21/11/2023

ESCOLA, LEITURA E A FORMAÇÃO DE LEITORES PARA UMA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

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ESCOLA, LEITURA E A FORMAÇÃO DE LEITORES PARA UMA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

DE SOUZA, Letícia Prado.[1]

CARDOSO, Katia Silva.[2]

FERNANDES, Diovana Lopes Rodrigues.[3]

ALENCAR, Leila Catherine da Silva.[4]

DE BRITO, Ana Claudia.[5]

RESUMO

Frente à relevância em formar sujeitos leitores dentro do contexto social em que nos inserimos, é papel relevante e indispensável da escola no que tange a promoção de ambientes propícios para esta prática. É possível perceber que diante ao avanço das tecnologias de informação e comunicação, a leitura tem se tornado cada vez mais escassa, no que diz respeito à leitura profunda, contínua e de significância. O livro persiste como elemento essencial à sobrevivência intelectual no mundo contemporâneo. São inquestionáveis as relações entre escola e leitura, uma vez que para ter acesso à segunda, necessita-se ter acesso à primeira, não de forma excludente; mas, de maneira complementar. Os escritos que aqui se expõem, buscam evidenciar a crescente necessidade do retorno da leitura de significância; da leitura profunda e constante como ato de resistência e sobrevivência. Além do papel indispensável do professor como um mediador desta leitura de significado.

Palavras Chave: Leitura. Sujeitos. Formação de leitores.

 

ABSTRACT

Given the relevance of training reading subjects within the social context in which we operate, it is a relevant and indispensable role of the school in terms of promoting environments conducive to this practice. It is possible to notice that, given the advancement of information and communication technologies, reading has become increasingly scarce, in terms of deep, continuous and meaningful reading. The book persists as an essential element for intellectual survival in the contemporary world. The relationships between school and reading are unquestionable, since to have access to the second, one needs to have access to the first, not in an exclusive way; but in a complementary way. The writings presented here seek to highlight the growing need to return to the reading of significance; of deep and constant reading as an act of resistance and survival. In addition to the indispensable role of the teacher as a mediator of this reading of meaning.

Keywords: Reading. Subjects. Reader training.

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INTRODUÇÃO

      Vivemos em um mundo que exige cada vez mais, conhecimentos elaborados e que sejam construídos sobre bases sólidas de um contexto dinâmico, fluido e complexo. Segundo Casimiro (2007), desde o ápice da educação formal no século XVII, uma das preocupações educacionais brasileiras era a leitura. Embora no contexto da época, as “escolas” ainda não existissem na colônia, é possível reconhecer que os colégios jesuíticos exerceram o papel de ensinar a ler, escrever e a doutrina cristã, bem como conhecimentos elementares para o ingresso ao ensino superior na metrópole.

      Ou seja, percebe-se que a leitura desde o início mais remoto da educação brasileira, sempre esteve no rol de discussão entre estudiosos, professores, alunos e teóricos preocupados com os caminhos e descaminhos da educação. A leitura é uma ferramenta indispensável para a convivência em sociedade, bem como, para descortinar novas fronteiras do saber, e em alguns casos fora dela; como por exemplo, a leitura descompromissada de mundo, onde só é possível perceber o mundo que nos cerca a partir da leitura e interpretação espontânea e conjuntural.

      Segundo Lajolo (2002), em nossa sociedade existe uma divisão desigual de bens e de lucros, o que nos leva assertivamente inferir que esta desigualdade é similar também quanto à distribuição de bens culturais, o que em sua maioria é mediada pela leitura; habilidade que não está ao alcance de todos, nem mesmo de todos aqueles que foram à escola, ou que ainda estão dentro delas.

      A ausência da leitura acaba sendo frente às exigências, uma forma de exclusão educacional e social; uma vez que como expressão estética necessária à sobrevivência, ela se materializa como manifestação da vida contribuindo de forma inegavelmente significativa para a formação do sujeito. Tornou-se comum ouvir de alunos e professores de todos os níveis, sem gradação, queixas tais como: “eu não sei ler”, “eu leio, depois de meia hora, não lembro mais”, “eu não entendo o que eu leio”, “meu aluno não sabe ler”, “meu aluno lê, mas não entende”, “meu aluno é analfabeto funcional”. Tais preocupações apresentam discrepâncias, particularidades e necessidades distintas, que precisam ser analisadas em seus contextos únicos.

