17/05/2016

ESTÁGIO DE GESTÃO EDUCACIONAL DA ESCOLA PÚBLICA: UMA EXPERIÊNCIA EDUCATIVA

ESTÁGIO DE GESTÃO EDUCACIONAL DA ESCOLA PÚBLICA:

UMA EXPERIÊNCIA EDUCATIVA

 

Jéferson Gomes Machado[1]

Mara Lucia T Brum[2]

RESUMO:

            O artigo tem como objetivo relatar o estágio realizado na escola parceira[3] na área de Gestão Educacional na Escola Pública, por requisito do curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância da Universidade Federal de Pelotas, polo UAB. Tendo como finalidade observar e acompanhar as atividades organizacionais da comunidade escolar, os caminhos e a coerência de aplicação do Projeto Político Pedagógico – PPP e seu Regimento Escolar na prática educacional, bem como a dialogicidade entre os sujeitos. A metodologia utilizada na pesquisa foi de entrevistas livres, com fins exploratórios, permitindo que os sujeitos pudessem expressar suas opiniões frente aos problemas e acertos da escola parceira, assim como a visão sobre a gestão educacional da escola. Procurou-se analisar e discutir a proposta pedagógica da escola para compreender a gestão democrática participativa e a importância do PPP na melhoria do processo educativo. O estágio na área da gestão escolar permitiu relacionar os saberes teóricos à experiência vivenciada na escola e suscitou a necessidade da participação e estudo contínuos da comunidade escolar.

Palavras chave: Gestão democrática Projeto Político Pedagógico, Autonomia; Dialogicidade.

 1- INTRODUÇÃO

A pesquisa realizada na escola parceira teve como propósito cumprir os requisitos do curso de Pedagogia, no estágio Gestão Educacional, através de uma pesquisa de campo de cunho exploratório em que se buscou transcrever as vivências e as observações do funcionamento da escola e de suas peculiaridades.

A Escola Parceira possui 66 professores, 26 funcionários e 1285 alunos distribuídos entre Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Curso Normal. A escola atua nos três turnos (manhã, tarde e noite) e possui setores com as funções de Coordenação Pedagógica, com carga horária de 80 horas semanais, Supervisão, com 60 horas, e o Conselho Escolar onde atuam pais, professores, funcionários e alunos.

O principal objetivo foi conhecer os aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros, considerando os princípios da gestão escolar, bem como a participação da comunidade nos processos de desenvolvimento, contribuindo, assim, com os saberes e fazeres da organização da escola. Relatamos neste artigo como foi o estágio, e quais as contribuições foram acrescentadas e a importância desta experiência para a vida acadêmica. Procurou-se organizar a pesquisa de forma a compreender como é o funcionamento gestor da escola, através de entrevistas, análise de documentos e anotações das conversações e abordagens com os sujeitos atuantes no ambiente escolar. As pessoas abordadas foram os membros da direção, coordenação pedagógica, professores, funcionários, pais e alunos, bem como o entorno da escola.

O presente trabalho buscou o aprofundamento no conceito de qualidade da educação e sua relação com o conceito de democracia, apresentando os resultados da pesquisa em relação à função da escola e do papel de sua estrutura pedagógica na qualidade do ensino oferecido. Apresenta também o estudo em que a medida da estrutura organizacional se relaciona com a qualidade da educação escolar e com a democratização das relações no interior da instituição de ensino, levando à busca dessa qualidade.

A educação escolar é uma dimensão fundante da cidadania. Tendo em vista tal afirmativa, podemos perceber a necessidade de garantir que o aluno chegue e permaneça na escola. Todo direito deve ser protegido pela lei que o ordena, cabendo ao Estado promover ações e políticas públicas que viabilizem o acesso do aluno.

A escola deve, então, propor ações e fazer valer os direitos de todos os alunos para que sejam tratados sem discriminação, inclusive cumprindo a Constituição Federal de 1988, em seu art. 3º, inciso IV, que assegura “Respeito à liberdade e apreço à tolerância”, bem como a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

A Escola Parceira tem sua gestão amparada no trabalho coordenado de todos os agentes envolvidos no processo educacional. O entendimento da relevância da inclusão comunitária na percepção coletiva do processo educacional é onde incide o grande desafio da gestão democrática da mesma, pois a compreensão dos instrumentos de construção desse processo potencializa a difusão do sentimento de pertencimento e integração entre escola e comunidade.

