29/06/2016

Estágio supervisionado: A Musicalização Na Prática Pedagógica.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA – EaD

Estágio supervisionado:

A Musicalização Na Prática Pedagógica.

Aluno: JÉFERSON GOMES MACHADO

CACHOEIRA DO SUL, 2015

A MUSICALIZAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Artigo de Prática Docente I apresentado ao Curso de Licenciatura em PedagogiaUFPel/UAB, como requisito à conclusão do Estágio Supervisionado de 2015.

Supervisor do Estágio CLPD: Lilian Lorenzato

Supervisor do Estágio Escola: Adriana Sartório

Cachoeira do Sul, 2015.

SUMÁRIO

- RESUMO.................................................................................................................... 5

- APRESENTAÇÃO....................................................................................................6

- CONTEXTUALIZANDO  O ESPAÇO DE AÇÃO...............................................9

- ETAPAS DE ENSINO: COMPREENDENDO A ED. INFANTIL......................12

- PROCESSOS DE ENSINO: MUSICALIDADE NA ED. INFANTIL................. 16

- POSSIBILIDADES EM APRENDER COM MÚSICA........................................ 20

- TRABALHO DOCENTE......................................................................................... 23

- CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 26

- REFERÊNCIAS.........................................................................................................28

Equipe Docente Responsável:

Professores a distância: Michele Silveira Azevedo, Patricia Rutz Bierhals, Angélica Duarte da Silva.

Professores presenciais: Gláucia Gherke e Fernanda da Rosa.

Professora formadora: Michele Silveira Azevedo

Professora Orientadora: Maria Angélica Arocha da Silva

RESUMO

            No presente artigo, mencionam-se e dimensionam-se as experiências e percepções no período de estágio de prática docente na Educação Infantil, nível B, turno da manhã, faixa etária dos cinco anos de idade, na escola parceira - [1]Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura, da cidade de Cachoeira do Sul, RS. Tem-se o intuito de divulgar as experiências nele vividas bem como os resultados alcançados no período. Na busca pela formação docente, entende-se que este processo é de fundamental importância para o desenvolvimento pessoal e profissional na área. 

            Este artigo está dividido em cinco etapas que foram percebidas, analisadas e expostas de acordo com o desenvolvimento dos trabalhos, buscando a conformidade com as situações propostas pela equipe formadora do curso. Estas etapas são relatadas e embasadas dentro de um plano de contextualização do estágio que trata de apresentar a estrutura física da escola e o seu entorno; das suas etapas e processos de ensino, que traçam um “mapa” da turma e abordam as situações encontradas e vividas no período do estágio, bem como as metodologias utilizadas; da aprendizagem dos alunos, norteadora dos meios pelos quais se dá a aquisição do saber discente, tendo o aluno como agente construtor do seu próprio conhecimento; e, por fim, da análise e da confirmação da importância do trabalho docente que, neste momento, mostra que o professor não é um mero transmissor de conhecimento; refere-se à sua formação continuada e faz uma reflexão sobre a prática docente junto à turma da Educação Infantil do nível B da escola parceira.

A experiência adquirida no estágio foi muito enriquecedora, pois ao colocar em prática os planejamentos no ambiente da sala de aula, em alguns momentos houve a necessidade de repensar e readequar as atividades propostas, tomando em consideração as situações que se apresentavam. Em vista disso, a vivência do estágio propiciou, de fato, embasamento para futura regência de turma.

            Palavras Chave: Musicalização; Ensino; Aprendizagem.

APRESENTAÇÃO

            As experiências do estágio foram vivenciadas no período de 18 de maio a nove de junho de 2015, divididas numa carga horária de 60 horas de regência com a turma escolhida para o seu desenvolvimento. A intencionalidade deste artigo baseia-se na reflexão pelo sucesso obtido ou pelas possíveis lacunas deixadas no período, buscando-se desta feita o aperfeiçoamento enquanto acadêmico do Curso de Pedagogia em Distância UAB/UFPEL.

No início do curso do CLPD, houve a proposta da escolha de uma escola parceira. Optou-se então pelo Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura, pois nele vivenciou-se a experiência como estudante nos períodos da Educação Infantil e posteriormente no Ensino Médio.

O I.E.E. João Neves da Fontoura é uma escola tradicional da cidade de Cachoeira do Sul que abrange os três níveis de ensino (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), atuando durante os três turnos do dia.  Buscou-se pesquisar o seu entorno e adentrar na sua realidade concreta, entrevistando-se alunos, pais e equipe diretiva para colher os dados necessários para o início dos estudos propostos pelo CLPD. Alguns elementos foram percebidos, porém o que mais se destaca nesta escola é a continuidade dos estudos por gerações de famílias, ou seja, quem no passado ocupou seus bancos escolares, atualmente é pai de aluno, tornando-a uma escola tradicional neste sentido.

            Foi elaborada a pesquisa do seu entorno, bem como visitações a algumas famílias pertencentes àquela comunidade escolar e à sua equipe diretiva. Optou-se por escolher a turma de Educação infantil nível B para o desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa junto ao CLPD. Entende-se que, neste nível de ensino, o uso da música como ferramenta mediadora da aprendizagem é muito enriquecedora, pois desperta e incita na criança sua musicalidade já nos primeiros anos na escola.

