05/07/2018

Fair Play

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            O Brasil é realmente um gigante e em jogos de Copa do Mundo ele não fica deitado eternamente. Mais de 200 milhões se levantam e torcem para essa nação. Muitos conseguem separar a eterna crise política (apesar desta ser uma das piores em termos de corrupção) do futebol.

            Entretanto, apesar de sermos “o país do futebol” temos muito a aprender dentro de um campo, e precisamos aprender inclusive com times sem muita expressividade no futebol, ou seja, sem título mundial.

Peguemos como exemplo a seleção da Dinamarca no ano de 2003, que em um jogo contra a seleção do Irã, jogo este que teve um pênalti marcado pelo juiz por um jogador iraniano ter pegado a bola com a mão na grande área por ter ouvido um apito vindo da arquibancada e confundindo com o do juiz.

Como manda a regra, o árbitro marcou pênalti para Dinamarca bater, todavia, o jogador chutou o pênalti para fora como prova de honestidade, o que custou uma derrota por 1 x 0 do Irã.

Tanto o técnico e o jogador receberam o prêmio Fair Play do Comitê Olímpico pela honestidade, e este prêmio representa uma expressão do inglês que significa modo leal de agir, o seja, a pessoa fez o que era justo, o que era certo. Este conceito está vinculado à ética no meio esportivo.

            De acordo com o Documento elaborado pelo Comitê Internacional para o Fair Play (CIFP) da UNESCO que se manifesta “pela aceitação, sem discussão, das decisões do árbitro, [...] e pela firme rejeição em conseguir a vitória a qualquer preço”, assim sendo, o Fair Play se baseia no respeito a si mesmo o que implica na honestidade, lealdade, e atitude firme e digna ante um comportamento desleal.

            É fácil entender o que levou o técnico e o jogador a este comportamento. Analisemos a Dinamarca em relação ao nosso país, o gigante que só se desperta perante a uma copa do mundo.

            De acordo com o Gini (indicador que mede a desigualdade de renda nos países) a Dinamarca possui o mais alto nível de igualdade de riqueza do mundo, e neste mesmo indicador, o Brasil está na posição 120 entre os 127 países analisados.

            Atualmente a Dinamarca é considerado o país menos corrupto do mundo e goza com uma das melhores qualidade de vida que existe do mundo, e de acordo com a EBC Agência Brasil, com texto publicado pela repórter Ludmila Souza, Índice de Percepção da Corrupção (IPC) no Brasil tem queda e país fica pior no ranking, o que resultou em uma queda de 17 posições o colocando no ranking de posição 96.

            De acordo com a reportagem, o IPC no Brasil teve uma queda de 17 posições o que o colocou no ranking de posição 96.

Em relação ao Índice Global da Paz, de acordo com a EBC Agência Brasil, em texto publicado pela repórter Marieta Cazarré, a Dinamarca é uma das menos violentas do mundo, ocupando o ranking de número 4 enquanto o Brasil ocupa o 106 dos 163 países pesquisados.

Mister se faz perceber que apesar da gritante diferença entre Dinamarca e Brasil, temos como vetor, a educação pública como o reflexo de tudo isso. No caso da Dinamarca, a educação pública a qualidade é inquestionável, tanto que até príncipes frequentam escolas públicas, e de acordo com Flávia Milhorance, o país “investe três vezes mais que o Brasil em cada aluno, paga bem professores e 80% dos estudantes chegam à faculdade”, enquanto que nossa educação pública está cada vez mais falida, com professores desvalorizados e para complicar ainda mais, segundo dados do IBGE Só 11,3% da população adulta cursaram faculdade.

Assim como temos o "Fair Play", poderíamos ter no Brasil uma política "Fair" e o mais importante, uma educação "Fair", na qual todos os brasileiros teriam orgulho em ter uma escola pública de qualidade e fazer valer o Projeto Lei 480 criado por Cristóvam em 2007, que obriga filho de parlamentares e políticos estudarem em escolas públicas.

De acordo com Buarque “Não tenho a menor dúvida de que (o projeto) teria grande impacto na qualidade do ensino. As crianças dos parlamentares chegariam em casa dizendo como é a escola”, entretanto não somos Dinamarca, e educação pública não pode ter qualidade em nosso país, senão, deixaríamos de as posições na desigualdade, segurança e corrupção, variáveis estas que são necessárias para que nossos políticos continuem sendo o que são.

Para estes corruptos, a educação e consequentemente a desvalorização dos professores mantém as regalias que eles se oferecem.

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