2. DESENVOLVIMENTO

A aproximação com a Escola Parceira foi muito agradável, pois nela houve a vivência da experiência de unir teoria e prática, que se deu durante a Educação Infantil e posteriormente no Ensino Médio. A direção da escola acolheu de forma magnífica o trabalho de Estágio de Gestão Escolar, oferecendo livre acesso às dependências da escola nos horários estipulados para este fim, bem como o acesso a toda a documentação disponível como o seu Projeto Político Pedagógico e o Regimento Escolar. O profissional responsável pelo estagiário foi a Coordenadora Pedagógica que se mostrou uma pessoa extremamente competente e conhecedora do funcionamento pedagógico e gestor da escola.

A estrutura física da escola é um dos fatores que demanda mais problemas por tratar-se de um prédio antigo que data de 1944. Da sua construção até o presente já se passaram 70 anos, sendo que a estrutura inicial foi planejada para abrigar 705 alunos. O fator acessibilidade é um dos empecilhos quanto à estrutura física da escola. Trata-se de um prédio com quatro andares, no qual apenas o primeiro piso possui a acessibilidade. Nos outros, ainda muitas reformas necessitam ser realizadas para adequá-lo a esta exigência. Muito embora a direção atual tenha se empenhado significativamente na reforma de várias salas de aula, a escola teria que passar por uma reforma geral. Dotada do Plano de Prevenção Contra Incêndios, à escola possui extintores em todas as repartições e está prevista para os próximos anos a implantação de um sistema com detectores de fumaça.

A comunidade escolar, representada pelo CPM[4] e Conselho Escolar, vem dispensando esforços coletivos na promoção de ações que auxiliem nas melhorias em relação às condições físicas do prédio, bem como no desenvolvimento de atividades culturais.

Outro setor do ambiente escolar que necessita de atenção é o das quadras de esportes. A escola possui apenas o ginásio de esportes coberto, tendo outras duas quadras amplas, porém sem cobertura, o que causa transtorno nos dias de chuva para a acomodação dos alunos que devem ser transferidos para salas de aula sem condições da prática esportiva, restringindo estas atividades às aulas teóricas ou jogos lúdicos.

Os espaços que são utilizados devem compor um todo coerente, pois é no ambiente e a partir dele que se desenvolve a prática pedagógica; sendo assim, ele pode constituir um legado de possibilidades, ou de limites. Tanto o ato de ensinar como o de aprender exige condições propícias ao bem-estar docente e discente. Conforme Lima:

O espaço material é um “pano de fundo” onde as sensações se revelam e produzem marcas profundas que permanecem mesmo quando as pessoas deixam de ser crianças. Tornando-se, assim, não apenas a condição de espaço físico, mas sim ambiente. (LIMA 1989.p 127)

Concordamos com Lima sobre a questão de ser o espaço físico na escola um lugar muito importante para troca de vivências entre os sujeitos, por isso deve ser valorizado.

Existem salas em processo de restauração, como a biblioteca e o auditório, e estas repartições são de suma importância, já que a escola é destaque na área cultural do município, pois suas atividades estão em franca evolução e destacam-se nesse sentido.

Na Secretaria da escola, toda a documentação dos alunos ativos, que estão matriculados e atuantes, está disponível em arquivos físicos que são disponibilizados em um porta-arquivos. Os arquivos dos alunos passivos, aqueles que já se formaram ou evadiram da escola, estão disponíveis em outra repartição da sala, de forma a facilitar o acesso. A cada ano que passa o volume de documentos cresce, dificultando o seu manuseio e organização.

A partir do ano 2000, a documentação com todo o histórico escolar dos alunos começou a ser catalogada em arquivos digitais no sistema de computadores da escola, porém esta documentação também deve estar disponível em arquivos físicos.

Outra situação-problema é quanto ao número insuficiente de funcionários da área administrativa. Constatou-se que a Secretaria da escola, por exemplo, possui três funcionárias. Isto implica num transtorno no que diz respeito ao volume de trabalho exigido, pois é inerente ao cargo organizar e disponibilizar os diários de classe com a assiduidade, as avaliações dos alunos, declaração escolar, histórico, certificado de conclusão, diploma, transferência, matrícula, reclassificação, adaptação e dependência, bem como os diários de classe com a assiduidade e as avaliações dos alunos que devem ser repassados trimestralmente pelos professores para serem lançados no sistema.

