14/12/2011

Gestão Escolar de Pessoas: uma proposta dialética

A gestão escolar, ao contrário do que se possa imaginar não pode se resumir exclusivamente à administração financeira ou física de uma instituição de ensino. Exige uma série de atenções que visam priorizar as pessoas que convivem no espaço escolar. Educadores, educandos, famílias, comunidade, o que muitos chamam de segmentos, são em verdade, elos de uma corrente que poderá ou não assegurar a todos, a possiblidade de uma formação diversificada e complexa, porém jamais completa. A atenção maior da gestão escolar, a rigor, deve ser as pessoas, visto que mais do que simplesmente funcionar, a escola necessita ser uma verdadeira referencia na comunidade em que se encontra.

A junção destes elos e o estabelecimento de prioridades em torno das pessoas requer a compreensão de que o gestor escolar é um motivador permanente da construção dialógica e dialética de uma nova relação entre a escola e o seu entorno. Esta postura não prima apenas pelo consenso do conformismo, mas de escolhas mediadas pelo embate democrático entre os diferentes e os divergentes. Por este embate deflagram-se verdadeiros conflitos que estimulam a capacidade de argumentação fortalecendo posturas, convicções e compreensões.

Assim a gestão de pessoas é também a gestão de conflitos, vistos não como estranhamentos, mas como característica intrínseca ao espaço democrático que se espera de uma instituição pública de ensino. Para tanto é necessária uma postura ética em que cada sujeito possa se sentir partícipe de sua própria história diante de uma educação crítica, libertadora e inclusiva. Trata-se portanto, de um modelo contrário aos condicionantes tradicionais da gestão que adota uma ética mercadológica, concebendo a escola como um campo de treinamento, doutrinamento  e dominação.

Pode-se dizer também que a gestão de pessoas é também uma gestão de esperanças. Esperanças repletas de utopia, pois esperança sem utopia é apenas uma forma cômoda de delegar aos outros, aquilo que só nós podemos fazer. Gestar esperanças, portanto, é garantir um espaço em que se dê vasão ao extraordinário potencial criador característico de todo o ser humano. Esta criação por sua vez, não é fruto do mero espontaneísmo, mas do compromisso da instituição escolar em oferecer a crianças e adolescentes elementos cognitivos capazes de inquietar e inconformar a opressão e a dominação.

Assim a gestão escolar de pessoas pautada numa estratégia dialética de ação, requer um gestor adepto ao diálogo e criador de espaços de participação coletiva, onde os diferentes sejam vistos como tal. Ser diferente numa gestão com esta característica e ser reconhecido como potencialmente capaz de estabelecer uma nova ordem, onde regras e posturas sejam definidas coletivamente e respeitadas por todos como resultado de um consenso que vise o bem comum.

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