Marketing da filantropia

         No último sábado proferi uma palestra no II Encontro de Presidentes de Obras Unidas, promovido pelo Conselho Metropolitano de Caratinga – Sociedade de São Vicente de Paulo -, cujo tema foi “Marketing para Instituições Filantrópicas”.
 
O título da apresentação pode parecer estranho, mas, acaba encontrando lugar comum junto à infinidade de variedades e áreas de atuação do marketing, aplicado na atualidade, a exemplo dos modelos: Comercial, Político, Pessoal, Institucional, de Idéias, Esportivo, Cultural, Verde, Endomarketing, Benchmarketing, Direto, Global, Telemarketing, de Serviços, de Rede, Competitivo, Estratégico, Social, Religioso, Relacionado à Causa, Comercial para Pequenas e Médias Empresas, Filantrópico etc.
 
Os benefícios do Marketing são inquestionáveis. Sabemos da importância das suas ações nas organizações. Existe pesquisa mercadológica que comprova o fato de que, mesmo quando o gestor não adota uma estratégia de marketing voltada para o futuro, ele reconhece a sua importância. No entanto, não podemos negar que causa muita surpresa a afirmativa de que ele é importante também para as Instituições do Terceiro Setor.
 
Essa importante ferramenta mercadológica, qual seja, o marketing e suas estratégias, ainda é vista com certo distanciamento pelas instituições do Terceiro Setor, principalmente pelas pequenas e médias organizações, uma vez que as grandes instituições com compõem esse setor, já aderiram ao bom conceito do marketing há muito tempo.
 
O Terceiro Setor é composto pelas Instituições com preocupações e práticas sociais, sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público, a exemplo das Organizações Não Governamentais, das Instituições religiosas, dos clubes de serviços, das Entidades beneficentes, dentre outras.
 
Esse certo “receio” em aderir e aplicar as ferramentas do marketing não permeia o pensamento da Sociedade de São Vicente de Paulo, tanto assim que colocaram o tema para discussão em mais esse encontro de suas Obras Unidas.
 
Não é por acaso que a Instituição encontra-se em franco crescimento. No mundo todo são mais de setecentos e vinte mil vicentinos. Apenas no Brasil, país com o maior número de vicentinos no mundo, com cerca de duzentos e cinqüenta mil membros, a S.S.V.P. possui quarenta e seis mil Conferências, um pouco mais de dois mil Conselhos Particulares, quase trezentos Conselhos Centrais, dezenas de Conselhos Nacionais e milhares de Obras Unidas, que são entidades filantrópicas, que prestam serviços de atendimento às mais básicas necessidades humanas, procurando resgatar a dignidade e a cidadania de milhões de brasileiros.
 
A S.S.V.P compõe um Setor de importância inquestionável, tanto para a economia quanto para a área social. No mundo todo, no ano de dois mil e dez, o Terceiro Setor movimentou cerca de um trilhão e meio de dólares, quantia que, comparada ao correspondente do Produto Interno Bruto dos países, a colocaria como a oitava economia mundial. Isso sem considerar a sua maior importância, a que se refere às transformações sociais em todo o mundo, a partir da prática de valores que motivam a melhoria de vida das pessoas e o amadurecimento de sua cidadania.
 
O crescimento do Terceiro Setor trouxe às Instituições uma preocupação que não orbitava as suas preocupações até há pouco tempo, qual seja, a concorrência na busca de recursos e a consequente competitividade nessa área.
 
Surgiu, então, a necessidade de fortalecer, cada vez mais, a sua imagem institucional, de melhorar a comunicação com os investidores sociais e, principalmente, melhorar o relacionamento com os voluntários, responsáveis diretos pelos resultados das instituições.
 
Marketing associado à Responsabilidade Social... Marketing Social!
 
Marketing... É possível utilizar esse conceito para fazer o bem!
 
O que precisa ser bem diferenciado é a utilização da filantropia como estratégia de marketing de algumas empresas – o que, também, não está errado, haja vista a sua função primeira de gerar lucro e de satisfazer o cliente, da utilização das estratégias de marketing para se fazer filantropia, que é o caso do Terceiro Setor.
 
É fácil entender a importância do marketing nas instituições do Terceiro Setor: Um processo de comunicação eficaz e uma excelente rede de relacionamentos são essenciais em qualquer atividade. Nas Instituições do Terceiro Setor ambos tornam-se vitais, já que as Instituições Filantrópicas, mais que todas as outras, dependem de sua imagem e de sua credibilidade para a concretização de seus objetivos.
 
As Instituições que compõem o Terceiro Setor, via de regra, possuem orçamento enxuto, dependem, quase sempre, da boa vontade das pessoas e das parcerias que conseguem firmar.
 
Nada melhor que um bom planejamento de marketing para dar mais visibilidade à Instituição, para fortalecer a sua imagem e a sua marca, para tornar a sua causa mais atrativa e atrair mais colaboradores e voluntários.
 
Nada melhor que o marketing para fazer com que o Terceiro Setor possa ajudar mais e melhor!