            No semestre anterior à prática docente, houve o Estágio de Gestão Escolar com um período de quarenta horas e, por último, um pré-estágio com a duração de vinte horas, quando foi possível observar a turma e as suas peculiaridades, tendo como meta ampliar a leitura da mesma, relacionar o trabalho docente, a prática pedagógica e a didática adotada pela escola parceira.  Estas observações tiveram um papel fundamental, pois proporcionaram, enquanto estagiário, uma compreensão sistematizada de como está organizado o espaço escolar do Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura. Adentrou-se, então, no estágio efetivo com a turma escolhida e, mediante todos os estudos mencionados, definiu-se qual seria o planejamento e as ações pedagógicas no decorrer da rotina escolar. Todas estas etapas definiram as estratégias aplicadas no estágio.

A relação entre as teorias vivenciadas no CLPD e os embasamentos teóricos, neste momento, entram em conformidade com a prática docente. As estratégias lançadas nos planos de aula foram minuciosamente pensadas para atender à demanda da turma que previamente havia sido observada desde as primeiras visitações à escola parceira, no período da pesquisa do seu entorno e durante o período de pré-estágio. Foi o momento de aprender ensinando e ensinar aprendendo, colocando em prática estas experiências. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende, ensina ao aprender”. (FREIRE, 1997, p. 25.)

            A professora titular da turma, a coordenação pedagógica e a equipe diretiva da escola foram de suma importância para lançamento dos olhares sobre a turma e para a elaboração e efetivação dos planejamentos das aulas.

            Assim, de acordo com os estudos e discussões que norteiam o período do estágio entende-se:

Nelas devem ser trabalhadas, de forma integrada e crítica, tanto a percepção do papel de professor quanto ao desempenho dele, cuidando ainda para garantir o exame das dimensões éticas da atuação docente. (OLIVEIRA, 2007, p. 32)

            Com a realização do estágio, vivenciou-se junto à turma uma experiência maravilhosa de poder atuar como seu regente neste período. Foi um momento de muitas construções e de imersão na realidade e no cotidiano dos alunos. Tornar um aluno crítico e um ser social é uma das grandes metas no âmbito da docência e esta tarefa deve ser embasada e pensada de acordo com estratégias que sejam condizentes com o saber pedagógico.

É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transmitir conhecimento – não precisa apenas ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser – ontológica, política, ética, epistemológica, pedagógica, mas precisa ser também constantemente testemunhado, vivido. (FREIRE, 1997, p.27.)

                Optou-se no período de estágio pelo uso da música como ferramenta mediadora no processo de ensino/aprendizagem, pois é um segmento em que se atua, enquanto profissional na área da docência em Educação Infantil e nas Séries Iniciais.  Entende-se que através desta mediação, todos os conteúdos poderão ser trabalhados de uma forma interdisciplinar, construtiva e aprazível.

1 – CONTEXTUALIZANDO O ESPAÇO DE AÇÃO

            Neste momento, menciona-se o entorno do I.E.E. João Neves da Fontoura com o intuito de compreender como está organizado o seu espaço físico, seu desenvolvimento socioeconômico e o seu âmbito cultural dentro do contexto social. Desde as primeiras visitações à escola os “olhares” estavam voltados para tal fim, buscando-se perceber o meio em que vivem os indivíduos que a ocupam, a percepção da comunidade escolar e o seu espaço geográfico.

            O entorno do Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura caracteriza-se por uma região central da cidade, de fácil acesso que possui prédios residenciais e comerciais nas suas imediações. Esta região destaca-se também por ser onde se encontra o estádio de futebol Joaquim Vidal e, no seu complexo, o ginásio de esportes Derli Steinmertz que sedia a atividade desportiva de futsal, atualmente o destaque esportivo da cidade.

            Oferecer um espaço de convívio diário com experiências de vida num âmbito que deve ser democrático é um dos atributos da escola parceira. A escola é organizada por associações e agremiações que atuam de acordo com as suas características dentro do seu espaço físico e em consonância com o seu público, que é basicamente composto por famílias de classe média que se mantêm fiéis ao processo de evolução escolar de seus filhos por gerações, tornando-a assim uma escola tradicional e muito conceituada na cidade.

            A pesquisa do entorno da escola apontou a relação que a instituição deve ter entre o seu espaço físico, o conhecimento que deve ser adquirido pelos seus sujeitos formadores e o âmbito social que tudo isto contempla. 

            Diante disto, entende-se que:

O sujeito é o elemento conhecedor, o centro do conhecimento. O objeto é tudo o que o sujeito não é.  O que é o não-sujeito? O mundo no qual está mergulhado: isto é, o meio físico ou social. (...) Então de onde vem o seu conhecimento (conteúdo) e a sua capacidade de conhecer (estrutura)? Vem do meio físico ou social. (BECKER, 2001, p. 16-17).

É o entorno propriamente dito.

            O prédio da escola ocupa o espaço de uma quadra inteira, possuindo três andares e um subsolo. O subsolo é o espaço disponibilizado para as salas da Educação Infantil nos níveis A e B, Maternal e do primeiro ano do ensino fundamental, contando com sua praça interna própria para a recreação. Basicamente toda a estrutura necessária para o desenvolvimento das aulas da Educação Infantil é encontrada neste ambiente, como sala de vídeo, jogos, brinquedos e material didático, levando em consideração a faixa etária dos alunos.

