09/08/2018

Linguagem Cinematográfica e Formação Docente

Ana Iara Silva de Deus

Carmem Silvia Rodrigues Pereira

Valeska Fortes de Oliveira

RESUMO

Este artigo apresenta o projeto de pesquisa e extensão da Universidade Federal de Santa Maria-RS, intitulado: “A vida e o cinema na formação de professores”, o qual interrelaciona o cinema e o imaginário social na formação de professores como potência de formação, auto-formação, bem como ressignificação das práticas pedagógicas no cenário educacional. Para tanto, traz as concepções teóricas que aprofundam essa discussão sobre, cinema, educação, imaginário social e formação de professores, estabelecendo um diálogo entre cinema e imaginário social na formação de professores para elencar as contribuições destes na formação docente. Sendo assim, o trabalho apresenta o cinema e suas contribuições como dispositivo na formação, pois parte do pressuposto teórico-analítico de que os/as professores/as são sujeitos sócio-culturais que se diferenciam dos demais grupos, categorias e segmentos de trabalhadores, a partir de sua condição de docentes. Assim, o curso possibilitou a integração do grupo através da ressignificação das práticas e tarefas de análise e reflexão dos dispositivos filmicos, textos, debates e escritas sobre os imaginários, mobilizando repertórios que se ampliaram nesta experiência formadora.

Palavras-chaves: Imaginário Social, Cinema, Formação de Professores.

INTRODUÇÃO

Este trabalho é um recorte do projeto de pesquisa e extensão “Em tempos de formação – a vida, o cinema e o cuidado de si: Exercícios autobiográficos e coletivos na atividade docente” do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social (GEPEIS/UFSM), coordenado pela professora Valeska Fortes de Oliveira. Os estudos do grupo baseiam-se nas ideias de Castoriadis, Ferry, Oliveira, Souto, Duarte, Teixeira, Fresquet, dentre outros. Dessa maneira, o texto define o conceito de imaginário social interligando-o com o cinema e formação de professores. Assim, a origem desta escrita está nos estudos do GEPEIS e na formação continuada de professores, proporcionada pela Universidade Federal Santa Maria, onde procura-se compreender o Imaginário Social e o Cinema como dispositivos para propiciar à escola um espaço possível de criação, invenção e significação, por meio do projeto de formação continuada, intitulado: “A vida e o cinema na formação de professores”. Com base nesses pressupostos temos como premissa, que o cinema na formação docente contribui para a resignificação do professor e suas práticas pedagógicas.

Sendo assim, a proposta de integrar o cinema com as indagações do Imaginário Social de Castoriadis surgiu ao GEPEIS, como mais uma provocação aceita na área de formação de professores. Antes de apresentar o cinema e suas contribuições como dispositivo na formação docente, iremos contextualizar o imaginário social, que norteia nossas pesquisas e estudos.

Neste contexto, Castoriadis (1982, p. 13) define imaginário social em sua obra “A instituição imaginária da sociedade” como:

[...] criação incessante e essencialmente indeterminada (social-histórica e psíquica) de figuras/formas/imagens, a partir das quais somente é possível falar-se de “alguma coisa”. Aquilo que denominamos “realidade” e “racionalidade” são seus produtos.

Assim, a partir das reflexões possibilitadas por Castoriadis, pode-se pensar no ato de criação e imaginação, não no sentido irreal ou metafórico, mas na capacidade inventiva e criativa que é inerente ao ser humano.

Oliveira corrobora quando enfatiza sobre o imaginário social:

Quando falamos em imaginário logo vem à ideia do irreal, da fabulação, do sonho e da fantasia da criança e, não raras vezes, pensa-se em um tipo de abordagem “frouxa”. E não é nada disso, porque somente através dele é que reinventamos o que costumamos chamar de real (2009, p. 1).

Trata-se como define a autora de processos criativos e de significações sociais, assim o imaginário, visto pela óptica de Castoriadis, é algo que introduz o novo, constitui o inédito, a gênese ontológica, a verdadeira temporalidade, a posição de novos sistemas de significados e de significantes.

Segundo Fresquet (2013, p. 25):

A crença no cinema e na sua possibilidade de intensificar as invenções de mundos, ou seja, da possibilidade que o cinema tem de tornar comum o que não nos pertence, o que está distante, as formas de vida e as formas de ocupar os espaços e habitar o tempo. A segunda crença é na escola, como espaço em que o risco dessas invenções de tempo e espaço é possível e desejável. Isto não significa pensar no belo, no conforto ou na harmonia. Significa que é possível inventar espaços e tempos que possam perturbar uma ordem dada, do que está instituído, dos lugares de poder.

