18/08/2016

Escola não é Casa da Mãe Joana

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            Casa da Mãe Joana é uma expressão que representa  falta de organização. Um lugar onde se pode tudo e não existe um limite ou regra, fazendo-se imperar a indisciplina e o desrespeito aos outros. Esta expressão existe desde o século XIV e quando se fala em Casa da Mãe Joana, uma das primeiras coisas que vai na cabeça de uma pessoa que trabalha na área da educação é justamente uma escola.

            Cabe perceber que existem vários tipos de escolas, mas pense naquela pública, na qual o aluno pode fazer tudo, pois a lei interpretada de forma equivocada diz que o aluno não pode se sentir constrangido, logo, este mesmo aluno tem permissão para humilhar, constranger e até mesmo agredir verbalmente a professora que se encontra desamparada em todas as situações, principalmente por pseudo-pedagogas e gestores que deveriam dar todo o alicerce moral e profissional ao seu educador, mas simplesmente o anula  reforçando a indisciplina do aluno.

            O problema é que nos dias de hoje, a escola não é vista como era nos tempos dos professores. Existe uma certa nostalgia quando se fala em escola, isso porque imperava o respeito ao professor e qualquer outro funcionário que lá trabalhasse. O professor era a autoridade máxima em sala de aula sem fazer uso de um autoritarismo. Havia respeito mútuo e as indisciplinas se resumiam em travessuras normais de crianças.

            Mas o que vem a ser escola? Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado em 2007 pela editora  Autêntica, esclarece que a “escola é um lugar especial de produção e reprodução de um tipo particular de conhecimento”.  Cabe complementar que este conhecimento particular pode ser desenvolvido também em outros lugares que não seja na instituição educacional. Essa fala pode ser reforçada por Brandão em seu livro O que é Educação, publicado em 1993 pela Brasiliense quando esclarece que “a escola de qualquer tipo é apenas um lugar e um momento provisório” onde este conhecimento pode acontecer.

            Chinoy, em seu livro Sociedade, uma introdução a sociologia, publicado em 2006 pela Cultrix, ressalta que as escolas “influem nos valores correntes dos estudantes” e já que ela faz isso, porque permitirmos que esta instituição que tem a função de desenvolver a criança como ser integral, trabalhando sua capacidade física, cognitiva e moral, se permita um ambiente indisciplinado?

            Observe que quando uma escola pública permite um ambiente de balburdia e  desorganização, ela está contribuindo para uma segregação na educação. Para Souza, ninguém nasce disciplinado no exercício de ouvir, falar, ver, trabalhar. A escola tem que trabalhar a disciplina em seus educandos. Não uma disciplina limitadora de sonhos e conquistas, mas uma disciplina de respeito aos outros e a si mesmo. Uma disciplina que leve o educando a uma conquista maior, como são disciplinados os atletas olímpicos.

            O limite na escola não pode estar voltado para o conhecimento, mas para como o educando deve se comportar. A liberdade deve sempre existir, mas jamais ser confundida com libertinagem que é a mãe do desrespeito e da licenciosidade.

            A família tem grande parcela de culpa neste problema social, pois uma escola que não tem em sua cultura uma disciplina, uma valorização por seu profissional, acaba sendo um problema social com uma coparticipação da família, ou seja, uma conivência da família, pois ela não cumpre o seu dever de educar, impor limites a seus filhos em suas casas, e estes ao virem para a escola, a vê apenas como uma extensão da mesma, podendo fazer o que lhe couber.

            Um bom professor não é a única variável para equacionar uma educação de qualidade. A disciplina na escola e nos educandos fertiliza o terreno para a boa seara que é a educação, o que é reforçado pelo ENEM quando mostra que as 10 melhores escolas tem como característica em comum a disciplina. 

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