25/05/2020

Falta Imperativo Categórico na Política

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            O Brasil é um país ainda em construção, embora tenha mais de 500 anos, ainda estamos engatinhando no quesito moralidade e ética, pois e egocentrismo e a corrupção ainda fazem parte de nossa cultura política.

            A vontade de mudança faz com que cometamos erros crassos, pois basta um político mentir dizendo que acabará com a corrupção ou difamar os seus adversários através de fake news, que o povo já idiotizado pela educação sem qualidade ou mesmos os poucos dos que tiveram o privilégio de ter uma boa educação formal, acreditam nesta demagogia e apostam nesta mudança. É como se fosse possível a natureza dar saltos.

            Muitos até se esquecem que a mesma pessoa que prometeu tirar a corrupção que é considerada o câncer da sociedade, é também um ser corrupto e corruptor, e como se não bastasse, simpatizante de torturas, misógino, homofóbico e egocêntrico.

            Observe que isso são características normais encontradas em um ser humano, afinal de contas, somos falhos e um dos sentidos da vida é melhorarmos a nossa humanidade.

            Na política pessoas assim encontram-se em abundância. São bem raros os políticos que lá estão para o bem comum, mas podemos ter certeza que temos alguns.

            Uma educação de qualidade, nos ajuda a perceber maus exemplos de caráter existentes nas pessoas, afinal de contas, está explicitamente ligado as suas falas, trabalhos realizados no meio político e principalmente as suas ações.

            Falta nos políticos o que o filósofo Immanuel Kant denominava de Imperativo categórico, conceito este bem explicado por Gabriel Chalita em seu Curso de filosofia #47 Futuro[1] .

 

 

            Em sua aula, Chalita esclarece os pensamentos Kantiano quanto ao imperativo categórico, uma vez que a pessoa deve agir acreditando nos princípios que considera ser benéfico, é fazer por acreditar ser bom e certo.

            Esta ação sendo feita com frequencia tende a se tornar uma lei universal para ele, e o mais interessante é perceber que é uma ação sem espera de reconhecimento ou recompensa, é praticamente um altruísmo.

            O que difere do imperativo hipotético muito comum na sociedade e principalmente no meio político, pois a sua ação está ligada a uma expectativa ou permuta.

            Cabe assim, tanto a educação formal e informal ressaltarem este imperativo categórico em seus ensinos, mas de nada adiantará se isso não for algo presente no leito familiar.

            Como Chalita disse, precisamos fazer as coisas não por medo de uma retaliação se não fizermos, mas por acreditarmos que é o certo fazer.

            A educação formal e informal precisa além de trabalhar conhecimentos e habilidades, precisa desenvolver o conceito de humanismo em nossos educandos para que cresçam verdadeiros homens de bem, pois como disse Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, a "ignorância, o esquecimento e o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção dos Governos".

            Assim sendo, que a nossa educação pública realmente tenha força para nos tirar desta miséria em que nos encontramos, já que Berger em seu livro Perspectivas Sociológicas: Uma visão Humanistica, publicado pela Vozes em 1986, elucida através de Rousseau, á miséria é a não dos grandes crimes.

            Rousseau imaginava ainda um ordem de igualdade, pensamento que na atual conjuntura política seria considerado comunista. Para o filósofo, ninguém deveria ser tão pobre que precisasse vender-se nem tão rico que pudesse comprar os outros.

            Hoje somos um país de misérias seja de forma metafórica ou no sentido exato da palavra.

            Na primeira, somos governado por um político miséria moral e ética e no sentido próprio da palavra que é pobreza extrema, penúria, necessidade e  segundo Demo em seu livro Saber Pensar, publicado pela Cortez em 2000, passar fome é a nossa grande miséria, mas a maior ainda e não saber que a fome é inventada e imposta, e que não basta oferecer comida, mas é preciso criar ações para que estes pobres consigam o seu próprio sustento, já que a pobreza não implica a pessoa estar privada de bens materiais, mas sim, estar privado de construir as próprias oportunidades, já que no Brasil tem-se 70 milhões de pobres ou extremamente pobres.

            A reforma trabalhista que tirou os direitos dos trabalhadores e a proteção social, a Emenda 95 que congelou por 20 anos os investimentos públicos, e reforma da Previdência tem jogado cada vez mais gente no abismo da miséria, então, falta em nosso governo, um imperativo categórico ligado ao lado humano, pensando em seu povo e não privilegiando uma elite oportunista e corruptora.

            Que mesmo com os reveses de um desgoverno, não percamos a esperança em um país melhor e que tenhamos plena consciência que isso só será alcançado por meio da verdadeira educação e que nossas ações sejam sempre mediante a um imperativo categórico.

 

[1] Para mais informações vide https://www.facebook.com/facechalita/videos/864139104072042/

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