      A afirmação: “meu aluno é analfabeto funcional” se tornou tão comum, que já chegamos a dizer que “nossos alunos saem das escolas, analfabetos funcionais”. No entanto, minha pergunta a você leitor, é a seguinte: O que foi feito até o último instante para que este aluno não saísse da escola, analfabeto funcional? Aqui eu deixo a inquietação que irá ser discutida ao longo deste artigo; a qual versa sobre o que é efetivamente ‘leitura’, como formar esse tal ‘leitor’, e até que ponto a escola está preparada para não utilizar mais a fala acima citada.

      Embora educadores compreendam que a leitura não só amplia como diversifica as visões e interpretações do sujeito sobre o mundo e da vida como um todo, ainda é percebível que os problemas relacionados à leitura são sérios, gerando consequências desastrosas no caminhar educacional dos indivíduos; resultando profissionais desmotivados, fragmentados, segmentados e fatalmente inúteis para as exigências contemporâneas.

      Felizmente, dispomos de práticas pedagógicas díspares para promover um processo de ensino e aprendizagem estimulante e significativo para nossos educandos, porém, é necessário que compreendamos as finalidades da educação, bem como a promoção da leitura dentro das instituições, como forma de emancipação do ser humano e via de acesso para conviver em sociedade. Conforme observa Lajolo (1996, p. 28):

A leitura é, fundamentalmente, processo político. Aqueles que foram leitores – alfabetizadores, professores, bibliotecários – desempenham um papel político que poderá estar ou não comprometido com a transformação social, conforme estejam ou não conscientes da força de reprodução e, ao mesmo tempo, do espaço de contradição presentes nas condições sociais da leitura, e tenham ou não assumido a luta contra àquela e a ocupação deste como possibilidade de conscientização e questionamento da realidade em que o leitor se insere (LAJOLO, 1996, p. 28).

      Desde o momento em que a educação pautou como assunto de primordial importância para o desenvolvimento da sociedade, muitas inquietações vieram à luz da crítica e reflexão, sejam elas dentro das próprias escolas, na sociedade civil como um todo e com uma abordagem mais específica; no âmbito acadêmico.

      Assim, uma destas preocupações será tratada com mais especificidade que lhe requer, pois, o momento oportuniza; e nestas páginas, tentarei promover reflexões acerca da finalidade da escola na formação leitora de seus alunos e da leitura em si; além de promover mais inquietações acerca das perguntas listadas acima.

A INDISPENSÁVEL RESPONSABILIDADE DA ESCOLA

      Para iniciarmos a tessitura desta reflexão, é importante mencionar a indispensável responsabilidade da escola como instituição sistematizadora do conhecimento e a necessidade latente de sua atuação no estímulo e na formação de crianças, jovens e adultos leitores.

      Além das atribuições que são solicitadas da escola, o objetivo de formar leitores se tornou um dos principais pilares para que os professores executem esta ação, onde estes deverão apresentar o mundo da leitura aos alunos.

      É comum as escolas organizarem espaços para a leitura; até mesmo na biblioteca. No entanto, muitas escolas têm desenvolvido práticas de leitura apenas como momentos de relaxamento; sob a perspectiva de um conceito não muito usual. Assim, é comum perceber o ambiente da biblioteca como simples depósitos de livros, isso tanto na rede pública como nas redes privadas. No entanto, nem todas as escolas materializam esta realidade, algumas procuram valorizar estes espaços, fazendo uso dos livros que lá contém. Conforme Freire (2008, p. 22), “A compreensão crítica da alfabetização, que envolve a compreensão igualmente crítica da leitura, demanda a compreensão crítica da biblioteca”.

