Formação integral: construindo cidadania
Nilton Bruno Tomelin
Um ser humano, é por excelência um eterno aprendente. Tudo o que se passa e que os sentidos possam absorver é convertido em informação que integrará sua história, definindo opiniões, atitudes, posturas e pensamentos. Assim, escola, família, igreja, organizações públicas e veículos de comunicação são meios que dividem a responsabilidade na formação das pessoas. A contribuição de cada uma constitui o que se pode chamar de formação integral.
A atenção a formação integral faz-se necessária em razão de se perceber que a cada geração há um distanciamento entre o que se ensina e o que se deveria realmente saber. Conteúdos e alguns poucos conceitos criam a ilusão de suficiência em quem os detém. Mais do que domínios técnicos, a cidadania exige a capacidade intelectual e moral de utilizar este conceitos em favor de uma inserção social sadia e ética.
Assim formar um ser humano é muito mais do que simplesmente oferecer-lhe conhecimentos para realizar tarefas ou exercer uma profissão. É acima de tudo, encaminha-lo para a vida pública onde, além de exercer uma atividade produtiva, irá também participar do processo decisório do seu destino e da sociedade. Para tanto é fundamental que as entidades e organizações por onde as pessoas circulam, dialoguem entre si e articulem ações que possam contribuir decisivamente em favor desta formação.
Esta articulação exige um entendimento claro do que seja formação integral, por parte dos que tem por dever acompanhar este processo. À escola cabe promover e qualificar o encontro entre o conhecimento e o ser humano, construindo uma significação para o aprender. Enquanto instituição constituinte da sociedade, cabe a escola desafiar os alunos inserirem-se num processo de transformação da própria sociedade. Assim não apenas servirão como executores de tarefas, mas autores de sua própria história e agentes de transformação de sua realidade.
Mas conforme mencionado a formação integral de um sujeito é tarefa de muitas mãos. Além da escola é fundamental destacar o protagonismo da família, a quem cabe garantir à criança, um ambiente de construção de valores, princípios e atitudes. É na família que a criança, antes mesmo de nascer é induzida a fazer escolhas quanto a sua forma de ser e existir. Tendo a família cumprido seu papel haverá mais tempo e condições para que as outras instituições, especialmente a escola, possam fazer sua parte.
Em não havendo este compromisso da família, não haverá quem possa suprir a lacuna deixada, e todas as demais participantes da formação integral do sujeito, terão seu papel comprometido. E as consequências serão inevitáveis e de proporções incontroláveis. Não é raro perceber jovens sem rumo, fragilizados e sujeitos à todo o tipo de submissão. Acabam renunciando a cidadania sem sequer conhece-la. Fracassam sem mesmo ter tido a oportunidade de lutar.