02/06/2017

Na Contramão da Educação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

Em nossa contemporaneidade, a escola passou a assumir o dever da família que é educar com valores e não apenas ensinar conteúdos que irão alicerçar seus alunos nas tomadas de decisão quanto a profissão a ser escolhida e a conseguir um melhor discernimento sobre os fatos e suas causas.

Interessante perceber que em tempos remotos, a educação ofertada pela escola era embasada na disciplina, e sem disciplina não há aprendizagem, mas hoje, o conceito de disciplina deixou de ser levada em consideração, pois o que mais se tem nas escolas é o problema da indisciplina, e parte disto se dá pela permissividade do sistema e omissão dos pais.

Vale ressaltar que muitos pais chegam a ser mais indisciplinados que seus filhos, pois lhes faltam a civilidade e o respeito pelo profissional que está ali, dando o seu melhor sem ao menos esperar reconhecimento deste responsável e muitas vezes, assumindo o papel que deveria ser assumido pelo próprio pai e/ou mãe, mas que este não é ou foi capaz de fazer por comodidade ou conveniência.

São inúmeros relatos de professores agredidos por pais de alunos que se sentem no direito de "defender sua cria" aos berros e tapas, sem ao menos perceber o contra-exemplo que está sendo dado.

Pense caríssimo pai e/ou mãe, se você se acha no direito de humilhar um professor e agredi-lo física ou verbalmente, que moral você poderá cobrar de seu filho futuramente? Que valores você tem passado a ele?

Onde está a sua civilidade? Aliás, você sabe o que é civilidade? Respeito? Não exija algo que você foi omissa em passar. Escola não ensina valores sozinha.

De nada adianta a escola tentar ensinar ao seu aluno o respeito pelo colega sendo que o responsável pela criança se acha no direito de entrar na escola para agredir a professora, diretora e/ou qualquer outro funcionário.

Temos que ter a concepção de que educação vem primeiramente do berço, por isso, mostre-se educado para que seu filho possa refletir a sua imagem e semelhança. Seja exemplo vivo do que ele poderia ser ou até mesmo querer não ser.

A Escola tem trabalhado sozinha nesta seara da educação, repleta de problemas sociais, pois um aluno indisciplinado não é um problema social para a escola, mas muitos alunos assim, realmente passam a ser um problema que poderá comprometer os demais alunos desta escola.

Nós educadores tentamos entender a situação dos alunos problemas e infelizmente muitos são dignos de pena, mas seria certo passar a mão na cabeça destes "coitados" e deixar com que os mesmos façam o que bem entendam no espaço escolar?

Educar é também um ato de amor, mas para ser professor não constava no edital do concurso a vocação para ser santo. Como mostrar afetividade por alguém que não respeita o professor? Como se aproximar de alguém que só sabe usar da agressão inclusive com os mais velhos? Como exigir um comportamento civilizado deste "meliante" se ele enxerga o professor como um lixo, um simples empregadinho dele?

A quem reclamar? Caso o gestor resolva conversar com o responsável, este se achará no direito de jogar a responsabilidade para cima dele dizendo em bom tom que é um incompetente, mas cabe aqui a pergunta: A incompetência é de quem? De um professor que tem muitas outras crianças para ensinar e educar ou deste responsável que se entrega a ociosidade e algumas vezes a leviandade?

Colocar o dedo em riste é fácil, pois espera-se que o professor se cale justamente por ser civilizado.

Caro responsável, se você ama realmente sua prole, dê limites a ela e não cobre da escola o que você é incapaz de oferecer. E caso aconteça de um educador ensinar bons modos a seu "delinqüente", erga suas mãos para o céu e agradeça, pois ainda está em tempo de ensinarmos algo, porque os ensinamentos da sociedade e da polícia são mais dolorosos.

Deixe com que a escola eduque o seu filho hoje para que a sociedade não o puna amanhã.

Não ande na contramão da educação, pois quem ama educa.

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