            A escola parceira dispõe de um espaço físico privilegiado, tanto que a sala de aula é provida de uma “casinha” para recreação, contando também com espaço para os materiais pedagógicos e equipamento próprio para vídeos. A localização da sala de aula é ao lado da pracinha de brinquedos, tornando muito prática a sua acessibilidade.

            A participação da família junto à turma da Educação Infantil nível B é bastante efetiva no seu cotidiano e nos momentos de conversações e reuniões regulares ou extraordinárias em que os pais atuam colaborando com as propostas pedagógicas da escola. Entende-se que a equipe pedagógica e a ação da professora titular da turma devem direcionar-se para o incentivo à participação da família com o intuito de não apenas estarem cientes dos acontecimentos, mas sim de efetivarem-se nesta participação. Os pais devem ser permanentemente instigados a participarem e acompanharem o desenvolvimento do aprendizado de seus filhos.

Está contemplado no PPP da escola:

É fundamental que os representantes da comunidade estejam presentes na Escola, discutindo, estudando, elaborando e decidindo sobre o trabalho, ou seja, alunos, pais, funcionários e educadores se apropriando coletivamente do processo educacional. Pois só assim será possível estabelecer uma relação dialógica entre a bagagem trazida pelos pais e alunos e práxis dos educadores. (PPP, 2010).

Há uma preocupação em atingir a participação de todos os sujeitos envolvidos no processo de ensino/aprendizagem para o crescimento da instituição.

Isto também está expresso na LDB:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e comunidade. (LDB9394/96, art. 29.)

            No processo escolar, a participação da família é fundamental para o bom desenvolvimento da aprendizagem do aluno de educação infantil.

            As famílias que mantêm os filhos na educação infantil da escola são na sua maioria de classe média baixa. São trabalhadores que entendem que o papel da escola parceira perante a comunidade deve refletir-se na sala de aula e na sua capacidade de fornecer boa formação para seus filhos.

            Para PENIN “A função social da escola deve ser, portanto, a de socializar o saber sistematizado e o lugar onde é difundido o conhecimento que a sociedade estima necessário para transmitir às novas gerações”. (PORTAL EDUCAÇÃO, art. 14360)

            Portanto, diante desta afirmativa, entende-se que de um modo geral a escola parceira, em relação aos níveis da Educação Infantil, possui uma boa desenvoltura na relação entre família, comunidade e o seu entorno.

            Quanto às relações interpessoais, os alunos são muito bons, pois a turma é bastante tranquila, apesar de numerosa (22 alunos). Existem momentos de atritos, o que é comum entre as crianças na faixa etária dos cinco anos. 

Segundo GALVÃO:

“A criança opõe-se ao que distingue ser diferente dela e combate qualquer ordem, convite ou sugestão que venha do outro, buscando com o confronto, testar a independência de sua personalidade recém-desdobrada, expulsar do eu, o não-eu”. (GALVÃO, 1995, P.53)

Neste sentido, o conflito também pode ser uma condição que poderá contribuir para manter a união do grupo, pois oportunizará um fator de aprimoramento sobre os valores, a boa conduta e a amizade. Cabe ao professor mediar com perspicácia esta situação.

No caso desta turma, as situações são mediadas e contornadas sem muito esforço por parte da professora titular. Neste sentido, ela afirma: “Eles são muito bons de trabalhar, pois são bastante prestativos e ouvem a professora”. (Entrevistada 23/04/15.)

            Quanto a esta afirmativa de alunos “prestativos”, entende-se que o atributo dado pela professora às crianças da turma dá-se pelo fato de haver uma interação entre as partes, pois os alunos têm um bom relacionamento com a professora.

            As atividades pedagógicas propostas no período do estágio foram muito bem aceitas pela turma, especialmente o uso da música, que foi o grande diferencial, pois até então não havia sido utilizada de forma sistematizada.

De acordo com o Referencial Curricular para a Educação Infantil:

A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos (...). Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. BRASIL (1998, p. 28)

                Desta forma a música e as brincadeiras acabam sendo ótimas ferramentas de auxílio do aprendizado, pois se constituem parte do currículo na Educação Infantil.

O ambiente escolar deve ser o lugar apropriado para a conquista de novas experiências de aprendizado, bem como as várias formas do aluno comunicar-se e interagir com o meio em que ele está inserido. Estas linguagens podem ser adquiridas e expressadas através das brincadeiras, das músicas, do movimento, sem perderem no seu íntimo a intencionalidade pedagógica, mesmo quando elas parecem apenas brincadeiras.

Isto possibilita à criança trocar observações, ideias e planos, ou seja, (...) sistemas de representação e estas linguagens estabelecem novos recursos de aprendizagem, pois se integram às funções psicológicas superiores e as transformam. (OLIVEIRA, 2002, p.228.)

                Tendo como base a fundamentação teórica, a pesquisa sobre os interesses dos alunos e as demonstrações das potencialidades nas observações anteriores da turma, pensou-se a proposta dos planos de aula para o período de estágio e, desta forma, foram levados até eles propostas educativas de muitas músicas e brincadeiras, sempre com a intencionalidade pedagógica presente nelas.