      Dessa forma, é preciso que a escola favoreça aos alunos o contato com a leitura, e que os ensine a ler para além das páginas. Para tal prática, a biblioteca escolar é um espaço profícuo e frutífero para que todos que nela atuam possam fazer uso de seus livros como fonte de experiência, formando cada vez mais cidadãos leitores.

      Mesmo que o espaço seja pequeno, é preciso e saudável que o aluno tenha o contato com os livros e com o ambiente da biblioteca; frequentando de maneira assídua, tanto para fazer pesquisa, estudar e ler no seu dia a dia. Uma vez que a escola é o lugar de aprendizagem permanente, é preciso aproveitar dos recursos e estratégias que ela oferece. O ambiente da biblioteca deve promover um bem-estar, de modo que busque ser confortável, arejado, limpo, organizado, pois esse espaço também incentiva o aluno a ler.

      Pois, a partir do momento em que o aluno passar a frequentar a biblioteca, seu interesse pela leitura também passará a ser maior e, sem dúvida, esses alunos lerão com mais liberdade, tanto individualmente, no dia a dia, como em sala de aula. Este deve ser um compromisso de todos os professores da escola, assim, a biblioteca se transformaria num grande espaço ativo para melhorar os índices de leitura.

      Sabe-se, conforme Freire (2008), que é praticando a leitura que se aprende ser um bom leitor, já que se é praticando que se aprende a nadar, se é praticando que se aprende a trabalhar, é praticando também que se aprende a ler e a escrever. Vamos praticar para entender e aprender para praticar melhor (FREIRE, 2008 p.47).

      É preciso que essa prática de leitura comece na escola, pois muitos alunos não têm esse hábito de ler em casa, por isso a escola tem o papel fundamental de incentivar a leitura na educação. Desse modo, a escola é a porta do conhecimento que fornece as condições básicas para o aprendizado permanente. A biblioteca é um ambiente propício para a leitura, condição indispensável ao desenvolvimento social e a realização individual do homem. E sabe-se que a escola representa a única oportunidade de ler que muitos alunos têm, talvez, única oportunidade de contato com os livros que são identificados como livros didáticos.

      Portanto, é necessário propiciar na biblioteca a leitura viva, diversificada e criativa, representando a forma de pensar, de agir e sentir de cada aluno. Mesmo aquela escola que não tem uma biblioteca adequada para a leitura, é possível que o aluno leia em sala de aula, com o auxílio e motivação do professor, visto que, toda escola tem pelo menos um lugar onde os livros são depositados, isto é, um lugar que por muitos são chamados de biblioteca e que é esquecido pelo corpo docente. Cabe ao professor selecionar tais livros e levar para suas aulas, ou levar textos que condizem com a realidade e faixa etária da turma incentivando-a a leitura.

      Ler é importante na escola porque é importante na sociedade. Quando o aluno lê, os sentidos e valores que possui acerca dos fatos do mundo, acerca da vida e das pessoas entram em contato com os valores e sentidos veiculados nos textos. Com isso, a leitura na sala de aula serve para o aluno aprender a participar das práticas sociais de leitura que acontecem em todos os espaços onde as pessoas circulam, seja no restaurante, Shopping, no trabalho, enfim, em todo lugar. As atividades de leitura nas primeiras aulas devem ser livres para não travar ou obrigar o aluno a fazer o que não tem vontade, ou seja, eles devem ser motivados pelo professor a ler textos interessantes, pois há diversos tipos de textos os quais podem e devem ser estudados em sala, de forma a não se tornar cansativo.

      Freire (2008) mostra que ao ler é preciso pensar certo, ou seja, saber argumentar e ter sua própria opinião. Ele diz: “Quando aprendemos a ler e a escrever, o importante é aprender também a pensar certo. [...] Devemos pensar sobre a nossa vida diária. [...] Aprender a ler e escrever não é decorar „bocados‟ de palavras para depois repeti-los.” (FREIRE, 2008 p. 56). Dessa forma, o aluno que lê e interpreta passa a ter um gosto pela leitura, pois compreende aquilo que está escrito.

