Evolva!
Por Pedro Vieira Souza Santos
Para muitos, a palavra que intitula esse texto pode parecer atípica. Mas seu significado é extremamente comum: evoluir! Tal verbo pode ser entendido como a dinâmica de sofrer transformações e, quando no sentido figurado, transpõe a matéria física e traduz-se em termos de atualizarmos nossa mente em relação a ideias e/ou convicções.
No contexto empresarial, algumas práticas seguem essa lógica, como o Kaizen. O termo, de origem japonesa, divide-se em duas partes: “Kai” que significa mudar, e “Zen” que quer dizer melhor. Logo, quando traduzido, reflete a cultura de “mudar para melhor” ou, como empregado na contemporaneidade, a “melhoria contínua”.
Uma das bases do Kaizen, concentra-se na crença de que o empenho vital para a melhoria deve ter como origem a nova mentalidade, assim como o estilo de trabalho diferente, por parte do indivíduo. Esse direcionamento concorda com os pensamentos do Filósofo prussiano Immanuel Kant, quando afirmara que “Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.”
Essa orientação pode ser compreendida como um tripé composto por valores cruciais, como a sabedoria, a moral e a autodisciplina. Salomão, um dos homens mais sábios da Bíblia, citara que a sabedoria dá vida ao seu possuidor (Ec. 7:12), o que nos induz a fazer certas coisas no momento certo. Por outro lado, quando pensamos em Moral, entendemos como sendo o conjunto de regras que adquirimos através da cultura, da educação e do cotidiano. Trata-se, em outras palavras, daquilo que orienta o comportamento humano na sociedade da qual pertence. E a autodisciplina, não menos importante, como uma auto sujeição na qual o indivíduo se impõe.
Quando combinados, os conceitos ora citados, podem nos orientar a uma análise de valor, que é um dos pilares da Filosofia Kaizen. Isto é, questionarmos para uma mudança. O que realmente agrega em nossa vida? Quais esforços são realmente úteis? Quais propósitos são, de fato, valorosos?
O empenho em ações vãs reflete um desperdício significativo de recursos limitados, como energia, tempo e atenção. E assim como no campo organizacional, eliminar essas perdas no âmbito pessoal é um dos alvos. Apesar disso, o Apóstolo Paulo nos adverte para não seguirmos aqueles que piamente gastam seus valiosos recursos irrefletidamente, de modo que não nos moldemos ao padrão deste mundo, mas transformemo-nos pela renovação da nossa mente. Essa advertência é para que sejamos capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm. 12:1-2).
Saber quando eliminar, reduzir ou mudar uma atividade ou convicção, é primordial para uma melhoria particular cada vez mais constante. É saber renunciar a zona de conforto e, mais que isso, preparar-se para desafios que exigem coragem, fé e determinação. Tudo isso de modo que coopere para usarmos melhor a força do nosso trabalho, perseguindo uma meta apreciável e empenhando-nos na construção de um “eu” cada vez melhor.
Esse comportamento gerado pelo Kaizen, pode até ser difícil. Mas o Apóstolo Paulo nos indica ainda a não desanimamos na busca pela manutenção dos valores e certezas. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles (2 Co. 4:16-18).
Evoluir não é uma questão de mera vaidade, mas de convencimento de que as nossas obras e nosso amor aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, para discernirmos o que é melhor, a fim de sermos livres de qualquer mediocridade, como indicara Paulo e Timóteo (Fp. 1:9-10). Por isso, evolva! Cresça! E desfrute dos efeitos da sua exímia conduta.