2 – ETAPA DE ENSINO: COMPREENDENDO A EDUCAÇÃO INFANTIL

            A Educação Infantil deve compor, juntamente com a sua equipe docente e a atuação da família, um vínculo que dê suporte ao desenvolvimento social, emocional, físico e cognitivo da criança. Isto deve estar explícito nos seus planos de estudos bem como no PPP da escola, buscando alcançar uma sincronia entre conteúdos, objetivos e as práticas diárias de ensino.

No objetivo geral dos planos de estudos da escola parceira contempla-se:

Criar condições, para satisfazer as necessidades básicas da criança, oportunizando clima de bem-estar físico, afetivo, social ou intelectual, mediante a proposição de atividades lúdicas que promovam a sociabilidade, o respeito, a criatividade, a curiosidade, e a espontaneidade, estimulando o desenvolvimento físico e o estabelecimento de relações cognitivas, afetivas e sociais, a partir do que ela já conhece e de sua família. (PLANOS DE ESTUDOS, 2010)

            Entende-se que estes objetivos gerais estão em conformidade com a LDB como está explícito nos artigos 29 e 30:

A “Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. A Educação Infantil será oferecida em: creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até 3 (três) anos de idade; pré-escolas, para crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.” (LDB, Arts. 29 e 30)

                Entende-se que este desenvolvimento integral dar-se-á através de princípios que contemplem os planos de desenvolvimento na Educação Infantil da escola parceira. Isto deverá englobar o cuidado para com as crianças, a educação que lhes será proporcionada e o simples ato de brincar, proporcionando o seu pleno desenvolvimento e tornando-as seres críticos e criativos.

            Notou-se que a turma possui, num total de 22 alunos, cinco que mostram uma dificuldade muito grande nas suas falas, fato este que não é incomum nesta faixa etária. Porém, evidenciava-se uma situação a ser contemplada e consequentemente deveria ser trabalhada. Optou-se então por exercitar também a oralidade destas crianças, fazendo o uso dos cantos infantis nos atributos das atividades propostas no período. Tal situação foi observada e avaliada previamente nos estudos anteriores ao estágio.

            Segundo o RCNEI:

Uma das tarefas da educação infantil é ampliar, integrar e ser continente da fala das crianças em contextos comunicativos para que ela se torne competente como falante. Isto significa que o professor deve ampliar as condições da criança de manter-se no próprio texto falado. Para tanto, deve escutar a fala da criança, deixando-se envolver por ela, resgatando-a sempre que necessário. (BRASIL, 1998, P. 135)

            Estas atividades foram aplicadas de uma forma pensada em que o aluno era instigado a participar das atividades utilizando a música como ferramenta pedagógica. A música tem a propriedade de estimular e despertar a sensibilidade da criança, assim, ela acabará mostrando sua expressividade como resultado do que lhe foi proposto. Entende-se que isto é percebido e posteriormente expressado de modo singular por parte de cada indivíduo, de forma que se pode perceber as potencialidades e habilidades de cada um.

            De acordo com a avaliação de música nos Parâmetros Curriculares Nacionais: 

Interpretar, improvisar e compor demonstrando alguma capacidade ou habilidade: Com este critério pretende-se avaliar se o aluno cria e interpreta com musicalidade desenvolvendo a percepção musical, a imaginação e a relação entre emoções e ideias musicais e em produção com voz, com o corpo, com os diferentes materiais sonoros e instrumentos. (P.C.N. 1997, p.64.)

            Outra situação que a música auxiliou bastante no estágio foi com relação ao momento da chamada, por exemplo, em que era feita a interpretação da música “Bom Dia Amiguinho Como Vai”, que referia o nome de cada criança, quando elas tinham que responder falando o seu nome e cantando os versos da canção. Assim havia um estímulo para elas se comunicarem e ao mesmo tempo proporcionava a percepção do nome de cada aluno, sem a necessidade de escrever os seus nomes em crachás ou nas suas mesas.

            Assim sendo, entende-se que o professor é o grande mediador do processo educacional, sendo sua formação continuada um fator fundamental para o sucesso da condução do processo ensino/aprendizagem. E, diante das observações, notou-se que a professora titular estava sempre atualizando seus conhecimentos, bem como a possibilidade de ampliá-los, partindo das suas experiências em consonância com uma formação continuada.

            Na primeira semana do estágio, houve um dia em que a professora participaria de um congresso formativo na área da Educação Infantil e a turma ficaria sob total responsabilidade do estagiário. O desafio da regência da turma naquele dia acabou sendo muito positivo, pois longe do olhar da professora titular, percebeu-se que a produtividade e os resultados das atividades propostas foram exitosos, comprovando a conformidade dos trabalhos com os anseios da turma.

            Na busca por esta formação, enquanto estagiário, entendeu-se que o foco principal no período estaria embasado nos estudos abordados pelo CLPD nos eixos temáticos anteriores, nas pesquisas na área da Educação Infantil e nas aulas presenciais até o momento do estágio. Para tanto, as estratégias através da utilização da música como ferramenta pedagógica aplicada, tiveram o embasamento necessário para a execução das atividades de modo que contribuíssem para a formação e o desenvolvimento nas etapas e nas habilidades dos alunos.

