01/04/2020

Modelo de organização – Burocracia Divisionada

Jorge Barros

Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira

 

A estrutura divisionada ou divisionalizada é muito utilizada no setor privado das economias industrializadas, nomeadamente, no Japão, nos EUA, na Itália, na França, na Alemanha e na Inglaterra e funciona menos como uma organização integrada e mais como um conjunto de entidades quase autónomas, conjugadas por uma estrutura administrativa central.

Este tipo de estrutura apresenta diferenças em relação às restantes num ponto importante que se relaciona com o facto de não se tratar de uma estrutura completa, que vai do vértice estratégico até ao centro operacional, mas sim uma estrutura que se sobrepõe às outras estruturas, ou seja, em que cada divisão tem a sua estrutura própria. Os departamentos assumem a configuração da burocracia mecanicista, mas a própria estrutura divisionada concentra-se nas relações estruturais entre a sede e as divisões, isto é, entre o vértice estratégico e o vértice da linha hierárquica.

As burocracias divisionadas são estruturas organizacionais que se ajustam a organizações que optam por estratégias de diversificação, uma vez que não desenvolvem uma única atividade. Esta situação tem lugar nas organizações que se dedicam à produção de vários produtos ou à prestação de vários serviços, ou naquelas que funcionam em diferentes regiões dispersas geograficamente ou, ainda, em outras que servem diversos clientes.

Estas estruturas são integradas por um órgão de cúpula, o denominado vértice estratégico, que estabelece os objetivos globais, define as estratégias, distribui os recursos pelas diferentes unidades, fornece serviços de apoio às divisões e controla os resultados globais da organização.

A burocracia divisionada é composta por uma pequena tecnoestrutura que se encarrega da conceção e do funcionamento do sistema de controlo dos desempenhos e por um conjunto mais importante de funções de apoio logístico. Integra, ainda, uma estrutura menos achatada que se situa na sua parte inferior e que engloba quatro divisões (em cujos vértices, se situam os Diretores das divisões, para indicar que a linha hierárquica é a chave da organização) representadas como burocracias mecanicistas, para ilustrar o facto de que a divisionalização incita as divisões a adotar nesta configuração.

O mecanismo de coordenação destas organizações é a estandardização dos resultados e a linha hierárquica é a chave da sua estrutura.

Muitas organizações são impelidas pela diversidade dos mercados para adotarem a estrutura divisionada. Esta situação não é frequente nas organizações que integram um mercado único, mas naquelas que operam em mercados distintos, uma vez que dispõem deste incentivo para criarem unidades a fim de cada uma lidar com o seu mercado.

A estrutura divisionada, à semelhança das outras, apresenta igualmente vantagens e desvantagens.

Entre as vantagens, podemos salientar a ineficácia de uma divisão não se repercutir nas outras divisões; a conciliação de grande dimensão com alguma flexibilidade, na medida em que se apresenta constituída por pequenas organizações dentro da organização mãe; e a adequação a vários produtos ou serviços e a vários mercados.

Quanto às desvantagens sublinha-se a replicação de serviços com duplicação de funções promovendo aumento de custos com redução da eficiência; a propensão para o conflito; a autonomia das unidades ser mais teórica do que prática, pois há que respeitar sempre os padrões impostos pela estrutura central; a tendência para o aparecimento de problemas na coordenação; e o aparecimento de concorrências entre divisões promovendo disfuncionamentos internos.

Em jeito de síntese podemos referir que a burocracia divisonada é uma estrutura típica de organizações ou, especificamente, de empresas com uma estratégica de diversificação que, normalmente, operam ao mesmo tempo em várias regiões do mundo, representando uma combinação de várias máquinas burocráticas geridas pelos gestores de divisão, cada uma com um produto ou serviço diferente, controladas por uma sede mundial, que se caraterizam por serem pouco dadas a mudanças, mas que operam em ambientes diferentes devido às suas caraterísticas, em que o poder se concentra na linha hierárquica intermédia.

Trata-se, assim, de um tipo de estrutura que é apropriada para empresas ou organizações com grandes dimensões e com uma linha diversificada de produtos, operando em mercados distintos e relacionados com esses produtos ou serviços.

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