      Os textos em sala de aula podem ser tirados de jornais, de livros, podem ser contos, enfim, podem ser de qualquer gênero. Porém, é preciso levar o aluno a pensar e argumentar. Pensar certo é entender e descobrir o que pode estar escondido nos fatos e nas coisas, naquilo que se analisa e observa. Freire (2008 p. 59) acrescenta que “um texto para ser lido é um texto para ser estudado. Um texto para ser estudado é um texto para ser interpretado. Não podemos interpretar um texto se o lemos sem atenção, sem curiosidade”.

      Com base nisso é preciso que o aluno, em sala de aula, leia com atenção. Ele deve ser motivado pelo professor, o qual deve mostrar o que há nas entrelinhas, nas figuras, no título, isto é, em tudo que pode despertar a curiosidade do aluno. Assim, criar condições de leitura trata-se de dialogar com o leitor sobre sua leitura, ou seja, sobre o sentido que ela dá: seja a algo escrito, quadro, coisas, sons, imagens, ideias, situações reais ou imaginárias.

      Dessa maneira, o aluno que lê mais ou que passa a ter o hábito de ler revelará um desempenho melhor, pois posicionará diante dos fatos, acontecimentos e será capaz de selecionar os textos que atendem uma necessidade sua, interpretando, analisando e produzindo com eficácia (SOLÉ, 1998). Segundo Paulino (2001, p.156), “as leituras, em sua diversidade, mobilizam emoções, incitam reflexões, transmitem conhecimentos, envolvendo, como se viu, diferentes saberes. Se os textos se diversificam, também as leituras devem ser diferentes”. Assim, a leitura em sala de aula deve ser variada, isto é, diferenciar quanto ao gênero: notícias de jornal, poemas, contos, poesias e tantos outros. Essa prática da leitura em sala de aula só terá um bom desenvolvimento se o professor tiver o hábito de ler.

      É preciso que antes de levar um texto para seus alunos, primeiro que ele tenha conhecimento, ou seja, prepare antes suas aulas de leitura, pois só assim ele será mais tolerante tanto para avaliar quanto para selecionar os textos a serem lidos. O professor de geografia, por exemplo, ao passar questões no contexto socioeconômico, geográfico, sustentável, busca em primeiro lugar, a capacidade interpretativa de seus alunos, para então aprofundar-se nos conceitos específicos de sua área de conhecimento. Com isso, para ter uma ótima interpretação é preciso antes de tudo fazer uma boa leitura.

O PROFESSOR MEDIADOR DA LEITURA

      O professor pode e deve se materializar como um mediador da aquisição da prática leitora; podendo criar estratégias significativas para que aconteça uma formação leitora. Assim, como mediador, ele pode realizar transformações de hábitos, explicitando aos alunos que, ao ler-se, realiza-se um exercício holístico do raciocínio, tornando-os indivíduos praticantes da leitura, sujeitos ativos nos processos de tomada de decisão, mais sábios, criativos e conscientes. A mediação da leitura acontece na escola com o intermédio do professor, que tem a premissa inicial de formar-se professor leitor e assim, depois, um profissional leitor (PAIVA, 2006).

      Desta forma, caberá a ele desenvolver-se pessoal e profissionalmente, tornando a prática leitora constante em suas ações pedagógicas, a fim de contribuir com o exercício de uma cidadania crítica e justa. Ao buscar novas práticas de leitura, o professor perceberá oportunidades, sempre renovadas, melhorando, significativamente, estruturas textuais, além de refinar seu conhecimento literário.

      Presenciar nos dias de hoje, o crescimento acelerado de estratégias e mudanças, faz com que a implementação de novas práticas pedagógicas, que assegurem o conhecimento das crianças e jovens, frente a um mercado de trabalho cada vez mais competitivo; requer resiliência e constância. A leitura está presente a todo o momento e em todos os lugares. Segundo Bamberger (1995, p. 09), a leitura é importante para a vida individual, social e cultural, em que através desse ato, o indivíduo pode se desenvolver intelectualmente e espiritualmente, aprendendo e progredindo. A competência em leitura, segundo Navas, Pinto e Dellisa (2009, p. 01),pode fazer com que o indivíduo amplie seu conhecimento, desenvolvendo melhor seu desempenho de linguagem oral e elaboração da escrita, aguçando seu senso crítico, sua curiosidade e raciocínio, ajudando na construção de conhecimento de mundo.