            É muito importante que o professor reflita sobre a sua prática várias vezes, recorrendo e revisando os seus planos e as aplicações deles perante a sua efetiva ação.  É sempre válido buscar os embasamentos teóricos e vislumbrar formas mais flexíveis de desenvolvimento das estratégias durante as atividades propostas em sala de aula, no sentido de poder mudar, quando for pertinente, sempre com o intuito de alcançar da melhor forma o objetivo proposto. Assim, isto pode ser uma forma de aplicar novos conceitos e de consolidar a boa formação.

            Assim, segundo Paulo Freire cita na Pedagogia da Autonomia:

A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, a que se funda na sua competência profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência. O professor que não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. (...) A incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor. (FREIRE, 1997: 102-103.)

            Entende-se que esta contundente afirmativa é a mais pura versão da realidade na arte da docência. A educação deve ser humana, portanto devemos evoluir diante desta condição, relacionando-se com o mundo em que vivemos e buscando sempre as melhores perspectivas evolutivas e, na docência, isto não deverá ser diferente.

3 - PROCESSOS DE ENSINO: MUSICALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

            Durante a vivência na educação infantil, procurou-se utilizar métodos diversificados para o desenvolvimento das aulas, tendo como norteadoras as matrizes curriculares que preestabelecem as disciplinas de: Linguagens, Matemática, Estudos Sociais, Ciências, Psicomotricidade, Educação Artística e Ensino Religioso, bem como o seu Projeto Político Pedagógico. Cumpriu-se um roteiro que consistia em planos de aula para o desenvolvimento das mesmas, fazendo algumas modificações sempre que necessário, visto que cabe ao professor trabalhar com planos de aula flexíveis a eventuais mudanças no seu percurso.

O Projeto Político Pedagógico do I.E.E. João Neves da Fontoura tem como filosofia “EDUCAR PARA TRANSFORMAR”. “Esta entidade prima pelos preceitos de uma construção coletiva que envolva, de uma forma democrática, toda a comunidade escolar (pais, professores, funcionários e alunos)”. (P.P.P., 2010). Porém há alguns indícios de que esta “construção” do seu Projeto Político Pedagógico, por estar sempre em constante aperfeiçoamento, apresenta algumas questões deficitárias que incidem e influenciam diretamente no desenvolvimento deste processo. E, como a participação da comunidade escolar nas atividades pedagógicas está explicitamente contemplada no seu PPP, o fator tempo é o que compõe o principal agente para o seu pleno desenvolvimento.

A diretora da escola afirma:

 “Acredita-se que essa transformação não ocorre de uma hora para outra, isso se faz ao longo do tempo com o comprometimento da escola em conjunto com toda a comunidade escolar, pois esse objetivo se conquista lentamente.” (Entrevistada 20/11/14.)

            Para realização das aulas no período do estágio, foram buscados elementos didáticos e pautados em rotinas que são de fundamental importância nessa fase, tais como: livros, vídeos, jogos, leituras de imagens, corporeidade, artes plásticas e música.        

A rotina é um elemento importante na Ed. Infantil, por proporcionar à criança sentimentos de estabilidade e segurança. Também favorece à criança maior facilidade de organização espaço-temporal e liberta o sentimento de estresse que uma rotina estruturada pode causar. (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013)

            No momento da recepção dos alunos, no primeiro horário das aulas, pedia-se que eles se colocassem em “rodinha”, sentados. Esta atividade sempre se mostrou muito aprazível, pois propiciava situações de acolhimento, segurança e receptividade, deixando as crianças felizes em participarem daquele contexto.  Esta prática era abordada a cada dia de uma forma diferente em alguns aspectos. Nas segundas-feiras, por exemplo, pedia-se aos alunos que quisessem relatar como foi o seu final de semana quais as atividades que exerceram em família e com os amigos, se houve uma interação com a natureza ou se isso aconteceu na maior parte do tempo dentro de suas casas, etc. Nos outros dias da semana, nesse momento, elas se expressavam espontaneamente e contavam as suas novidades e as suas percepções do dia anterior e de outras situações vividas dentro e fora da escola.  Na sequência era feita a chamada cantada através da canção “Bom Dia Amiguinho Como Vai” e/ou “Se Você Está Contente Bata Palmas”, fazendo o uso de um violão para o acompanhamento das músicas.  Nas quartas-feiras, fazia-se o uso de instrumentos improvisados que eram disponibilizados aos alunos, todos feitos de materiais reciclados como reco-recos, tambores, guizos, chocalhos e triângulos metálicos. Nas sextas-feiras, era permitido que as crianças levassem os seus brinquedos de casa para o primeiro momento das aulas.

            Assim, percebiam-se as suas vivências e as suas experiências de vida, propiciando um bom grau de conhecimento das suas individualidades. Esta percepção foi de grande valia para os desdobramentos das atividades propostas, pois a evolução da musicalidade da turma, já no final da primeira semana de estágio, era nítida. Os alunos já dominavam a maioria dos cantos e consequentemente a entoação deles ficava mais bem articulada no que diz respeito às suas dicções, promovendo assim a oralidade e as gestualidades dos alunos. Após este momento, aplicavam-se as músicas que direcionariam as intencionalidades da aula prevista para o dia.