Nessa sistemática, o cinema passa a ser um riquíssimo dispositivo de formação, pois é uma ferramenta instigante que provoca/implica o outro a pensar, a falar de suas significações. Nas palavras de Fresquet (2013) quando a educação tão velha, ressecada e cheia de fendas, se encontra com as artes e se deixa permear por elas, especialmente pela sétima arte, jovem de pouco mais de cem anos, renova sua fertilidade, e impregna-se de imagens e sons em movimento.

Nesta perspectiva, o cinema na formação docente contribui para a resignificação do professor e suas práticas pedagógicas, ou seja, pensar possíveis mudanças a partir da relação do imaginário, cinema e educação. Fresquet (2013, p. 19) salienta que:

Os possíveis vínculos entre o cinema e a educação se multiplicam a cada momento, a cada nova iniciativa ou projeto que os coloca em diálogo. Fundamentalmente, trata-se de um gesto de criação que promove novas relações entre as coisas, pessoas, lugares e épocas. De fato o cinema nos oferece uma janela pela qual podemos nos assomar ao mundo para ver o que está lá fora, distante do espaço ou no tempo, para ver o que não conseguimos ver com nossos próprios olhos de modo direto.

Dessa maneira, a tela do cinema ou da câmera fotográfica, configura-se como uma nova janela que permeia outro lugar de conhecimento e uma outra forma de intercomunicação com o outro e consigo mesma. Assim, a relação entre vida e arte cinematográfica é dada pela identificação e interpretação de experiências, preferências, sentimentos, tensões, processos de formação e conhecimentos relativos ao cinema.

 

1. Compreensões teóricas sobre o cinema na educação

              Pensar o cinema não apenas como ato pedagógico, mas legitimar seu lugar como ato criativo é o principal papel dos espaços escolares. Conforme salienta Bergala (2007), significa pensar os filmes como um gesto de criação, não como objeto de leitura decodificada, mas cada plano como uma pincelada de um pintor, como se pudesse compreender seu processo de criação. Entretanto, para visualizar o cinema dessa maneira, é necessário vê-lo como arte na escola.

Com essa visão, Bergala (2007) pretende deslocar o foco da leitura analítica e crítica dos filmes para uma leitura criativa, que estabeleça uma relação entre espectador e autor dos filmes, e que o leve a acompanhar, em sua imaginação, as emoções do processo criativo. Nessa perspectiva, o cinema passa a ser visto como arte no âmbito escolar, porque ultrapassa a ideia do puro e simples ato pedagógico, pelo qual apenas pretende-se atingir determinado objetivo com os filmes, ou que esses devem estar estritamente interligados aos conteúdos de ensino. Ao contrário, pensar o cinema como arte na escola significa legitimar seu espaço como criação, invenção, imaginação e experiência estética.

Entretanto, para que o cinema seja visto e, de fato, abordado dessa forma, é necessário, como recomenda Bergala (2007), propiciar um clima de autonomia, por parte de quem aprende, modificando a “explicação” pela “exposição” de muitos e bons filmes, procurando estabelecer uma cultura cinematográfica. E, para que esse processo ocorra, será imprescindível a mediação educativa que auxiliará a articulação, comparando trechos de filme para aguçar a observação das sutilezas.

Sob essa perspectiva, pode-se refletir que o cinema na escola proporciona outras formas de ser e estar em aula, pois descentraliza o papel do professor, como figura central do processo de aprendizagem. Dessa maneira, ultrapassa-se a ideia de massificação e centralização de conteúdos dados, pois, como assegura Fresquet (2013), todos se colocam na mesma condição e direção. Ao assistirem um filme, não há uma relação que coloque os corpos de frente uns para os outros, espelhando o enfrentamento de quem sabe e de quem não sabe.

        Fresquet (2013, p. 19) enfatiza que:

Os possíveis vínculos entre o cinema e a educação se multiplicam a cada momento, a cada nova iniciativa ou projeto que os coloca em diálogo. Fundamentalmente, trata-se de um gesto de criação que promove novas relações entre as coisas, pessoas, lugares e épocas. De fato, o cinema nos oferece uma janela pela qual podemos nos assomar ao mundo para ver o que está lá fora, distante do espaço ou no tempo, para ver o que não conseguimos ver com nossos próprios olhos de modo direto.

