05/05/2020

Milícia Ideológica

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            A palavra milícia segundo é oriunda do latim militias cujo significado é pertencente à família de miliciano, milico, militança, militante. Até então, era um termo conhecido apenas pelas pessoas marginalizadas em suas periferias.

            Este termo ficou mais conhecida para os Cinéfilos que assistiram ao filme Tropa de Elite e Tropa de Elite 2, filmes dirigidos por José Padilha, cujo enredo mostra uma realidade paralela ao poder do Estado. Esta realidade é formada por políticos e policiais corruptos que formam uma máfia que designa um modus operandi de organizações que se acham acima da lei, ou seja, se considera a própria lei, já que encontram-se respaldos por políticos do mais alto escalão.

            Em nossa atual conjuntura, a milícia então passa a fazer parte de nosso vocabulário e passa a ter mais poder que o próprio Estado, já que este não oferece a assistência mínima ao povo que vive nas periferias, morros e favelas.

            Este poder paralelo atua também não apenas no combate ao crime com o crime, mas na divulgação de falsas informações bem como na desconstrução de pessoas que tem imagens públicas.

            Interessante perceber que a milícia deixa o seu espaço das periferias e passa a agir nos grandes centros e cidade, formando assim o que alguns denominam de milícia ideológica, que impede o processo democrático e cala a imprensa, que é um dos maiores veículos de informação. Obvio que muitos acreditam que as informações são manipuladas, mas cabe a maturidade de cada um e de seu próprio discernimento para extrair desta mídia o que lhe é válido.

            A milícia ideológica chega a tal balbúrdia e alienação que pessoas agridem o próximo só por ter opiniões divergentes. Olvidam que o próximo é uma pessoa como ele, com sentimentos, frustrações e opiniões individualizadas que precisam ser pelo menos respeitadas.

            Miliciano independente o olhar que se possa dar, é um criminoso e como todo criminoso, precisa que se aplique os rigores da lei, entretanto, a justiça em nosso país não é tão justa e passa a ser totalmente questionável, pois até pouco tempo tivemos para estes mesmos milicianos ideológicos, um juiz incorruptível e implacável contra crime, e hoje, este mesmo juiz é visto como Judas, mentiroso e até mesmo um espião da oposição.

            A milícia é tão empoderada que nas falas de Rodrigues e Del Rio[1], o seu controle territorial se converte em poder político, tornando-se um nicho e um curral eleitoral. Sim, pois o seu curral eleitoral de forma estulta, busca meios de proliferar seus desmandos fascistas e agem como acéfalos ou zumbis a caminhar a favor das arbitrariedades.

            Assim sendo, pode-se perceber nas falas dos autores acima que todo milícia é cercada de um caráter anti-democrático, já que nossa história está envolta de relações entre violência, crime e poder, e ela vem com o intuito de fazer com que este poder seja enraizado, intimidando os cidadãos quem tem uma raciocínio divergente, através da persuasão ou da dissuasão.

            Interessante perceber que a milícia é uma forma de máfia, na qual ela tem todo controle, mesmo em situações as quais não se encontram investidas em um cargo, buscam o poder através das eminências pardas, ou seja, ocupantes de um cargo qualquer são submetidos pelos milicianos pelo seu poder de "persuasão", que para suas vítimas tem o peso de um chumbo e a velocidade de um projétil.

            Assim sendo, educação como um ato revolucionário não pode se calar ao processo democrático e uma forma de acabar com as milícias é tornando-se politizado e aprendendo o valor da democracia e efetivando realmente o seu dever de cidadão, já que Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido, publicado pela Paz e Terra em 1981, afirma que a existência humana não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras. Precisamos segundo este educador de existir humanamente e pronunciar o mundo e consequentemente modificá-lo.

 

[1] Para mais informações vide https://diplomatique.org.br/estado-miliciano-a-consolidacao-da-ideologia/

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×