ENSAIO SOBRE EDUCAÇÃO OU DESABAFOS MESMO!
MARINHO CELESTINO DE SOUZA FILHO[1]
No Caminho, com Maiakóvski
(Fragmento)
Tu sabes,
Conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam nas flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Esse texto, sobre o ponto de vista de sua construção, não pretende ser científico, aliás, o que seria um texto científico?
Seria um texto embasado na verdade? Na mentira? E o que é a Verdade? O que é a Mentira? Na ABNT? Ou nos critérios textuais previamente estabelecidos pela Linguística Textual: com princípio, meio, fim, coesão, coerência, informatividade, progressão, não-contradição, linguagem objetiva, verbos na terceira pessoa do singular ou do plural ou ainda com uma proposta de intervenção social inserida ao final do texto?
Inclusive essa tal proposta de intervenção que antes não existia numa estrutura de um texto dissertativo, hoje é cobrada e tornou-se moda pelo “famoso” ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio sobre o qual tratarei a posteriori, mas, voltando à proposta desse texto, esse texto não pretende ser científico, pois, não me julgo um cientista, sou apenas mais um professor querendo desabafar, aliás, antes mesmo de eu escolher o título desse texto, me lembrei de Clarice Lispector, A Hora da Estrela, em que essa autora propõe para o título dessa obra mais de uma dezena de títulos possíveis, incluindo A Hora da Estrela, que, talvez, por se tornar mais popular e por que não dizer até mais poético, ficou assim popular e oficialmente conhecido.