A escola dispõe de uma funcionária da secretaria que também possui habilitação para atender alunos que apresentam algum problema de indisposição, fazendo a verificação de pressão arterial e auxiliando na liberação, ou não, do aluno para sua permanência em aula, ou para buscar auxílio médico. Isto implica também em acúmulo de trabalho, especialmente por ocasião das férias, quando as servidoras dividem-se na realização das tarefas, gozando apenas 15 dias de descanso dos 30 a que têm direito.

A escola deveria solicitar, através das formas legais junto à [5]Coordenadoria de Educação, mais funcionários para integrar o seu quadro de pessoal. Também poderia ser feita uma análise da função de cada um, na qual ficaria claro se existe ou não algum desvio de função, pois muitas vezes, para atender a demanda de trabalho, alguns profissionais são alocados em outras atividades, podendo causar este desequilíbrio no desenvolvimento das suas funções.

Mais do que preencher dados ou fichas, arquivar documentos rotineiros dividindo-os em ativos ou passivos, participar de reuniões e atender à comunidade escolar, é necessário compreender e interpretar os sujeitos e as situações, pois ao elaborar planos para agilizar as rotinas administrativas o secretário atua também na gestão da escola, auxiliando, assim, na sua proposta político-pedagógica.

A Escola Parceira caracteriza-se pela tradição entre várias gerações das famílias, tornando-se uma escola muito particular e tradicional; portanto, priorizar o desejo da maioria deve ser fruto de discussão com a comunidade escolar e esta deve promover todos os seus segmentos de forma participativa. No PPP da Escola Parceira consta:

É fundamental que os representantes da comunidade estejam presentes na Escola, discutindo, estudando, elaborando e decidindo sobre o trabalho, ou seja, alunos, pais, funcionários e educadores se apropriando coletivamente do processo educacional. Pois só assim será possível estabelecer uma relação dialógica entre a bagagem trazida pelos pais e alunos e práxis dos educadores. (PPP, 2010, p. 02).

Desta forma, foram observadas algumas funções estanques na qual cada indivíduo faz a sua parte e não se preocupa com o plano coletivo. Neste sentido, a colaboração para o acesso e permanência na escola com qualidade deteriora-se. É preciso que os professores estejam mais engajados nas situações de conflito e desigualdades sociais.

Definir metas em conjunto, como regras de convivência, calendário escolar organizado, assembleias com a comunidade presente são as formas corretas para sanar as situações-problema apontadas. Uma vez definidas estas metas e regras, elas devem ser aplicadas a todos sem exceção, pois toda a decisão conjunta com a comunidade deve corresponder com o seu Projeto Político Pedagógico e o Regimento Escolar.

3. O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

O Projeto Político Pedagógico - PPP tem como filosofia neste estabelecimento de ensino “Educar para Transformar”. A escola desenvolve trabalho docente nos níveis de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Curso Normal em Nível Médio e Curso Normal Aproveitamento de Estudos.

Percebe-se, pelas informações disponíveis e práticas escolares, uma construção coletiva que busca envolver, de uma forma democrática, toda a comunidade escolar (pais, professores, funcionários e alunos). Porém há alguns indícios de que esta “construção” do seu Projeto Político Pedagógico, por estar sempre em constante aperfeiçoamento, apresenta algumas questões deficitárias que incidem e influenciam diretamente no desenvolvimento deste processo.

O envolvimento da família no acompanhamento escolar dos filhos é uma situação-problema. Nos Anos Iniciais (até o quinto ano), a maior preocupação da escola é quanto a esta efetiva participação. Segundo a Coordenadora Pedagógica:

Há uma cobrança considerável, por parte dos pais, quanto à realização dos temas e a supervisão dos estudos de seus filhos. Em alguns casos, os professores percebem perfeitamente que os alunos que não têm um bom desempenho em aula são justamente aqueles que os pais não são incisivos no acompanhamento dos estudos dos filhos.  Nesse caso, os pais são procurados por parte dos professores e eles constatam “in loco” que não há uma cobrança efetiva dos estudos, o que reflete diretamente no seu desempenho em aula. Concluímos, então que as crianças com maiores dificuldades de aprendizagem são, principalmente, aquelas que a família não acompanha efetivamente o seu desempenho escolar. (COORDENADORA)

