04/05/2015

Moradores do Alemão pedem investimento em educação para reduzir violência

Em reunião com integrantes da CPI da Violência contra Jovens Negros, moradores do complexo do Alemão reivindicaram políticas públicas ligadas a educação, creche e saúde.

Vítimas de violência no Rio de Janeiro pediram aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência contra Jovens Negros e Pobres a implementação de políticas públicas em áreas sob influência de traficantes e milicianos.

Os deputados da CPI fizeram nesta segunda-feira (4) a primeira diligência fora de Brasília. Pela manhã, eles visitaram o complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio. Apesar de contar com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde maio de 2012, o Alemão ainda é palco constante de confrontos entre policiais e traficantes, que deixam um rastro de vítimas.

As mais recentes e emblemáticas foram o menino Eduardo Jesus Ferreira, de 10 anos, e a dona de casa Elizabete Francisco, de 41, que morreram entre o fim de março e o início de abril, supostamente atingidos por tiros de policiais da UPP.

Os deputados ouviram representantes da comunidade em uma escola vizinha à UPP e que traz marcas de disparos de tiro. Representantes do Instituto Raízes e Movimento, formado por jovens moradores do Alemão, denunciaram que alunos e professores costumam ficar no meio de fogo cruzado.

Educação e saúde
Os moradores argumentaram que o combate à violência em comunidades passa, principalmente, pela efetivação de políticas públicas, sobretudo ligadas a educação, creche e saúde.

Para o deputado Delegado Edson Moreira (PTN-MG), a presença da UPP divide opiniões no Complexo do Alemão. "Segundo a comunidade, a violência aumentou depois que a UPP foi para lá. Uns querem a UPP, outros não. A grande agressão que tem aqui é dos criminosos contra os policiais. As paredes aqui estão todas furadas de bala. Então, os tiros vêm lá de cima do morro e a troca [de tiros] é intensa, conforme eles falaram."

Segundo dados do Instituto Raízes e Movimento, o Complexo do Alemão abriga cerca de 20 mil jovens entre 15 e 29 anos que precisam da efetivação das políticas públicas já prometidas pelas autoridades do estado e do município.

Violência policial
Durante a tarde e à noite, a CPI promoveu audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde também foram ouvidos representantes de movimentos sociais e de direitos humanos, da Defensoria Pública e do Parlamento estadual, com foco nas famílias de vítimas da violência.

O deputado Paulão (PT-AL) informou que foram ouvidas, principalmente, as mães de filhos que foram vítimas de violência praticada por policiais. Segundo o deputado, os inquéritos sobre esses crimes “não caminham”. A CPI cobrou a conclusão dos inquéritos e solicitou informações oficiais sobre os números da violência contra jovens negros e pobres no estado.

“Uma das lições que se toma é a importância de haver uma corregedoria forte, com autonomia administrativa e financeira. E uma coisa é certa: tem-se uma violência muito ligada à questão do crack, uma violência entre meninos com nível de infração, mas também envolvendo agentes públicos com nível de preconceito muito alto contra esses jovens", disse o parlamentar.

Paulão lamentou a ausência de autoridades estaduais na audiência pública da Alerj.

Investigação
Além dos deputados Paulão e Delegado Edson Moreira, participaram da diligência ao Rio os deputados Reginaldo Lopes (PT-MG e presidente da CPI), Rosangela Gomes (PRB-RJ e relatora da CPI), Benedita da Silva (PT-RJ), Jean Wyllys (Psol-RJ), Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), Celso Jacob (PMDB-RJ) e Erika Kokay (PT-DF).

A próxima diligência da CPI será na semana que vem, na Bahia.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Pierre Triboli
Com informações da Agência Brasil

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