      Frente às mudanças, os jovens e as crianças, dominam, de maneira muito natural as novas tecnologias, mais até que nós professores. Sendo assim, deve-se promover não somente o resgate pelo gosto da leitura, como também em especial a compreensão profunda deste ato. Nesse processo, o professor consegue identificar interesses e identificará dificuldades do ato de ler em seus alunos. Com isso, reforçará a leitura, frente às modificações modernas que se enfrentam, proporcionou como até então, e proporcionar-lhes-á, futuramente, bem mais (MACHADO; CORRÊA, 2010).

      Ler é interagir. O ato de ler nos impõe o diálogo entre sujeitos históricos. A leitura sempre supõe uma atitude responsiva, constituída de reações ao texto por meio de ações, de linguagem verbal ou não, caracterizando recepções ativas do leitor. Mediante uma experiencia gratificante da leitura, um leitor tanto pode recomendar oralmente a um amigo e leitura feita quanto escrever alguma referência positiva do que leu.

      Há entre os estudantes a pressuposição equivocada de que o exercício de ler demanda um único significado com finalidade exclusivamente obrigatória, muitas vezes não alcançado pelo aluno, seja por falta de repertório ou por uma atitude pouco reflexiva sobre o mundo e as relações sociais transfiguradas ficcionalmente. O leitor reflexivo realiza o processo de maneira ativa, participativa e reflexiva; enriquecendo a leitura que contribuirá com seu saber permanente, que se propõe fazer,

A leitura, embora ação corriqueira nos dias de hoje, sobretudo nas regiões urbanas, não é natural. Não lemos comemos, respiramos ou dormimos. Para tanto, precisamos aprender o código escrito, socialmente aceito e a ter domínio sobre ele em todas as suas modalidades, quer práticas (como propagandas, receitas, notícias, informações, anotações) quer estéticas (como narrativas e poemas) (AGUIAR, 1996).

      A leitura propõe uma interação entre diversos fatores, para que realmente aconteça o “processo de ler”. Segundo Koch e Elias (2008), a leitura está além de ocupar tão somente um importante espaço na vida do leitor. Para as autoras, o ato de ler materializa-se na união entre sujeitos sociáveis com a linguagem, o que favorece um contato eficiente com elementos cada vez mais significativos. Assim, o leitor é posto em contato direto com as palavras, de maneira peculiar, percebendo o elevado grau de sentido que elas preservam e desta forma trazer o real significado da leitura para dentro de si.

      É cristalino, que constantemente, muitos questionamentos se fazem acerca da real importância da leitura diante aos membros de uma sociedade. Nota-se, que em um mesmo grupo de indivíduos, há anseios e necessidades diversas; que favorecem o enriquecimento das múltiplas habilidades em seu conhecimento, especialmente, por meio da leitura. Compreendendo que, a leitura decorre do entendimento entre sujeito, língua, texto e sentido, dentro de uma perspectiva lógica e sequencial, a representação factível do pensamento estará assegurada e promoverá a compreensão mental do leitor, de maneira absoluta.

SIGNIFICÂNCIAS E SIGNIFICADOS DA LEITURA

      O significado mais expressivo de um texto escrito não se encontra nas palavras e no pensamento do escritor, mas nas diferentes formas de compreensão dos leitores e nas interações que podem surgir entre autor e leitor, onde o processo de inter correspondência e Inter complementaridade acontecem. Para o leitor existe a dimensão que se concretiza na escrita, coexistindo em um aprimoramento da percepção visual, de forma sutil e quase tátil, permitindo a ele descobrir os diferentes sentidos dentro das entrelinhas.