A participação da comunidade escolar nas atividades pedagógicas está explicitamente contemplada no seu PPP e o fator tempo é o que compõe o principal agente para o seu pleno desenvolvimento. Acredita-se que essa transformação não ocorre de forma imediata, mas se dá ao longo do tempo com o comprometimento da escola em conjunto com toda a comunidade escolar, pois esse objetivo tende a ser conquistado lentamente. Na construção do seu PPP foram realizados o estudo e a pesquisa da realidade da comunidade em que a escola está inserida. Conforme podemos constatar no PPP:

Na nossa Escola a participação dos diferentes segmentos na construção do Projeto Pedagógico e demais atividades escolares ainda se dá em proporções desiguais, ou seja, a participação de todos não é nossa realidade, portanto, a construção de espaços efetivos de participação será um desafio permanente. (Projeto Político Pedagógico, 2010, p.02).

Como se pode perceber pelo PPP da escola, há preocupação em atingir a participação de todos os sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, o que é muito bom para seus alunos e para seu crescimento enquanto instituição de renome na cidade. O fato de estar a escola inserida num local privilegiado no centro da cidade e de fácil acesso a diferentes bairros, e funcionar nos três turnos, atendendo alunos de diferentes níveis e modalidades, faz com que a clientela aumente a cada ano e os pais queiram que os filhos estudem na escola.

As famílias que a compõe são na maioria de classe média baixa e os pais trabalham em busca de melhoria financeira, o que se reflete na baixa participação na vida escolar dos seus filhos por falta de tempo. Neste sentido, implicam várias situações, como carência de limites e princípios de convivência social, indisciplina e pouca observação de valores humanistas. Tal panorama resulta em alguns conflitos dentro da sala de aula e, como consequência, acaba influenciando no nível de aprendizagem. Isto fica explícito no PPP da Escola Parceira na seguinte colocação:

Entendemos a disciplina como forma de organização da vida escolar. E como o ser é dinâmico e mutável, os princípios de convívio não podem ser definitivos e permanentes, devem ser avaliados constantemente para que reflitam a realidade da Escola. (P P P, 2010, p.17)

As famílias têm facilidade de acesso a todas as formas e/ou instituições culturais oferecidas pela comunidade, como Biblioteca Pública, Museu e Zoológico Municipal, Feira do Livro, mas observa-se que algumas não valorizam esses bens culturais. Por outro lado, a valorização de bens de consumo é marcante entre os alunos.

4. AUTONOMIA

A autonomia na Escola Parceira encontra-se um tanto burocratizada, pois as normas vêm pré-estabelecidas e ainda há muitas dificuldades em participar e discutir a verdadeira política escolar em que se atua. O pensamento único não é democrático, ele deve buscar um consenso, porém para chegar neste consenso há um período de conflitos e debates em que às vezes se alcança os objetivos e outras vezes não. A escola deve preparar a sua equipe para desenvolver a autonomia de acordo com a sua realidade, e não apenas unilateral e pré-estabelecida.

No papel, a autonomia escolar parece ser ampla, mas sua realização ainda está em fase embrionária por falta de informação das pessoas que têm de exercê-la e pela tradição centralista da educação brasileira. Afinal, autonomia não é uma palavra de fácil interpretação e sua subjetividade exige dos gestores muita discussão e prática para lhe dar vida.

O Corpo Docente da Escola Parceira conta com maioria de professores que também atuam em outras escolas, tendo pouca disponibilidade para participar das atividades e dos espaços de formação e informação. Esta situação não e bem vista pela direção da escola que esta organizando algumas medidas a serem tomadas como formas de sanar ou amenizar este tipo de problema.

5. FORMAÇÃO CONTINUADA

O ano de 2014 começou com uma novidade para o Ensino Médio. O Governo Federal, em parceria com as Universidades Federais, está desenvolvendo um Programa de Formação de Professores do Ensino Médio chamado Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio, cujo objetivo é promover a valorização da formação continuada dos professores e coordenadores pedagógicos que atuam no Ensino Médio público, nas áreas urbanas e rurais, em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases e as Diretrizes Curriculares Nacionais.

Desde o mês de abril, uma professora da Escola Parceira participa de formação em uma Universidade Federal para poder orientar os professores do referido Instituto. Em abril do corrente ano, os professores do Ensino Médio tiveram o primeiro contato com o Pacto do Ensino Médio.