Assim, pensar o cinema como arte na escola requer espaços de criação, de percepção de sons, imagens, luzes, planos, montagens, composições, bem como as impressões e sentimentos que afloram nesses espaços. Isso é o que assegura Bergala (2007) em seu livro A Hipótese-Cinema: pequeno tratado de transmissão do cinema dentro e fora da escola. A aproximação do cinema na escola é uma oportunidade para vê-lo como um bom objeto, mas, para que seja visto dessa forma, deve ser concebido antes como arte, para não preconizar o estudo de filmes em aula, com o famoso pretexto de desenvolver o senso crítico.

Portanto, com base nas afirmações dos autores citados, viabilizar o cinema como arte na escola necessita primeiramente romper com a concepção do “pedagogismo”, ou seja, assistir filmes com caráter apenas pedagógico e moralizador.

1.1 Interrelação do cinema com o imaginário social e a educação

A inter-relação do imaginário social com o cinema na educação atual consolida-se como abertura para a área de formação de professores, pois auxilia o processo de compreensão do território simbólico que permeia o sistema educacional. Sobre essa questão, Teves (1992) diz que conhecer uma realidade significa reconhecê-la como historicamente determinada, constituída por um sujeito que representa e simboliza essa realidade, sob a forma de percepção, intuição e sensações.

Castoriadis (2004, p. 130), por sua vez, salienta que:

Uma vez criada, tanto as significações imaginárias sócias quanto as instituições se cristalizam ou se solidificam, e é isso que chamo de imaginário social instituído, o qual assegura a continuidade da sociedade, a  reprodução e a repetição das mesmas formas que a partir daí regulam a vida dos homens e que permanecem o tempo necessário para que uma mudança histórica lenta ou uma nova criação maciça venha transformá-la ou substituí-la por outra.

Na formação de professores, as significações sociais imaginárias também são instituídas por uma sociedade que reproduz as formas de aprender e ensinar. No entanto, pela linguagem da arte, do cinema, do mito e da literatura é possível adentrar no universo simbólico, porque são formas simbólicas que se interligam entre o individuo e seu contexto social, assegurando o desenvolvimento da imaginação, que permite a possibilidade de sonhar e movimentar o pensamento com aquilo que ainda não existe.

            Desse modo, Castoriadis (1982), define o imaginário instituinte, como imaginação, sonhos, aspirações e caracteriza a capacidade humana de poder criar, inventar e instituir novas formas e instituições sociais. Por isso, correlacionaram-se as ideias do autor com o cinema, a partir do imaginário social instituinte, ou seja, para provocar o novo, a criação a ruptura com a realidade já instituída. Com a linguagem cinematográfica, é possível oportunizar o imaginário no espaço escolar e até questionar os valores dessa escola instituída.

Com base nesse ponto de vista, o cinema é instituinte, pois oportuniza movimentos para repensar a própria sociedade instituída, apontando caminhos inventivos, criativos, poéticos e estéticos, se for visto, encarado e trabalhado como arte na escola. Assim, o cinema como imaginário instituinte propicia processos criativos e significações sociais. Para Fresquet (2013, p. 25):

A crença no cinema e na sua possibilidade de intensificar as invenções de mundos, ou seja, da possibilidade que o cinema tem de tornar comum o que não nos pertence, o que está distante, as formas de vida e as formas de ocupar os espaços e habitar o tempo. A segunda crença é na escola, como espaço em que o risco dessas invenções de tempo e espaço é possível e desejável. Isto não significa pensar no belo, no conforto ou na harmonia. Significa que é possível inventar espaços e tempos que possam perturbar uma ordem dada, do que está instituído, dos lugares de poder.

 Diante desse pressuposto, é possível propiciar à educação um espaço de criação, invenção e significações, pois o cinema visto como arte na escola e pela ótica do imaginário social pode potencializar a percepção, a relação de sentidos e significados construídos sobre o cinema pelos envolvidos no processo. Como assegura Castoriadis, a “realidade natural” não é apenas aquilo que resiste e não se deixa manejar: ela é também aquilo que se presta à transformação, o que se deixa alterar “condicionalmente” mediante, ao mesmo tempo, seus interstícios livres e sua regularidade (1982, p. 400). Portanto, a arte cinematográfica e o  imaginário social na formação de professores, visa vislumbrar possíveis mudanças no campo educacional, permeadas por imagens e sons em movimento.

1.2 Formação de professores pela tela da docência

 Com base nos referenciais teóricos expostos acima, o cinema na formação docente contribui para a ressignificação do professor e suas práticas pedagógicas, ou seja, torna-se possível pensar possíveis mudanças a partir da relação do imaginário com o cinema e formação docente.

