25/04/2016

Limites

Dênio Mágno da Cunha*

A Educação do Ser é sem limites. Não há um fim, somente um começo: o abrir dos olhos após o parto, quando tudo ainda é desconhecido. A partir deste momento tudo é novo, tudo é conhecimento, tudo é educação. Filosoficamente falando, aprendemos a cada dia algo novo. Basta estar atento, ser curioso, observador e ter aquela energia do aprendizado. Acredito que aqui haja um problema.

Nossa cultura sobre educação, aliada ao sistema cultural e regimental que temos – e sempre tivemos – coloca a educação como algo obrigatório, parametrizado, arbitrário. O individuo não é livre para aprender, ele é obrigado a aprender para poder sobreviver.

Está certo, perfeito o raciocínio, quem não sabe nada, não pode fazer nada, não pode manter relações com o mundo ao redor. Quem é totalmente desconhecedor de sua realidade e do mundo ao seu redor não existe. Até uma criança recém-nascida, se não souber como chorar não poderá sinalizar se está com fome ou com algum outro incômodo: precisa sinalizar de forma diferente, precisa conhecer e reconhecer o som e a resposta que ele provoca..

O problema a meu ver é uma cultura atávica que diz desde a mais tenra idade que você é obrigado formalmente a estudar de modo formal. Para quem tem a origem na liberdade e não na disciplina, isso é um fiasco. Educação não é obrigação, não é castigo, não é trabalho. Educação é (e deveria ser sempre) prazer. Isso faz toda a diferença do mundo

Entreviste os melhores, os destaques em qualquer área do conhecimento; entreviste os alegres, os bem humorados - das Artes à Engenharia, da Medicina à Literatura; todos, sem exceção, viram no estudo, na educação, um prazer. Tiveram envolvimento, deixaram-se elevar na espiral do conhecimento, bailando na energia única que o estudo e a evolução no conhecimento nos proporcionam.

Por outro lado, entreviste os tristes, os aborrecidos, aqueles que não conseguiram alcançar seus objetivos na vida – das Artes à Engenharia, da Medicina à Literatura, todos, sem exceção, viram no estudo, na educação, uma obrigação. Não tiveram envolvimento, não se deixaram elevar na espiral do conhecimento, não bailaram na energia única que o estudo e a evolução no conhecimento nos proporcionam. Não enxergaram seus momentos históricos (vide texto anterior).

E porque chamar esse pequeno texto de “limites”? Porque quando temos a chama do conhecimento em nós, queremos por puro prazer ultrapassar nossos limites de aprendizagem. Transformamo-nos em artesãos de nosso próprio conhecimento; queremos explorar novos horizontes, novas possibilidades, novos ares, tudo que é novo nos atrai, o infinito é nossa meta. Temos no prazer da descoberta nosso prêmio, nossa medalha, conquistada sempre na alegria.

Este texto é uma homenagem a muitos que abastecidos pela curiosidade, veem na educação, na sala de aula, uma oportunidade de aprendizagem, um momento de prazer, e não um espaço onde lutarão arduamente para conseguirem notas de aprovação. Aqueles ultrapassarão limites, estes ficarão presos nos limites.

PS: Já havia escrito este texto quando um amigo do Face postou o seguinte resultado de pesquisa, publicada em 2013: Estudar faz pessoas serem mais felizes e viverem mais.

* Professor: MBA Carta Consulta. Una/Unatec. Doutorando Universidade de Sorocaba.

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