Os encontros são semanais e grande parte dos professores do Ensino Médio participa das atividades de formação, constantes de discussões de textos e filmes, bem como atividades de conhecimento do perfil do aluno. Além dos encontros presenciais, os professores realizam atividades individuais a distância, especialmente a leitura dos Cadernos de Formação fornecidos pelo Governo Federal.

O grupo que realiza essa formação é bem dinâmico e está comprometido com a urgência de mudanças que são necessárias no Ensino Médio, estando conscientes de que para isso é preciso muito estudo e dedicação, mas também ouvir o aluno, escutar o que ele tem a dizer e ensinar, processo este em que toda escola deve estar engajada, incluindo a coordenação pedagógica, setor que se esforça em todos os processos que visam à melhoria do ensino-aprendizagem na Escola Parceira.

6. COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

A Coordenação Pedagógica é considerada por muitos como o coração da escola, no sentido de que é o setor responsável por acompanhar o processo de ensino e aprendizagem, ou seja, está em contato permanente com alunos e professores. A coordenadora afirma:

O Coordenador Pedagógico deve empenhar-se na sua atividade para que o ensino tenha uma direção orientada para a o desenvolvimento da vida pessoal, familiar e para o trabalho, preparando os alunos para um frutuoso futuro pessoal e profissional.( COORDENADORA 01/10/14)

Na escola parceira, a Coordenação Pedagógica funciona em uma sala em frente à sala dos professores para que eles tenham acesso facilitado ao profissional que está ali para ajudá-los e orientá-los. Ao mesmo tempo, é um espaço aberto também aos alunos quando eles apresentam alguma questão no processo ensino-aprendizagem.

Percebeu-se, durante as visitações, que os alunos e professores têm total acesso a este setor e são muito bem recebidos e orientados pela Coordenadora Pedagógica que tem a preocupação em acompanhar para que as áreas de ensino estejam sempre integradas entre si e que as avaliações sejam honestas em relação ao progresso de cada aluno, visando prepará-lo para a vida real e primar sempre pelo seu aprendizado.

As pedagogas responsáveis pela coordenação atuam como agentes articuladoras do diálogo, estando atentas às mudanças no espaço escolar e fora dele, promovendo a reflexão sobre as relações escolares e as transformações da prática pedagógica. Dessa forma, estabelecem-se diversos vínculos e relações interpessoais na escola ao desenvolver as múltiplas atividades que caracterizam a sua função. Para Freire,

É na realidade mediatizadora, na consciência que dela tenhamos educadores e povo, que iremos buscar o conteúdo programático da educação. O momento deste buscar é o que inaugura o diálogo da educação como prática da liberdade. É o momento em que se realiza a investigação do que chamamos Universo Temático do povo ou o conjunto de seus temas geradores. A dialogicidade é a essência da educação como prática da liberdade pois é tratado como fenômeno humano que se revela através da palavra. (FREIRE, 2005, p.101).

Neste sentido, se observou em situações do cotidiano da escola parceira que a equipe diretiva faz o bom uso da dialogicidade.

Entre as funções desempenhadas pela Coordenação Pedagógica, está o acompanhamento do planejamento dos professores, bem como das atividades realizadas por eles; planejar e realizar atividades de formação continuada, sempre com a intenção de alcançar os itens em que apresentam dificuldades no desempenho da docência; Acompanhar o rendimento dos alunos, suas dificuldades e potencialidades dos mesmos. Neste sentido, a Coordenadora Pedagógica afirma: “Temos o hábito de fazer visitas frequentes às famílias dos alunos que têm problemas de assiduidade ou de relacionamento com os colegas e verificamos regularmente a frequência dos alunos”. (COODENADORA 01/10/14).

Assim, a coordenação figura como uma mediadora do trabalho em momento de estudos, reflexões e ações. É papel fundamental estar ao lado do professor nos espaços ocupados por ele, especialmente na sala de aula, tornando-se articuladora de aprendizagens na escola. Planejamento, reflexão, ação, proposição são palavras de ordem na Coordenação Pedagógica da escola, visando sempre à aprendizagem dos alunos.

