Mão à Palmatória
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br
Muito se tem falado sobre os problemas da educação pública, inclusive são inúmeras as tentativas em equacioná-los e para minimizar os reveses da educação como a falta de qualidade.
Cabe aqui colocarmos a mão à palmatória e percebermos que muitos profissionais que atuam na educação pública têm sua parcela de culpa neste processo de qualidade pífia desta educação pública sofrível.
Obviamente encontraremos várias desculpas com o intuito de justificar essas nossas ações e não é intuito aqui tirar estas cargas delas, mas também temos que perceber que muitas mudanças cabem a nós resolvermos, independente motivação ou não de terceiros.
Somos culpados quando não abraçamos a causa educando a partir dos valores, somos culpados quando mal preparamos as aulas e fazemos sempre no improviso, quando nos sentimos intimidados com as idiotices vindas de uma secretaria de educação (municipal e estadual) e a partir daí passamos a ser coniventes com tais idiotices não tentando mudar o sistema, somos culpados quando não ensinamos nossos alunos a serem críticos e apenas depositamos nestes uma informação na maioria das vezes estéril, somos culpados quando não incentivamos nossos alunos a pensarem por si só, trabalhando neste a autonomia e protagonismo.
Somos culpados quando não nos atualizamos, não lemos livros e sequer participamos de simpósios, discussões ou encontros de educação muitas vezes gratuitos que poderiam nos nortear para uma educação mais promissora.
Temos também a culpa quando recorremos a um pacto de mediocridade com nossos alunos, abdicando-os do esforço em aprender, tornando o aluno um instrumento neste processo pedagógico falho, baseado em modelos tidos como inquestionáveis e intocáveis, sem ao menos, experimentarmos outros métodos que facilitariam o processo ensino/aprendizagem que leva o aluno a um processo de seleção e exclusão conforme critérios de excelência pré-determinados.
Somos culpados também quando nos colocamos como detentores de saber e sequer nos preocupamos em como transmitir o que se sabe no processo de construção do conhecimento.
Quando assumimos uma postura preconcebida e excludente utilizando da indiferença ao reconhecer situações peculiares nas relações entre as pessoas, agravando ainda mais a intolerância de credo, raça e sexualidade e não trabalhando a relação dialógica de forma que os educandos aprendam com as diferenças e percebam nelas uma forma de se crescer como indivíduo, percebendo que as diferenças não se excluem, elas apenas nos complementam.
Nossa culpa está em aceitar a educação como uma influência qualquer e totalmente neutra e não como algo social, e um fato de tudo.
Temos que assumir todas essas culpas e mudarmos nossa forma de agir e pensar, sendo mais efetivo quanto ao que nos cabe neste processo educativo e sermos também agentes de mudanças para que a sociedade possa novamente nos valorizar e consequentemente possamos todos, oferecer melhores perspectivas a nossos alunos quanto a um país mais igualitário e sem privilégios trabalhando um pensamento liberal democrático.