Nesse sentido, Fresquet (2013, p. 19) salienta que:

Os possíveis vínculos entre o cinema e a educação se multiplicam a cada momento, a cada nova iniciativa ou projeto que os coloca em diálogo. Fundamentalmente, trata-se de um gesto de criação que promove novas relações entre as coisas, pessoas, lugares e épocas. De fato, o cinema nos oferece uma janela pela qual podemos nos assomar ao mundo para ver o que está lá fora, distante do espaço ou no tempo, para ver o que não conseguimos ver com nossos próprios olhos de modo direto.

Dessa maneira, a tela do cinema ou a câmera fotográfica, configuram-se como nova janela que permeia outro lugar de conhecimento e outra forma de intercomunicação com o outro e consigo mesmo. Assim, a relação entre vida e arte cinematográfica é dada pela identificação e interpretação de experiências, preferências, sentimentos, tensões, processos de formação e conhecimentos relativos ao cinema que emergem no processo de significações imaginárias na formação de professores.

Azevedo, por sua vez, salienta:

Faz-se importante levar em consideração o sentido das práticas instituídas, o lugar imaginário atribuído a si e ao outro e ao objeto do discurso, o sentido dos conhecimentos veiculados para o professor, bem como em que redes de sentidos se enredam esses conhecimentos. Aprender esses sentidos significa levar em conta a fala do professor, seu silencio, seus enunciados discursivos, nos quais estão presentes seus mitos, suas crenças, suas expectativas em relação ao que é ser professor, ao que é ensinar, suas posições de sujeito no discurso (2006, p. 61).

Sob essa perspectiva, pode-se refletir que o cinema na formação de professores proporciona sistemas simbólicos de produção de sentidos às próprias práticas educativas, bem como estabelece outras formas de estar em aula, e descentraliza o papel do professor como figura central do processo de ensino e aprendizagem, pois todos se colocam no mesmo sentido de frente à tela.

1.3 Análise e discussão dos resultados

Propor uma formação ético-estética que auxilie na percepção em relação aos sentidos e significados construídos sobre cinema pelos professores participantes.

A metodologia utilizada foi pesquisa/formação que incluiu encontros para assistir filmes e/ou documentários, debates e escritas sobre os imaginários, repertórios mobilizados e ampliados nesta experiência formadora.

Dessa forma, potencializar a formação de professores implica conhecer os dispositivos que atuam neste processo formativo. De acordo com Ferry (2004, p. 53), a formação nos remete à ideia de ter uma forma, sendo necessário “ponerse em forma”, onde cada pessoa é responsável pela sua formação, através da mediação. Esta mediação ocorre através de leituras, cinema, cursos, grupos de pesquisas, grupos de estudos, entre outras atividades, que são consideradas como dispositivos de formação, pois mobilizam os saberes das pessoas, sendo estes, os meios para que ocorra a formação.

Assim, o projeto de formação continuada intitulado “A vida e o cinema na formação de professores”, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social (GEPEIS) do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria, coordenado pela professora Valeska Fortes de Oliveira foi dividido em dois módulos, sendo que:

O módulo I: O cinema na vida do professor: Vivências e histórias pessoais, proporcionou aos participantes momentos para assistirem filmes, refletirem e dialogarem sobre as produções visualizadas.

O projeto parte do pressuposto teórico-analítico de que os/as professores/as são sujeitos socioculturais que se diferenciam dos demais grupos, categorias e segmentos de trabalhadores, a partir de sua condição de docentes.

Assistir a filmes e mesmo fazer pequenos exercícios fílmicos pode ser uma parte significativa da formação e da experiência estética do sujeito contemporâneo, o que nos remete às questões da sensibilidade e do juízo de gosto, que integram, por sua vez, a questão do que alguns denominam como Educação do Olhar.

Os encontros do curso de formação aconteceram na sede do Sindicato dos Professores de Santa Maria (Sinprosm), quinzenalmente, às segundas-feiras, das 18h30min às 21h (aproximadamente). Os encontros abrangeram duas modalidades distintas, presencial e à distância por meio da ferramenta Moodle, formato pensado tentando não sobrecarregar as atividades docentes, pois o que objetivamos é uma formação que além de formativa, impulsione a fruição, o sensível.

O curso possibilitou a integração do grupo através da ressignificação das práticas e tarefas de análise e reflexão, utilizou-se como dispositivos filmes, textos, debates e escritas sobre os imaginários focando temas sugeridos pelos professores, que eram comentados e experimentados, mobilizando repertórios que se ampliam nesta experiência formadora.