A gestão administrativa e pedagógica da escola parceira proporciona e valoriza todo tipo de conhecimento, intensificando as vivências de cada um, permitindo a troca de saberes, a realização de debates. Escola proporciona apresentação teatral com temas escolhidos de forma democrática, onde os alunos são instigados à leitura, a comentar sobre o que leram, a formar opinião própria, fazendo dessa maneira a sua interpretação do mundo. O que a nosso ver e de extrema importância para formação humanas dos seus alunos.

7. CONSIDERAÇÕES

Na pesquisa realizada na Escola Parceira é visível a participação e aplicação da direção, enquanto entidade gestora, neste plano. Foram observadas situações bastante democráticas durante o período de estágio, sendo comum perceber o livre acesso dos alunos à sala da Direção, bem como a naturalidade com que isso acontecia desde as abordagens à diretora e à coordenadora pedagógica, como a receptividade que estes alunos tinham por parte delas. Quanto ao atendimento aos pais, isto acontecia da mesma forma, mostrando-se as servidoras atenciosas e interessadas em resolver as situações.

Existe na Escola Parceira a coerência entre a pesquisa feita na construção do seu PPP, na capacidade de diálogo, na participação, na autonomia e na realidade do cotidiano da escola. No seu PPP estão explícitas as dificuldades encontradas e ele não mascara as situações conflitantes que envolvem a sua realidade concreta. 

 É preciso refletir sobre a participação da comunidade dentro da escola, num processo em que tenha o poder de decidir e agir, composta por sujeitos formadores de sua própria história. É preciso romper com o modelo tradicional de educação, através do cultivo da participação, do trabalho coletivo, da ação colegiada e da realização pelo bem comum. É necessário possibilitar momentos de experimentação da democracia na escola, possibilitando que ela se torne uma prática efetiva, consolidada e possível de ser naturalmente vivenciada. A escola aos poucos está rompendo com a organização tradicional, repensando o trabalho docente, reavaliando significativas mudanças relativas à tradicional divisão do trabalho dos professores. Do trabalho isolado está passando para um trabalho participativo, dando liberdade e autonomia para seu corpo docente reelaborar velhas propostas à luz das novas mudanças pedagógicas e gestacionais. Nesta pesquisa foram evidenciadas muitas manifestações neste sentindo; portanto, a escola parceira está seguindo a legislação da melhor forma possível.

O Estágio em Gestão Escolar na Escola Parceira foi um momento realmente marcante, enquanto acadêmico do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância, e principalmente, como profissional na área docente, pois permitiu o entendimento de como ela é organizada e gerida.

É preciso destacar, ainda, que os levantamentos das questões têm potencial para contribuir no aprofundamento de estudos e discussões a respeito dos temas abordados neste artigo e merece destaque em futuros estudos nas políticas referentes à área de Gestão Educacional, já que o período de quarenta horas de estágio nos permite apenas fazer um apanhado das situações e demandaria mais tempo para construir os aprofundamentos necessários.

8.REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. PEDAGOGIA DO OPRIMIDO. Rio de Janeiro. Paz e terra, 42 ed. 2005.

INSTITUTO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO JOÃO NEVES DA FONTOURA, Projeto Político Pedagógico.  Material impresso. Cachoeira do Sul, RS. 2010.  

INSTITUTO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO JOÃO NEVES DA FONTOURA, Regimento Escolar. Material Impresso. Cachoeira do Sul, RS. 2010.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases 9394/96.

PARO, Vitor Henrique. Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino - São  Paulo: ÁTICA, 2007.

SILVA, Rogéria Novo da. Que fazeres necessários à docência: imperativos à formação permanente. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPel, 2013.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro, PPP da Escola: Uma Construção coletiva. In PPP da Escola: Uma Construção Possível. Campinas, SP: Ed. Papirus, 1995, p. 21


[1] Graduando em Licenciatura em Pedagogia a Distância (UFPEL). E-mail: jefergoma@gmail.com

[2] Mestre em educação – UFPEL (2014); Especialista em Psicopedagogia Institucional pela UCB (2005) Especialista em Educação Infantil pela UCB (2004). Graduada em Pedagogia – FURG (1998), professora  curso de Pedagogia EAD/UFPel e-mail: marabrum@gmail.com

[3] Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura, Cachoeira do Sul, RS.

[4] Círculo de Pais e Mestres.

[5] 24ª Coordenadoria Regional de Educação, R. Ramiro Barcelos, 2762, Cachoeira do Sul.

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×