08/11/2016

Estado Sabotador

            Vejam a ocupação no Paraná como necessidade social, e não como vagabundos sendo manipulados por meia dúzia de comunistas oportunistas, frases ditas por muitos que acreditam ser politizados aceitando apenas a sua verdade fascista.

            Embora seja comum hoje gritar aos quatro cantos palavras como fascistas e comunistas, o termo fascista se justifica pelo radicalismo político autoritário e hostil a vertentes marxistas, ou seja, são hostis todos que divergem da política imposta por este Estado sabotador da saúde e da educação.

            Não podemos assegurar como é afirmado por estes “politizados” que os jovens que ocupam as escolas são vagabundos se deixando manipular. A situação exige uma interpretação dentro do contexto e fugindo da ideologia política.

            Vamos entender o contexto das ocupações nas escolas, sendo que o maior foco é no Paraná. O que eles estão reivindicando? Além do PEC 241 que sabota a Educação e a Saúde, eles buscam também um Paraná menos injusto, diz-se menos injusto porque exigir um Paraná mais justo chega a ser utópico perante este governo fascista que o representa, cuja pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisa o coloca como governador mais mal-avaliado do Brasil (http://veja.abril.com.br/brasil/o-tucano-problema/).

            Segundo a reportagem acima, Richa representa um governo inábil politicamente e com 84,7% de desaprovação sob vários tropeços como fraude de licitação, corrupção e desvio de recursos na construção de escolas (operação quadro negro), improbidade administrativa dentre outras acusações que para Requião Filho, são denúncias ‘bem montadas, são tecnicamente perfeitas, juridicamente perfeitas e justamente por isso não saem da gaveta, pois eles (os governistas) não conseguem encontrar um jeito de negar liminarmente e teriam que trazer a plenário".

            Como mudarmos um país de dimensão continental se sequer conseguimos mudar a situação de nossa cidade?

            O próprio governo esclarece que esta manifestação se trata de uma doutrinação, mas o que se chama de doutrinação, pode ser vista como politização, que é uma das funções da verdadeira educação.

            Souza esclarece em sua obra Introdução a sociologia da educação, publicado pela editora Autêntica, no ano de 2007, que o homem segundo Marx o homem educado é o homem livre, e o homem livre é aquele que prescinde da tutela ideológica, seja ela política, seja ela religiosa.

            Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela editora Moderna em 1996 é enfática ao afirmar que cabe ao docente fazer desabrochar no aluno o amor pela leitura, a paixão do saber, a ética do trabalho e o interesse pela política, e é justamente este último item que sequer é trabalhado nas escolas com a desculpa imbecil de ser doutrinação.

            Politizar difere de doutrinar e nós educadores sabemos muito bem disso, logo, o manifesto feito pelos jovens é um ato politizado e não de doutrinação e/ou manipulação.

            Para Rios em seu livro Ética e Competência publicado ela editora Cortez em 1983 esclarece que não há vida social que não seja política, logo, como exigir a não politização de nossos educandos? Temos que contribuir com este Estado sabotador e deixar com que nossos jovens fiquem cada vez mais alienados? Para a escritora a missão política da escola não se limita elaborar sem eu interior um discurso político, mas fazer com que os educandos se transformem em cidadãos, preparados para a vida da polis, para a compreensão da totalidade social ao qual encontra-se inserido e assim, poder nela intervir.

            Como diz Ribeiro em seu livro Política: quem manda, por que manda e como manda publicado pela editora Nova Fronteira em 1998, a educação, tanto a doméstica quanto a pública, é também uma formação política.

            E é justamente isso que os jovens têm feito uma ação política reivindicando o que é dever do Estado, Educação de qualidade e não uma educação manipuladora, alienadora institucionalizada por um Estado sabotador.  

 

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

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