ESTUDAR OU TER AULAS? A QUALIDADE DO PROFESSOR AO APRENDER

Por Claudinei José Martini

Professor, Especialista em Educação a Distância, Mídias na Educação e Ensino de Ciências.

Este texto procura questionar e refletir brevemente, de maneira crítica, a forma pela qual estudamos, sem pesquisa, sem uma leitura atenta e interpretativa de um texto. Ao invés de nos preocuparmos em aprender, estamos interessados em reproduzir o conteúdo nas provas, primando pela boa nota, ou seja, decorar. Entende-se que o bom estudo requer tempo e dedicação, em que, o sujeito deva ser capaz de interpretar com autonomia um texto e, ao reconstruí-lo, ser também um autor que produz um conhecimento novo. Sendo assim, o professor deve ser alguém que reconstrua esse conhecimento e não somente o replique de forma instrucionista a outros. O professor deve gostar de estudar e pesquisar, de maneira que dedique tempo para este trabalho intelectual, algo que raramente acontece, perde-se muito tempo com outros afazeres e esquece-se que esse profissional também é e será um eterno aluno na busca pelo conhecimento.

No entanto, ao se falar sobre aprendizagem, não necessariamente isso se reflete em quantidade de aulas, estereótipo aceito por pais e professores, estudar não é necessariamente ter aula e ampliar seu número, mas sim, trabalhar por uma aprendizagem ostensiva,  em contraponto ao consenso do aumento do tempo de permanência do aluno na escola, justificado pelo aumento do número de aulas, ledo engano. Índices oficiais apontam que professores que investem em formação continuada e pós-graduação, lato ou strito sensu, podem produzir uma aula menos instrucionista, pelo fato de lerem mais e estudarem de modo mais adequado. A iniciativa de querer aprender ou não depende da motivação do professor, porém, iniciativas como a semanas pedagógica e acadêmicas podem não surtir efeito, pois a maioria apenas reproduz o conhecimento de maneira instrucionista, ou seja, não se estuda. Fato que também pode se refletir em cursos de pós-graduação. Aulas não produzem conhecimento. O aprender tem que ocorrer de dentro para fora, com o aluno sendo um sujeito participativo e não apenas um ouvinte.

Uma aprendizagem que realmente torne o aluno autônomo deve propiciar um ambiente que estimule a participação, envolvimento, motivando o sujeito, como também propicie a produção intelectual, individual e coletiva. Uma aprendizagem adequada requer:

• Autoria: leitores para tornarem-se autores;
• Pesquisa: interpretar para reconstruir o conhecimento;
• Elaboração: exercitar a autoria, pensando e estruturando as ideias na produção de textos;
• Leitura Sistemática: ler sempre;
• Argumentar: montar o próprio discurso com qualidade;
• Fundamentar: o autor continua a aprender através da autocrítica;
• Hábito: formação permanente através do estudo diário;
• Aprendizagem profissional: estudar profissionalmente.

Contudo, sendo o processo formativo consolidado de dentro para fora, estudiosos profissionais constroem e reconstroem sua formação na condição de autores, pesquisando e elaborando textos, tanto de forma individual quanto coletiva. O primeiro requer disciplina, perseverança, motivação e reflexão própria e o segundo, com grande valor pedagógico, sugere o consenso entre o grupo.

Para que essa aprendizagem ocorra de fato, é necessário ler, com a pretensão de escrever reconstruindo o texto de forma interpretativa, papel que se torna fundamental ao professor, motivando seu aluno para o gosto da leitura, caso contrário, apenas dará aula, não fazendo o aluno estudar e, assim, continua-se com a instrução e transmissão de conteúdos. Pesquisa é princípio pedagógico de uma adequada aprendizagem, oportunizando uma elevada formação.

Portanto, saber aprender, estudar, pesquisar, elaborar, pressupõe domínio de conteúdos, mas de forma mais aprimorada, característica de um bom professor.