      O leitor deverá ser capaz de se apropriar e extrair da leitura diferentes concepções ao interpretar o universo escrito, inserindo-se em um contexto reflexivo em que diferentes vivências do leitor e do autor, onde se contextualizarão em simbologias não necessariamente idênticas. Tão importante quanto formar bons leitores, será o desafio dos mediadores em trazer a sensibilidade para a dimensão e a grandeza da leitura.

       Cabe aos mediadores pensarem a leitura, basicamente, ao ser humano, seu sucesso, tomada de consciência, tornando-se essencial para o cotidiano. Dessa forma, a escola deverá propiciar condições adequadas para que tais convívios ocorram, com a finalidade de proporcionar ao aluno aprimorar-se na construção do conhecimento significativo (PAULINO, 1998).

      É aconselhável que o mediador da leitura – o professor – possua meios adequados e propícios para o bom desempenho dela. Convém, no entanto, pensar como uma contribuição para o desempenho de futuros cidadãos conscientes para um meio social cada vez mais amplo, no qual, comportamentos e valores desafiam o potencial educativo dos sujeitos.

      A fim de promover a construção de sentidos entre elemento humano e narrativa, é preciso haver um olhar atento em relação aos estudos e discussões, realmente necessários para ensinar e propagar bagagens de conhecimento em relação ao verdadeiro significado do texto. Percebendo haver esta junção, por isso, torna-se indispensável fortalecer a competência leitora para reafirmar valores, convergindo habilidades e alicerçando saberes competentes.

      Visando tal propósito, as discussões em relação às estratégias de leitura, necessitam ser compreendidas com a prática, extraindo dentre as mais diferentes áreas disponibilizadas pelos conhecedores do assunto, caminhos pedagógicos para uma pedagogia de leitura contínua, amparados por novas aquisições de linguagem, a fim de não se perder vínculos da leitura com a sociedade.

      Da mesma forma que outrora, confundia-se o ler com o alfabetizar – pois a leitura se materializava na introdução a partir do alfabeto e seu domínio – percebe-se seu crescimento notório, exigindo, atualmente, além dos conceitos tão conhecidos, acessíveis para as crianças, partindo do conhecimento de profissionais especializados. Contudo, é preciso notar que o desempenho do professor, para com a atividade de ensinar, converteu-se com o passar dos anos, em finalidade para si mesmo. Nada se modificou para a escola, com o ler e escrever juntamente dispostos (GUIJARRO, 2005).

      Tendo em vista a relação pela qual o sujeito é estimulado e incentivado, o processo de aprender a ler, gostar de ler, compreender a leitura como ato de resistência, não se dá de forma espontânea. É preciso a experiência do professor, com seus atributos e percepção, promover a incorporação de novos elementos para ocorrer a passagem de um simples receptor de informação a um leitor apto; frente aos impactos elevados da sociedade.

      Para que o ato de ler de maneira crítica e consciente não se torne inexplicável, de forma emprestada aos pequenos, é importante a condição do professor leitor, a fim de se configurar, no atual cenário da educação, um exemplo a ser seguido, no que tange à leitura e aquisição de novos conhecimentos (SOARES, 2012). Preocupar-se com a leitura realizada por crianças, jovens e adultos, é acima de tudo, ater-se e não negligenciar, princípios e traços dos atributos literários, estéticos e artísticos, encontrados nas narrativas. Relacionar temas presentes e objetivos, ajusta e oferta, peculiaridades e elementos indissociáveis que somente a leitura possui.

      Tais elementos promoverão alicerces para melhor compreender, interpretar, produzir e potencialmente recriar, a partir de diferentes contextos. Nestas condições, cabe ao professor mediador, conferir, de fato, que toda a narrativa em relação à leitura, possui diversas nuances e realidades (QUEIRÓS, 2012). Tais assertivas fornecem subsídios argumentativos necessários ao leitor, permitindo-lhe conhecer diversos direcionamentos, nem sempre previsíveis, nem tampouco, sistematizados, mas enriquecidos de perspectivas passíveis de entendimento, os quais o colocarão em posição de sujeito-leitor-ativo. Essa alternativa produzirá sentido à criança, preparando para um futuro cada vez mais complexo e cheio de diferentes perspectivas, com uma relação dinâmica entre o construir e o formular, tangenciando uma significação acerca da leitura inteligível, interpretável e compreensível.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

