28/06/2018

Messianismo no Brasil

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

Parece que o povo brasileiro sempre ficou a espera de um messias dotado de poderes paranormais e que com um simples estalar de dedos tiraria o Brasil da corrupção que sempre o assolou, embora a política atual tem se sobressaído de forma gritante.

Já tivemos quem se propôs a isso, como na Guerra dos Canudos e na Guerra dos Contestados, pouco ensinado hoje nos livros de história.

A Guerra dos Canudos recebeu o título de maior movimento de resistência à opressão dos grandes proprietários rurais e ocorreu entre 1893 e 1897 no sertão da Bahia, tendo como líder Antônio Conselheiro.

O gatilho para este movimento foi o estado de abandono e a miséria que o povo deste local se encontrava, coisa que não mudou muito até hoje.

Quanto a guerra dos Contestados, o líder foi um monge peregrino de nome José Maria de Santo Agostinho. Este monge se sensibilizou com a situação dos camponeses ocorrida entre 1912 e 1916 nas fronteiras do Paraná e Santa Catarina na Região Sul.

Em tal época houve a construção de uma ferrovia favorecendo os coronéis e uma empresa norte americana Brazil Railway Company. O progresso deve acontecer, todavia o governo com desculpas de progresso, cedeu uma extensão significativa nos limites de Paraná e Santa Catarina desapropriando de forma arbitrária os camponeses que lá ficavam e como se não bastasse, percebeu que poderia lucrar com a erva mate e também com as madeiras no local. Quando acabou a construção, as pessoas ficaram desempregadas e os camponeses sem terra, aumentando ainda mais a miséria.

Esta guerra teve como consequência muitas mortes, mesmo depois da morte do seu líder.

Interessante é observar que a educação pública não se aprofunda nos detalhes de como aconteceu e o que serviu de estopim, entretanto, a história nos mostra que sempre estamos esperando por alguém que irá nos tirar desta situação.

Hoje a miséria do povo brasileiro tem aumentado, o que é reforçado por Bôas no seu artigo Pobreza extrema aumenta 11% e atinge 14,8 milhões de pessoas, publicado em abril de 2018 pelo Jornal Valor. Para o autor, a miséria não poupou sequer a região Sudeste que é a mais rica do país.

Observe que a história está se repetindo e não precisamos de mais messianismos e mortes, apenas de educação, para que se faça valer a causalidade, ou seja, em uma educação de qualidade, situações como estas ficarão apenas como histórias.

A mudança está na educação e não em uma pessoa qualquer. Esta mudança está no coletivo formado pelos professores que abraçam a causa de levar o verdadeiro conhecimento ao seu corpo discente.

Aquele mesmo conhecimento que dará respaldo para cidadania crítica e protagonismo cognoscente.

Nós educadores precisamos ser corresponsáveis pelas mudanças que queremos em nosso país, a começar pela produção da ignorância sistemática imposto pelo sistema de ensino manipulado pelos políticos que hoje não são mais que a escória da sociedade, representada por seres vis desprovidos de ética, moral e outros valores necessários ao humanismo.

Como dizia Piletti em sua obra Psicologia Educacional, publicado pela Ática em 2003, quando afirmava que aprendizagem é mudança de comportamento, e cabe-nos perceber que a verdadeira mudança está primeiro em nós, o resto será reflexo apenas do que sentimos, pensamos e agimos.

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