20/04/2020

Ilusão do Conhecimento

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            O isolamento social tem dado oportunidade de alguns trabalharem o próprio conhecimento, porém, a grande maioria por limitações cognitivas, continuam a fazer do eco a sua voz.

            No livro de Harari intitulado 21 lições para o século 21, publicado pela Companhia das Letras em 2018, é elucidado que quando se tem em mão um martelo, tudo se parece prego, e assim tem sido para a sociedade neste isolamento social.

            Pessoas com o martelo em mãos, saem procurando pregos e descarregando sua hostilidade sem um mínimo de discernimento.

            Ouve-se impropérios e verdadeiras imbecilidades em todas camadas sociais, e a triste percepção é que quanto mais alto o degrau da pirâmide social, mais gritante é falta de discernimento e improbidade devido a inexistência de cognição.

            Encontramo-nos em uma sociedade chauvinista e o chauvinista, é o indivíduo que nutre um sentimento totalmente alienado e rigidamente convencido da superioridade do grupo a que pertence. Ele simplesmente vive como ressaltado por Harari em sua obra supracitada, em um câmara de eco, rodeado de muitos que se alimentam de mesmo pensamentos e sentimentos e se fundamentam em feeds de notícias focadas em fake news, fazendo com que os mesmos se autoconfirmem por meio de falácias, tornando-as reiteradas e raramente questionadas.

            Isso reforça apenas a ilusão do conhecimento, pois na verdade, este conhecimento não nos pertence já que não faz parte de nossa racionalidade individual, e para lembrar, tais pessoas que simplesmente repetem o que ouvem, só demonstra o quão é imensa sua estultícia.

            O fato é que sabemos bem menos do que pensamentos saber e esta ilusão de falso conhecimento não contribui em nada para o nosso crescimento, já que somos seres em constante construção, assim sendo, o conhecimento é cíclico o que o torna inacabado, o que é reforçado por Morin em seu livro Introdução ao Pensamento Complexo, publicado pelo Instituto Piaget em 1990. ao afirmar que o conhecimento completo é impossível: um dos axiomas da complexidade é a impossibilidade, mesmo em teoria, de uma onisciência, e por isso se faz mister o reconhecimento do inacabamento, da incompletude de todo o conhecimento, assim como o conhecimento também somos seres em constante crescimento.

            As falas acima são corroboradas por Freire em sua obra Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, publicado pela Paz e Terra em  1996, quando esclarece que precisamos criar possibilidades para que os indivíduos produza e/ou construa o seu próprio conhecimento, e não saia simplesmente repetindo frases 

            Que possamos aproveitar este isolamento e construirmos nosso conhecimento livre de ecos e cheios de nossa racionalidade, que seja limitada, porém que ressalte a nosso eu e a vontade em aprender, nos fazendo conhecer o quão ainda somos ignorantes e o quanto precisamos aprender.

            Que aprendamos então, com a mente desprovida de preconceitos e aberta para o novo.

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