27/06/2016

Festa Junina: Um Resgate a Cultura

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            Estamos no mês de Junho, e com isso, as típicas festas juninas e, porque não julinas? Muitas escolas desconhecem o verdadeiro sentido destas festas, que representam de acordo com Wisniewski (2016) uma das mais populares confraternizações no Brasil.

            Para Mannheim apud Souza (2007) no processo educacional o educando irá incorporar a herança cultural da humanidade, o que vem a reforçar as falas de Wisniewski (2016) quando esclarece que a festa junina ou festa de São João tem cunho folclórico, tem suas raízes nas festas europeias pagãs as quais se comemoravam o solstício de verão.

            Para o autor, a nossa festa de São João decorreu de uma colonização portuguesa e católica, misturando comidas típicas, representando para nós o solstício de inverno e temas religiosos, visto que junho é o mês dos santos São João, São Pedro e Santo Antônio.

            Hoje podemos dizer que nas festas juninas, não se ouve mais a estória que  Antônio ia se casar com a filha de João, e tampouco que Pedro fugiu com a noiva. Devemos perceber que nesta brincadeira com os personagens acima representada como uma típica música de São João, tem uma representatividade folclórica. Tal música é intitulada Pedro, Antônio e João, e foi composta por Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago e interpretada por Dalva de Oliveira.

            Hoje, damos espaço a músicas que fogem a este resgate folclórico. Muitos utilizando de uma falácia dirão que são músicas regionais (funk, sertanejo universitário), dentre outras músicas que também representam um modismo sem conteúdo.

            Para Chinoy (2006) a educação é um processo de socialização, e como reforçado acima, a festa de São João é uma das mais populares confraternizações, ou seja, é uma festa tipicamente socializadora.

            Ainda Chinoy (2006, p. 121) esclarece que o processo de socialização fornece ao indivíduo um “repertório necessário de hábitos, crenças e valores, padrões apropriados de reação emocional e modos de percepção, as habilidades e o conhecimento requeridos. De outro lado, transmite o conteúdo da cultura de uma geração a outra, provê à sua persistência e continuidade”, o que pode ser resumido por  Lenhard (1974) apud  Lakatos e Marconi (1999) quando aduzem que o ato de socializar é o mesmo que adquirir personalidade pessoal e tornar-se membro de uma sociedade e portador de sua cultura, colaborando assim para a sua perpetuação.

            E nossa cultura nos mostra que a festa de São João ocorrida em junho ou julho vem seguida de um casamento, que tem sua representatividade ao Santo Antônio que é um santo casamenteiro.

            A festa de São João, recebe o nome do Santo que batizou Cristo e representa o nascer para vida cristã, uma nova vida que para os costumes europeus, era o nascimento do verão que trazia consigo, esperanças e vida.

            Para Wisniewski (2016) a fogueira representa o Sol e o calor do verão, mas para nós a fogueira tem a função de aquecer e encantar, visto que junho e julho representam os meses mais frios do ano, e por isso, as comidas típicas têm a função de esquentar, como caldos, canjicas e quentões. Podemos perceber através do autor acima, que a festa de São João pode ter um viés folclórico e cultural, buscando nossas origens ou até mesmo a fé e a religiosidade dos santos do mês.

            O fato é que devemos perceber nesta típica festa, que a confraternização social poderia ser um momento ímpar para unir a família e a escola, reforçando este elo que se encontra frágil.

            Esta típica festa, deve ser resgatada em suas origens pelas escolas, trabalhando a parte de socialização e também a cultural, não dando espaço a temas emergentes e invenções  que fujam ao que é para ser transmitido e resguardado.

            Escola é uma instituição educadora e não propagadora de um modismo idiotizador. Nós professores temos que resgatar e resguardar a cultura já perdida em muitas instituições, que fazem desta festa um motivo para se promover ou apenas contemplar um calendário imposto por pseudoeducadores que mal sabem o verdadeiro significado de uma festa de São João, e assim vai caminhando a nossa educação pública, fazendo com que seus educandos percam a sua cultura aos poucos.

            Da mesma forma que não damos mais valor a festa de São João, não damos mais valor as gincanas educativas, feiras de ciências, dentre outros métodos que enriqueceriam nossa educação e aguçaria a curiosidade de nossos alunos.

REFERÊNCIAS

CHINOY, Ely. Sociedade: Uma introdução à sociologia São Paulo: Cultrix 2006

LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Sociologia Geral 7 ed. São Paulo, Atlas,  1999

SOUZA, João Valdir Alves de,.  Introdução a Sociologia da Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

WISNIEWSKI, Douglas. Festa de São João: uma festa no interior de nossos corações. Revista Aventuras na História. Edição 155, junho 2018.

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