16/08/2017

Estamos como os Sapos

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            A educação pública nos permite fazer uma analogia com uma fábula do sapo na água fervendo. Diz a fábula que se você colocar um sapo em uma panela com água, e colocá-la no fogo, o sapo irá ajustar a sua temperatura com a temperatura da água, ou seja, ele criará a sua zona de conforto e não sairá dela.

            E assim vai acontecendo até a água ficar bem quente e ele não ter mais energia para sair, já que se encontrará exausto devido aos vários ajustes que teve que fazer, mas cabe aqui um questionamento, o que matou o sapo? Foi a água fervendo ou foi sua incapacidade de decidir a hora certa de sair?

            Assim tem sido a nossa sofrível educação pública. Para se ter uma idéia do quanto a água está fervendo e ainda não nos demos conta, passamos da 47ª posição, em 2011, para a 69ª posição atualmente no Índice Internacional de Inovação elaborado pela Universidade de Cornell, pela Escola de Negócios Insead e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).

No ranking mundial de educação, em 2016 ocupamos em um ranking com 70 países a 59ª em leitura, a 63ª em ciências e a 66ª em matemática, o que em 2012 entre 65 países, ficamos em 58ª lugar no ranking, sendo que na prova de leitura a posição foi 55º. Em ciência 59ª posição e em matemática 58ª posição.

            Não conseguimos dar conta de que a água está fervendo e ainda nos encontramos na zona de conforto.

            De acordo com o texto Educação Desfocada, contido no editorial Jornal Folha de São Paulo, p. A2, de 11 agosto de 2017, “apenas seis de 30 itens do plano que deveriam ser cumpridos até 2017 foram efetivados, e alguns deles só parcialmente”.

            A situação é desesperadora, entretanto cabe aqui um questionamento segundo as falas de Darciy Ribeiro, quando aduziu que “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”, e desta forma, se efetiva o tão sonhado projeto da elite esmagadora.

            Não é difícil percebermos que temos na sofrível educação brasileira um problema social, até mais sério que a pobreza em que o povo brasileiro se encontra, mas por estarmos em um governo usurpador, problema social não é da conta dele, afinal de contas, o que se faz com a atual política é justamente criar problemas sociais.

            As informações contidas no edital acima, apresenta algumas soluções, dentre elas “dar autonomia a professores e diretores e facilitar a demissão dos piores, além de fechar as escolas ruins”, mas vem um questionamento, o que é escola ruim? Qual seria o critério para definir se o gestor e/ou professor não é um bom profissional?

            Com a atual educação, a falta de valorização do profissional, a falta de investimento no setor, o descaso político e as reformas para idiotizar ainda mais os alunos, fica difícil mensurar o que seria um bom ou mau profissional, justamente pelo outro agravante que é a permissividade do sistema de educação com a indisciplina dos alunos.

            É fácil encontrar soluções idiotas dessa forma e tirar a responsabilidade de um governo corrupto que pouco faz para o seu povo.

            O fato é que a água já se encontra em ebulição e ainda estamos na panela.

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