19/09/2016

Ideb

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            Ideb é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e tem como objetivo, fomentar a qualidade desta educação em todas as etapas e modalidades, baseada na aprendizagem em português e matemática (Prova Brasil) e/ou no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), bem como o fluxo escolar que é representado pela taxa de aprovação.

            O Ideb nos remete a letra de uma música cantada por Caetano Veloso que diz que "alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial", e assim tem sido nossa educação pública brasileira, fora da ordem mundial, já que este Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado para tentar aproximar a nossa sofrível educação da nota 6, cujo valor representa a média adquirida em uma avaliação similar denominada PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) pelos países desenvolvidos.

            No Ideb de 2015, podemos perceber que um dos maiores gargalos tem sido o Ensino Médio que alcançou um pífio 3,7 para valores de 0 a 10, sendo que o mínimo esperado era 4,3, isso porque nesta avaliação, prevalece um processo gradativo de notas, ou seja, há um  planejamento de se chegar no ano 2021 com a média 6, mas de acordo com os resultados obtidos, estamos acumulando déficits  e mais déficits .

            Essa média 6, como justificado acima, é justamente para que nossa educação possa se equiparar com a de países de primeiro mundo, visto que no próprio PISA, ocupamos a posição 60º de 76 países em ranking de educação.

O Ideb serve para auxiliar os pais quanto as escolhas das escolas para seus filhos, entretanto, nem sempre isso é possível já que muitos municípios utilizam do método de zoneamento, ou seja, o aluno estudará na escola mais próxima a ele, salvo exceções.

            Quanto a isso, supõe-se que quanto maior o Ideb da escola em relação a média do município e/ou Estado, melhor será o ensino desta, mas isso pode não ser uma regra, mas convém ressaltar que ele servirá como um termômetro a marcar a qualidade e tendência da educação nessa escola e para reforçar também os esforços dos intrépidos docentes para fazerem com que nossa educação seja de qualidade.

            Os tímidos crescimentos apresentados no Ensino Básico poderão ser melhorados mediante ao fortalecimento das redes públicas de ensino, com valorização e incentivo aos docentes, currículo contextualizado com a realidade dos educandos e relevantes para que os mesmos tenham prazer em aprender e a pesquisar, mas que seja uma pesquisa que leve o educando a submissão do crivo da crítica, que o remeterá a um protagonismo, pois de acordo com Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa publicado em 1996 pela Editora Paz, não há ensino sem pesquisa e nem pesquisa sem ensino, e quando o educando pesquisa, ele constata, intervém e se educa, além de conhecer o que não conhecia.

            Para essa mesma melhora se efetivar, deve-se também trabalhar mais e melhor a conscientização dos pais que em muitos casos, são omissos e displicentes quanto a educação de seus filhos, pois a "infrequência" dos alunos compromete todo o trabalho da escola, e a ausência dos pais no processo ensino/aprendizagem, rompe o elo que culminaria a escola para uma educação de qualidade, pois a mesma, necessita desta parceria escola e família.

            Dito isso, percebe-se então que a família exerce um papel relevante na educação, e Chinoy em seu livro Sociedade: uma introdução a sociologia, publicado em 2006 pela Editora Cultrix, ressalta que é nela que ocorre o primeiro processo de socialização, transformando a matéria-prima humana em ser social, preparando o indivíduo com hábitos, crenças, valores, padrões apropriados de reação emocional, modos de percepção, habilidades além de transmitir cultura de uma geração a outra, provendo à sua existência e continuidade.

            A importância da família é reforçada pelo Artigo 4º/ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) quando afirma que a responsabilidade em cuidar e educar os filhos é da família.

            Deflui do seu artigo 129, inciso V que os pais, além da matrícula, têm o dever "de acompanhar a freqüência e o aproveitamento escolar do filho [...] garantir a permanência, bem como observar e participar da evolução escolar da criança ou adolescente, avaliando seus progressos individuais e estimulando-os para que o estudo seja-lhes rendoso".

            O fato é que se uma escola deseja alcançar uma boa nota no Ideb, esta precisará contar com o suporte da família.

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