            Os conhecimentos prévios dos alunos ajudaram a determinar os assuntos que seriam abordados na rotina da turma e tal prática foi aplicada desde o primeiro dia de estágio; entende-se que este procedimento direcionou positivamente o trabalho docente.

Nesse sentido, ressalta-se que:

Interessar-se pelos saberes e pela subjetividade deles é tentar penetrar no próprio cerne do processo concreto de escolarização, tal como ele se realiza a partir do cotidiano dos professores em interação com os alunos e com outros atores educacionais.(CELESTINO, 2006, p. 75)

                Entende-se, portanto, que estava em conformidade a autonomia da iniciativa infantil, que é essencial para a formação do sujeito, e as atividades pedagógicas propostas nos planos de aula elaborados para o período.

O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. Precisamente porque éticos podemos desrespeitar a rigorosidade da ética e resvalar para a sua negação, por isso é imprescindível deixar claro que a possibilidade do desvio ético não pode receber outra designação senão a de transgressão. (FREIRE, 1997. P. 35.)

            Desta feita, o professor deve respeitar os anseios do aluno, incentivando nele a busca por saciar a sua curiosidade e inquietação.

            Constatou-se, no período de observações junto à turma, que eles pouco faziam uso da música cantada. As atividades eram restritas ao uso de CDs ou poucos cantos infantis usuais.  Buscou-se, desta forma, incitá-los a cantarem o que conheciam. Houve uma boa resposta, pois estas atividades eram bem restritas no seu cotidiano escolar e isto poderia ser ampliado. A própria professora titular afirmou: “Eu não sou boa em música, então não tenho o hábito de trabalhar nesta área.” (Entrevistada em 23/04/15)

            Pensou-se, então, uma situação que acabou caracterizando a prática docente realizada no período de estágio, ou seja, a execução das atividades por intermédio de músicas variadas de cunho pedagógico, já que esta era uma lacuna a ser preenchida dentro das atividades da turma.

            As disciplinas aplicadas foram abordadas de uma forma diferenciada para os alunos, o que acabou despertando o seu interesse. Foi uma forma inovadora para eles, pois a música motivou o seu interesse e, consequentemente, houve uma maior atenção e participação nas atividades. As músicas “Aquarela” e “O Caderno”, de Toquinho e Vinícius de Moraes, foram bons exemplos, pois delas desdobraram-se vários assuntos como a natureza, o meio ambiente, as formas geométricas, a estética, a motricidade, a gestualidade, as cores, a geografia, as emoções, o uso do material didático (caderno) e a espiritualidade. Portanto, contemplaram tudo o que estava previsto nos planos das aulas para a turma.

            Assim sendo, percebeu-se a importância de usar o universo musical para orientar os alunos, trabalhando de forma interdisciplinar e estimulando-os a participarem efetivamente durante as atividades como seres atuantes no processo do ensino e da aprendizagem.

4 – POSSIBILIDADES EM APRENDER COM MÚSICA

            O aluno deve ser ativo e participativo na construção do seu próprio conhecimento, e entende-se que isto é um fato que deve ser estimulado desde a mais tenra idade da criança; desta forma o professor deverá ser um agente incentivador nesta construção.  A arte e a música podem ser um ótimo estímulo, pois permitem ao educando que ele por si só tenha a percepção do objeto de estudo e tire as suas próprias conclusões através daquilo que ele percebe.

            Segundo a afirmativa:

E aí está o papel da arte na escola: possibilitar que o educando não leia o que é apensas sugerido, veja o que está por trás da imagem, ouça o que não é sequer sussurrado. Permitir que ele vivencie a arte em todas as suas dimensões é deixar que ele perceba os significados das manifestações artísticas (a serviço ou não de outros objetivos) e possa, assim, ser senhor da sua própria história. Olhar criticamente é, portanto, libertar-se. (ARANHA, 1996, p. 235.)

            Assim sendo, o aluno aguça o seu olhar crítico, é incentivado à sua liberdade de criação e a momentos de autonomia.

            Houve momentos no período de estágio em que o que foi planejado não pôde ser imediatamente aplicado, pois situações alheias a este planejamento surgiram. Na primeira semana de estágio, por ocasião das comemorações do aniversário da escola, do aniversário da diretora e da realização da feira do livro, situações que não haviam sido previstas na formulação dos planos de aula, optou-se por adequar as atividades justamente ao que acontecia naquela semana no ambiente escolar. Foram então utilizadas as atividades que envolviam o planejamento da segunda semana de estágio que estavam mais de acordo com o momento. Esta estratégia de remanejo surtiu muito bons efeitos.

            Diante desta situação, entende-se:

Por mais minucioso que seja o planejamento, os professores precisam, necessariamente, alterá-lo ao longo do ano, das etapas e dos dias, porque as coisas raramente acontecem como previstas. No fim das contas, o planejamento não passa de um plano, um mapa geográfico do ensino; portanto, é normal que, em contato com o território real do trabalho, esse mapa seja modificado, especificado, adaptado. (TARDIF e LASSARD, 2007, p 214.)

            O planejamento sempre deverá ser flexível. 

