17/11/2017

ENEM, o Filtro da Exclusão

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br         

 

   O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é algo antagônico. Para alguns, ele representa o sonho de um futuro promissor e para grande maioria, a exclusão e a certeza de que o aluno será apenas mais um na base da pirâmide social, principalmente para um aluno oriundo de uma escola estadual.

            Sabe-se que neste ano foram 6,7 milhões de inscritos, um valor bem abaixo do que foi em 2016, que representou uma queda de 2,5 milhões de inscritos. Muitos poderão falar que é apenas uma conseqüência da queda de números de estudantes no país, decréscimo de número médio de filhos nas famílias e/ou até mesmo ao envelhecimento populacional, mas estes dados todos com intervalo de um ano apenas chegam a ser questionadores, desta forma, pode-se até dar certa credibilidade as variáveis acima, mas não de forma que reduza em 18,7% o número de inscritos.

            Interessante ressaltar que as primeiras 50 instituições de ensino bem colocadas no ENEM são quase todas de âmbito privado e algumas outras federais, e que este exame tem servido de publicidade em muitas redes sociais, ou seja, o ENEM está tornando-se uma ferramenta de competição entre as instituições educacionais.

            Futuramente perceberemos que o valor de uma instituição será baseada também na sua classificação quanto ao Exame Nacional, já que este será o grande diferencial mercadológico, visto que infelizmente a educação se tornou uma mercadoria.

            Assim sendo, as escolas públicas ficarão as sombras no ENEM a continuar preparando seus alunos para comporem cada vez mais a base da pirâmide social.

            Acontecerá o obvio. As melhores notas serão dos alunos das escolas elitizadas e que irão para as melhores universidades (em sua maioria Federal), e optarão por cursos de grandes prestígio social como Medicina, Odontologia, Arquitetura, etc, e os alunos de escolas públicas ficarão com as faculdades privadas, que se preocupam em números de matrículas a engordarem cada vez mais seus cofres, fazendo do diploma a moeda de troca, e assim, aumentando o número de analfabetos funcionais com diplomas de curso superior, tendo futuramente uma frustração por ter conseguido terminar uma faculdade e saído com menos conhecimento que um técnico.

            Triste realidade de nossa sociedade que aceita a subalternidade e encontra-se totalmente alienado quanto as mudanças.

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