que para um ministro da educação formado em economia que erroneamente afirmou ao vivo que esta grandeza equivale apenas a 3,5%, fará com que universidades públicas em todo país encerrem suas atividades antes mesmo de fechar o ano letivo. Algumas já anunciaram que não terão verba para darem continuidade depois de setembro, fazendo com que milhares de alunos fiquem sem estudar, causando transtornos sem precedentes a toda nação.
Dito isso, vamos valorizar as jogadas individuais e tentar marcar os gols necessários para que nosso ensino público saia da lanterna, já que se dependermos de técnicos estaremos fadados ao rebaixamento.