            Quanto à aprendizagem dos alunos, entende-se que o grande diferencial no período do estágio foi a introdução da música e dos cantos infantis nos trabalhos desenvolvidos, tendo a intencionalidade de levar os alunos a cantarem e expressarem-se intensamente usando a articulação das palavras cantadas. Obteve-se, através das conversações com a professora titular da turma e mediante as percepções ao final do estágio, ótimos resultados neste segmento. Neste sentido, as crianças respondiam melhor aos estímulos musicais e transmitiam estes estímulos para os trabalhos realizados.

Houve trabalhos de percepção musical em que os alunos deveriam transmitir para o papel, na forma de desenhos, as sensações que a música tinha-lhes proporcionado. Esta atividade esteve presente nos planejamentos no mínimo uma vez a cada semana de estágio. Na segunda e na terceira semanas, percebeu-se que os trabalhos evoluíram gradativa e significativamente. Estas percepções nas suas evoluções foram avaliadas através da troca de informações junto à professora titular e à coordenadora pedagógica responsável pelas turmas da Educação Infantil, no sentido de avaliar a efetividade das propostas aplicadas.

  A professora titular afirmou:

"O planejamento no período do estágio foi de acordo com o nível da turma e com os objetivos propostos. Ótimo relacionamento com a turma e destacam-se as ótimas aulas de música que atingiram plenamente os seus objetivos”. (Parecer Prática de Ensino I. 09/06/15.)

                Mediante esta afirmativa, vislumbrou-se que as estratégias adotadas para os planejamentos das aulas e o seu efetivo desenvolvimento obtiveram êxito e, consequentemente, a intencionalidade correta.

            Porém, muitas lacunas deixaram de ser preenchidas em razão do período de três semanas ser insuficiente para a obtenção de melhores resultados. Sabe-se que o processo de desenvolvimento da oralidade dos alunos, por exemplo, demanda um tempo mais longo, no entanto houve o incentivo de acordo com a proposta elaborada para estágio.

Desta forma, entende-se que:

Os sons, gestos, ritmos, entoações que caracterizam as primeiras tentativas na produção de linguagem, ligam-se ao mundo do trabalho – mundo dos afazeres cotidianos – e à ação humana. (...) Á medida que vão nomeando as “coisas”, as ações, os movimentos, as sensações, os homens vão diferenciando-as entre si e da totalidade a qual são vinculados, vão “significando-as”, conferindo-lhes identidade e, assim, dominando-as. Este processo não é executado por alguém isoladamente, mas sim na coletividade. (MOOL, 1996, P. 62-7.)

                Acredita-se que a “semente” da sensibilização para a construção do conhecimento através do uso das artes e da música, que transitou por todos os conteúdos desenvolvidos (Geografia, Matemática, Estudos Sociais, Linguagem, Religião, Ciências, Psicomotricidade e Artes), foi “plantada” no “jardim da infância” da turma do Nível B da Educação Infantil da escola parceira. Este processo foi sendo construído desde os períodos das primeiras visitações, da pesquisa do entorno, do estágio em gestão, do pré-estágio até o período do estágio supervisionado. Portanto, o processo foi pensado e repensado.

5 - TRABALHO DOCENTE

            A simples transmissão de conhecimento não é o papel do professor, enquanto que as crianças também não são meros depósitos deste conhecimento ou seres passivos e sem nada a oferecer. Pode-se ir mais além ainda: “A infância pode ser a grande educadora dos seus mestres e pedagogos.” (ARROYO, 2000, p.251) Assim, aprende-se ensinando e o professor torna-se a figura do aprendiz.

            O professor deve dar significado ao aprendizado do aluno, tornando-o um ser que sabe questionar, tem ciência e posicionamento sobre os seus atos.

            Segundo o autor:

“O que fica para a vida, para o desenvolvimento humano são os conhecimentos que ensinamos, mas também, e sobretudo, as posturas, os processos e significados que são postos em ação, as formas de aprender, de se interessar, de ter curiosidade, de sentir, de raciocinar e de interrogar.” (ARROYO, 2000, p.110.)

 

            Outra situação que permeia o trabalho docente é a formação continuada que dará ao professor a capacitação de refletir sobre sua prática docente. Segundo Kramer:

            “A questão da formação dos professores representa para a educação infantil, dentre outros aspectos, questão fundamental para o reconhecimento desse segmento como instância educativa e também para a sua qualidade”. (KRAMER, 1999, p. 137).

             Assim, entende-se que isso envolve investimento, por parte da escola, na área. Obteve-se a informação de que a escola parceira promove momentos de formação para os seus professores da educação infantil, no entanto ela encontra uma dificuldade em mobilizar todas as suas professoras no decorrer do ano letivo, em razão de trabalharem em outras instituições de ensino, ficando mais restritos estes encontros.

            Uma situação constatada no período de estágio veio por intermédio do relato da professora titular da turma que, mediante as suas conversações em reuniões com os pais dos seus alunos e alunas, afirmou: “Os alunos quando estão em casa, apenas assistem televisão, estão na internet ou jogam videogame”. (Entrevistada dia 15/06/15.) A professora mencionou este fato, pois as crianças valorizam muito os momentos na pracinha. “Quando elas chegam à pracinha, não sabem para onde vão, de tanto que gostam”. (Entrevistada dia 15/06/15.) A professora atribui isto ao fato de em casa não brincarem em ambientes abertos como o que a escola disponibiliza. Liberam suas energias!

