Egotismo Crasso

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

            A educação é a pedra angular da sociedade e é uma ação intencional. Através do sistema educacional a mesma pode desenvolver a sociedade para uma redenção, reprodução ou transformação, como visto em textos citados no livro Educação um ato político publicado pela Autografia em 2019.

            A educação vista como redenção da sociedade visa agentes domesticados e subalternos.

            A educação vista como reprodução da sociedade, objetiva criar um gado de manobra com base em sua alienação, ou seja, verdadeiros soldados acéfalos, desprovidos de comando, autoridade e controle.

            Quando a educação está voltada para a transformação da sociedade, os verdadeiros educador se empenha, dando o máximo de si,  trabalhando de forma concomitante conteúdos significativos para seus educandos e desenvolvendo nestes um protagonismo cognoscente, levando-os também a uma cidadania crítica que "desopaciza" a realidade e desmascara a hipocrisia social.

            Esta pandemia serviu para realçar um termo nada conhecido por nossos educandos e também por alguns educadores, que é o egotismo.

            Esta palavra representa um sentimento exagerado da própria personalidade, do próprio valor, subjugando vidas em nome desta arrogância e colocando em risco milhares de pessoas que no seu contexto nada representam.

            O título deste texto demonstra como é grande a imbecilidade de nosso governante, e como é crasso a sua ação. Para melhor entendimento, um erro crasso é algo inadmissível para a posição em que a pessoa ocupa e o que ela representa para os outros.

            O verdadeiro conhecimento serve para colocar em dúvida o próprio conhecimento, é como o paradoxo socrático, quando o filósofo Sócrates afirmou "Só sei que nada sei".

            A citação acima reforça as falas de Morin, ressaltada por Neiva em seu livro Lições Aprendidas, publicado pela Editora Universidade em 2006. Segundo o autor, a "educação deve mostrar que não há conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão".  

            Em nossa atual conjuntura política, e de pandemia que ceifará milhares ou até milhões de vidas em todo o mundo, a desinformação em nosso país ganha mais força, e alguns fanáticos ao invés de esquecer ideologias que engessam o humanismo e o pouco de humanidade que resta em nós seres humanos, buscam formas para fomentar e propagar o medo, a intolerância e consequentemente a discórdia.

            Não é um momento para brigas políticas e sim para vermos os exemplos que estão saltando em nossos olhos (Itália, Espanha, Portugal, etc) e acreditar na importância do isolamento social.

            Para muitos alienados, isso é só uma gripezinha que pegará uns aqui e uns velhinhos ali, e ressaltam a importância do não isolamento social, mas cabe ressaltar que nem todos são atletas como nosso presidente, e faz-se mister lembrar que o Brasil é o país com o maior índice de sedentarismo na América Latina.

            De acordo com a Agência Brasil[1], 47% da população brasileira não praticam atividade física suficiente para se manter saudável, isso implica em dizer que segundo dados do IBGE, o Brasil tem 210,1 milhões de habitantes, e este percentual acima, representa mais de 98 milhões de brasileiros sedentários.

            Outra pesquisa aponta para o número de idosos, e ressalta que são pessoas com idades a partir de 60 anos, está informação é de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)[2] e o Brasil tem mais de tem mais de 28 milhões de pessoas nessa faixa etária.

            Outra pesquisa que tem que ser levada em consideração foi realizada pelo Ibope, quando ressalta que 44% dos brasileiros sofrem com problemas respiratórios, e segundo esta pesquisa nacional tais problemas estão relacionados a asma e bronquite crônica.

            Obviamente não é preciso fazer as contas aqui, pois a população que tem problemas respiratórios podm fazer parte também da população sedentária e de idosos o que poderia ser visto como algo apelativo e a intenção não é esta, é apenas ver a importância da pesquisa e da ciência e não se basear em especulações.

            Apesar de termos um presidente que não dá crédito a ciência e fica no achismo tirando conclusões próprias através de sua anamnese que ressalta o seu vigor atlético, que agudiza o seu egotismo crasso, não percebeu que tal atitude está colocando em risco a vida de milhões de brasileiros.

            Assim sendo, cabe a educação ser direcionada para a transformação da sociedade, pois nos dias de hoje, estamos colhendo os amargos frutos da educação redentora e reprodutora.