O módulo II: O cinema em sala de aula: Práticas docentes e arte cinematografia. Foi desenvolvido no segundo semestre de 2013, com a participação de professores da rede estadual de educação da cidade de Santa Maria e integrantes do Grupo de pesquisa GEPEIS. Os encontros eram semanais e como proposta os educadores foram instigados a realizarem diversas filmagens e experienciarem os passos da criação cinematográfica, por meio das montagens dos filmes no programa Cineler, premier.

Para que os educadores exercessem o ato de criação, através da vivência dos elementos da linguagem do cinema, foi estruturada uma oficina de cinema na Universidade, para que os educadores aprendessem algumas noções das fases de pré-produção, produção e pós-produção, com a montagem das cenas filmadas, estruturação dos roteiros, do som, e dos efeitos especiais. Dessa maneira, foi possível aproximar a pedagogia do cinema, pela aproximação com o objeto criativo e inventivo.

Neste contexto, surgiu o cinema na ação docentes dos participantes do projeto: A vida e o cinema na formação de professores, conforme assegura Fantin (2006) como um meio para representar, contar histórias através de imagens, movimentos e sons. Entretanto, a autora esclarece que considerar o cinema como um meio não quer dizer que seu potencial seja reduzido de objeto sócio-cultural a uma ferramenta didático-pedagógica destituída de significação social.

Sob essa perspectiva pode-se refletir que o cinema na escola proporciona outras formas de estar em aula, onde descentraliza o papel do professor como figura central do processo de ensino e aprendizagem e dessa maneira, foge da repetição e massificação de conhecimentos dados. Com o cinema na educação é possível realizar esse mecanismo, pois como assegura Fresquet (2013) todos se colocam na mesma condição e direção, pois ao assistir um filme não há uma relação que coloque os corpos de frente, uns para os outros, espelhando o enfrentamento de quem sabe e quem não sabe, mas todos se colocam no mesmo sentido de frente à tela. Desse modo, o cinema na educação pode ser considerado uma nova linguagem, embora com mais de cem anos, recentemente à escola descobriu essa instancia de reinvenção da própria escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Portanto, é importante salientar que ao propor o cinema na ação docente o professor deve levar em conta os fatores psicológicos e simbólicos que estão por detrás de quem assiste a um filme, ou seja, quando as crianças e jovens projetam-se na tela do cinema, televisão ou câmara fotográfica, diferentes reações podem surgir, de emoção, de tédio, de alegria, de envolvimento ou afastamento, até mesmo repulsa. Entretanto, essas primeiras experiências serão os primeiros passos para a atividade do cinema na educação, além de muitas outras que poderão ser proporcionadas, se for oferecido espaço e tempo para criação, projeção e experimentação.

Esse espaço foi possível com o projeto de formação: A vida e o cinema na formação de professores, e assim, possibilitado vislumbrar novas aprendizagens para o campo da educação permeado pelas imagens em movimentos. Dessa maneira, como participantes do projeto de formação continuada, podemos afirmar que a formação propiciou momentos de reflexão, percepção e aprendizagens, por meio de filmes, imagens produzidas e reeditadas nas oficinas de cinema. Por isso, provocamos os educadores, aventurarem-se também no mundo mágico e instigante, do cinema na educação, permeando espaços de criação e apreciação estética em suas salas de aula.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Nyrma Souza Nunes de. Imaginário e Educação: reflexões teóricas e ampliações. Campinas, São Paulo: Alínea, 2006.

BERGALA, A. La hipothèse del cine: Pequeño tratado sobre la transmissión del cine em la escuela y fuera de ella. Barcelona: Cahiers du Cinéma, 2007.

CASTORIADIS, Cornelius. A instituição imaginária da sociedade. 3. ed. Trad. Por Guy Reynaud; revisão técnica de Luiz Roberto Salinas Fortes. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

CASTORIADIS, Cornelius. Figuras do Pensável: as encruzilhadas do labirinto. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

FERRY, Gilles. Pedagogia de la formación. Buenos Aires: Centro de Publicaciones Educativas y Material Didáctico, 2004.

FRESQUET, Adriana. Cinema e educação: reflexões e experiências com profesores e estudantes de educação básica, dentro e “fora” da escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

OLIVEIRA, Valeska F. et al. Dossiê: Imaginário e Educação. Revista do Centro de Educação UFSM, Santa Maria, v. 34, n.3, p. 1, setembro/dezembro. 2009.

TEVES, Nilda. Imaginário Social e Educação. Rio de Janeiro: Faculdade de Educação do Rio de Janeiro, 1992.

 

 

 

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