            Na escola parceira, encontrou-se uma ótima estrutura que acompanha a evolução e as necessidades dos alunos na atualidade. Buscou-se, então, o trabalho desafiador no processo de aprendizagem desta turma, através do uso da música como ferramenta de ensino e aprendizagem no seu cotidiano. A música é atemporal, portanto sua aplicação tende a ser bem aceita nos trabalhos.  Isto amplia a percepção das crianças e as suas ações com relação à fluência verbal, pois através do canto elas poderão exercitar a articulação correta das palavras, além do seu desenvolvimento mental, emocional e espiritual. Assim sendo, a música permite à criança aprender várias coisas ao mesmo tempo, ou seja, a articulação dos cantos e a combinação dos sons, bem como atribuir significado a estes sons. “É isso que fará dela um ser humano capaz de compreender os sons de sua cultura e de se fazer entender pelo uso deliberado dessas aprendizagens nas trocas sociais.” (CRAIDY;DAERCER, 2001, p. 130).

            Quando o autor cita “os sons de sua cultura”, entende-se que há algo mais do que apenas ouvir algumas músicas e reproduzi-las através do ato de cantar ou de reproduzir sons de instrumentos. Isto implica no sentido de que a criança traz aquilo que ouve à sua realidade concreta. Ela pode ter vontade de dançar, por exemplo, e o movimento corporal é espontâneo. Isto pode ser algo pessoal de cada indivíduo e dependendo da sua cultura musical, o movimento será mais intenso em alguns e menos em outros. O certo é que este efeito de movimentar-se, através de um estímulo musical, de alguma forma será expresso pela criança.

            Outra situação que envolve o desenvolvimento cognitivo da criança é o brincar, quando elas colocam em prática a sua criatividade e também desenvolvem as suas habilidades psicomotoras. Isto era notoriamente percebido durante as aulas das sextas-feiras, dia em que as crianças eram estimuladas a levarem os seus brinquedos para a escola. Elas criavam situações de trocas entre seus brinquedos, por exemplo, mostrando um bom convívio dentro da turma. Outros brincavam de construir estruturas com peças de montar, no qual o encaixe das peças formavam torres altas, até onde eles conseguiam erguê-las. Neste momento percebia-se as estratégias por eles utilizadas para aumentar a elevação destas estruturas, uns subiam em cadeiras, outros a dividiam em duas partes e logo após as encaixavam, criando assim uma outra solução para os seus objetivos.

            As brincadeiras impõe muitos desafios e as experiências tiradas delas podem ajudar na solução de alguma situação adversa futura. A criança, no seu convívio diário com as brincadeiras, acaba construindo o seu conhecimento e o brincar acaba ensinando, através da imitação do mundo exterior, a sua própria autonomia.

            Em conformidade com a teoria:

Na brincadeira é como se a criança fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. (VIGOTSKY, 1989, p.117.)

            Buscou-se, diante desta afirmativa, apresentar no período do estágio a intensificação da variação das múltiplas linguagens como a brincadeira, a música, os gestos, o desenho, a dança e a manipulação de objetos como forma de incentivar o desenvolvimento mental e emocional dos alunos. Este é, sem dúvida, o papel do professor, quando ele propõe os desafios e a criança poderá sentir-se capaz de superá-los e aprender com eles de forma construtiva e evolutiva.

            Entende-se que o trabalho docente envolve a capacidade de despertar os sentidos dos alunos e aguçá-los com o intuito de torná-los mais críticos e conscientes, auxiliando-os na formação dos seus valores e das suas práticas cotidianas. Deve-se, para isto, respeitar as fases do desenvolvimento da criança, bem como as suas necessidades e a sua criatividade. Despertar a curiosidade da criança também faz parte do processo educativo e o professor que consegue alcançar este objetivo está no caminho correto rumo ao aprendizado e afasta-se, assim, da simples transmissão de conhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Ao ingressar-se no CLPD, já nas primeiras atividades e nos primeiros movimentos dos eixos temáticos, vislumbrou-se o momento da efetivação do estágio. O primeiro passo foi dado.  O enriquecimento pessoal e profissional está sendo construído de uma forma sólida e durante a vivência do estágio os desafios que surgiram foram muitos. As situações de mediação quanto às atividades propostas, as questões de avaliação dos alunos e as relações interpessoais da turma foram alguns destes desafios e eles mostraram a realidade da docência nos dias de hoje. Entende-se que esta realidade deve estar embasada nos valores adquiridos, resultantes das experiências vividas dentro e fora da sala de aula, e o conhecimento adquirido deve ser compartilhado igualmente entre todos.

            A opção pelo uso da música como ferramenta de mediação do aprendizado, da mesma forma, encontrava-se intrínseca desde os primeiros movimentos dentro do curso. Tal intenção sempre foi explicitada junto às tutoras, bem como nos trabalhos desenvolvidos no curso, definindo que seria este o direcionamento e a sua aplicação junto aos trabalhos enquanto acadêmico do CLP

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