Escola de Tempo Estendido ou de Tempo Integral?

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

Estamos chegando em época de eleição e todos sabem que educação é um dos braços fortes que puxa voto para quem faz promessas, diga-se de passagem, o importante é prometer e fazer com que as pessoas acreditem, fazendo uso assim da pura demagogia.

O fato é que, infelizmente a educação se não for bem policiada, é o local ao qual acontece as maiores fraudes em licitações e desvio de recursos públicos[1] e infelizmente pessoas com fortes desvios de caráter são as mais indicadas para cuidarem da pasta Educação.

Que o nosso sistema educacional é falho e é de forma intencional, ninguém tem dúvida disso, por sorte, temos vários docentes que instigam o público a pensar, questionando o status quo.

Infelizmente já vi vários professores, inclusive historiadores defenderem o indefensável como o golpe militar e até afirmarem que nunca tivemos ditadura e que tivemos na verdade foi uma revolução militar e que as coisas neste período foram melhores para a população.

Infelizmente as imbecilidades tem voz e CPF, todavia a história não pode ser manipulada como tantas outras foram, enfim, por sorte temos professores que conhecem a história e não se intimidam a dar o seu depoimento, como o caso do professor e historiador Jones Manoel da Silva que com uma de suas enfáticas falas esclarece diferenças entre escola de tempo estendido e escola de tempo integral[2].

Obvio que todo professor que se preze não se fundamenta no achismo e sim na história, na ciência e em evidências, assim sendo, em suas falas ele aborda os principais protagonistas da escola de tempo integral que foram dois grandes nomes na política brasileira e também na educação: Leonel Brizola e Darcy Ribeiro que na década dos anos 80 implementaram o projeto de escola de tempo integral denominado CIEP, ou seja, Centro Integrado de Educação Pública.

Este projeto teve como fulcro a redução da desigualdade social por meio de uma formação integral do educando, com inclusão de atividades culturais, esportivas, lazer, acompanhamento psicológico, assistência social, enfim, todo o suporte para o educando que se encontra em vulnerabilidade social não se sinta aliciado pelas drogas e tampouco pelo crime.

Como ressaltado por mim no Livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019, a escola em tempo integral tem que contemplar todo o meio social, emocional, psicológico, físico, afetivo e cognitivo de nossos educandos, mas muitas escolas sequer têm suas estruturas adequadas para tempo integral e não passam de um espaço ao qual as crianças ficam a esmo sobre conteúdos estéreis aumentando exponencialmente a massa de manobra.

Como ressaltado no texto De Educação Integral a Depósito de Estudantes? Publicado pela Revista Gestão Universitária em maio de 2015[3], a escola de tempo integral era a verdadeira Paidéia dos gregos antigos, ao qual buscava um cidadão virtuoso e completo, abrangendo aspectos físicos, intelectuais, morais e estéticos e este modelo tinha inspiração nos heróis de Homero que trabalhava a excelência humana por meio de disciplinas como ginástica, gramática, retórica, música e filosofia além de liderança e participação da vida na pólis (cidade-estado).

Observe que a escola de tempo integral difere muito da escola de tempo estendido erroneamente chamada de integral, isso porque não basta aumentar o tempo de permanência do aluno nas escolas, mas sim, aproveitar ao máximo este fator tempo para que o educando possa se transformar e sair de mero expectador para protagonista cognoscente.