17/09/2018

Negligência Benigna

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Sabendo que a política é o que faz ter uma vida em sociedade, a negligência benigna é a moeda de troca, ou seja, os poderosos não entram em conflitos entre si para evitar desgastes e grandes perdas por ambas as partes.

            Peguemos como exemplo o que eles chamam de rombo no INSS. De acordo com pesquisas realizadas, a pedido dos próprios políticos, são mostrados um déficit na casa de bilhões, e isso deu certo embasamento para a reforma na aposentadoria, prejudicando milhares de trabalhadores.

            Entretanto, não é preciso ser um economista para perceber a manipulação destas informações e o desvio que eles fazem desta “pasta”, mas não estamos aqui para ensinar padres a rezar missas, apenas para demonstrar o quão é perigosa a negligência benigna, pois a sua benfeitoria se dá apenas aos poderosos.

            Ao analisarmos os maiores devedores, encontraremos empresas como VALE, Petrobrás, Bradesco, Gerdau, CEF dentre outros gigantes que devem na casa de milhões e o governo nada faz, além de jogar a conta para o povo pagar por sua improbidade administrativa.

            Sabe-se que muitos escândalos como Máfia dos fiscais, Mensalão (dos 40 envolvidos, apenas três deputados foram cassados), Sanguessuga (Nenhum dos três senadores e 70 deputados federais envolvidos no caso perdeu o mandato), Sudam (Dos 143 réus, apenas um foi condenado e recorre da sentença), Operação Navalha (Todos os 46 presos pela Polícia Federal foram soltos), Anões do orçamento, TRT de São Paulo, Banco Marka, Vampiros da Saúde (Todos os 17 presos já saíram da cadeia), Banestado que deu um rombo de 42 bilhões (foram denunciados 684 funcionários – 97 foram condenados a penas de até quatro anos de prisão)[1]em nada resultou, “acabando em pizza” como dito popular.

            Observa-se a ineficiência de nosso sistema que se encontra todo corrompida, inclusive no STJ que deveria ser incorruptível, mas que reforça cada vez mais a tal negligência.

            Esta mesma negligência benigna é usada também na educação, o que causa drásticas consequências. Ela ocorre no sistema educativo e nós professores passamos a ser cúmplices quando aprovamos alguém que sequer fez-se o mínimo de esforço para se alcançar um medíocre resultado.

            Somos negligentes criando analfabetos funcionais e políticos. Somos negligentes quando criamos uma massa de domesticados subalternos, incapazes de discernir a própria realidade, o que só faz aumentar exponencialmente os abismos sociais.

            A educação tem que ser libertadora e não manipuladora como está a nossa tão sofrível educação pública.

            Precisamos dar um basta nesta negligência benéfica através de uma educação em que o educando saia desta permissividade e passividade para um protagonismo cognoscente, pois a educação é a nossa única salvação.

 


[1] Para informações detalhadas, vide https://super.abril.com.br/mundo-estranho/os-maiores-escandalos-de-corrupcao-do-brasil/

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