      Torna-se indispensável compreender a leitura como um elemento indissociável do ato de sobreviver; trazendo assim uma aproximação do leitor com o mundo que o cerca, onde a prática proporciona a ampliação das possibilidades de reconhecer-se no mundo e contribuir de maneira significativa. É preciso compreender a leitura, como elemento fundamental para a aproximação constante do leitor com o mundo que o cerca, promovendo a integração das possibilidades para sua efetivação. Abordar a leitura como finalidade geradora de perspectivas, é capaz de proporcionar parcerias importantes que viabilizam o diálogo entre leitor e autor.

      A leitura auxilia na construção de valores e habilidades que possibilitarão a continuidade da aprendizagem. Cabe ressaltar que atitudes e valores se constroem desde cedo e quando a escola promove momentos de leitura; o professor estimula o processo de aquisição da leitura, reflexões e confronto de ideias, abre-se oportunidades de ensinar valores essenciais ao exercício da cidadania.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vanda T. O leitor competente à luz da teoria da literatura. Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, v. 124, v. 5/6, p.23-34, jan./mar. 1996.

BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. 6ª ed. - São Paulo: Ática, 1995.

CASIMIRO, Ana Palmira Bitencourt Santos. Igreja, educação e escravidão no Brasil Colonial. Revista Politeia: História e Sociedade, Vitória da Conquista, BA, v. 7. n. 1, p. 85-102, 2007.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2008.

GUIJARRO, María Rosa Blanco. Ensaios Pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília: Seesp, 2005. 180 p.

KOCH, Ingdore V.; ELIAS, Maria V. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2008.

LAJOLO, Marisa. A formação do leitor no Brasil. São Paulo: Ática, 1996.

LAJOLO, Marisa. Do Mundo da Leitura para a Leitura do Mundo. 6ª ed. - São Paulo: Ática, 2002.

MACHADO, Maria Zélia Versiani; CORRÊA, Hércules Tolêdo. Literatura no Ensino Fundamental: uma formação para o estético. In Rangel, E. O. Rojo, R. H. R. (coords.) Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica. Brasília, 2010 p.107-128 (Coleção Explorando o Ensino; v. 19).

NAVAS, A. L. G. P.; PINTO, J. C. B. R.; DELLISA, P. R. R. Avanços no conhecimento do processamento da fluência em leitura: da palavra ao texto. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia [online], São Paulo, v.14, n.4, 2009.

PAIVA, Aparecida. Alfabetização e Leitura Literária. A leitura literária no processo de alfabetização: a mediação do professor. In: Práticas de leitura e escrita/ Maria Angélica Freire de Carvalho, Rosa Helena Mendonça (orgs.) – Brasília: Ministério da Educação, 2006, 180 p.

PAULINO, Graça. Sobre ler e saber. In: EVANGELISTA, Aracy Martins; BRANDÃO, Heliana Maria Brina; MACHADO, Maria Zélia Versiani. (Orgs.). A escolarização da leitura literária. O jogo do livro infantil e juvenil. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

PAULINO, Graça. Letramento literário: cânones estéticos e cânones escolares. Caxambu: ANPED, 1998.

QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Sobre ler, escrever e outros diálogos. Organizado por Júlio de Abreu. Belo Horizonte: Autêntica, 2012. (Coleção conversas com o Professor).

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 3ª edição, Belo Horizonte: Autêntica, 2012. [1ª versão em 1998].

SOLÉ, Isabel. Estratégia de Leitura. 6°. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

 

[1] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Formada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela instituição de ensino UNOPAR em 2016, Pós graduada em psicopedagogia clínica e institucional em 2017. Bacharelada em serviço social pela instituição de ensino UNOPAR em 2022.

[2] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Educação Infantil.

[3] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia.

[4] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Ata, Licenciatura em Pedagogia.

[5] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Institucional.

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