03/04/2008

Novas experiências de educação integral se apresentaram no Fórum Mundial

Por Cássia Gisele Ribeiro, do Aprendiz

De escolas que trabalham em tempo integral a projetos que envolvem todos os agentes de uma cidade. 16 diferentes formas de aplicar a educação integral se encontraram em um painel de experiências durante o Fórum Mundial de Educação da Baixada Fluminense, no último final de semana (de 27 a 30 de março).

“É importante lembrar que o conceito de educação integral abrange muito mais do que uma escola que atende o aluno o dia todo. É necessário que a educação aconteça de forma integral e integrada”, afirmou a assessora do programa de Bairro-Escola de Nova Iguaçu (RJ), Bia Goulart, que mediou a mesa de exposições.

Com a participação de gestores de escolas públicas e privadas, financiadores, órgãos do governo e especialistas de diversos estados, a primeira apresentação foi realizada pela coordenadora do programa Escola Integrada, de Belo Horizonte (MG), Neuza Macedo. O programa acontece na região desde o ano de 2006. “A idéia inicial foi complementar a formação dos estudantes a partir de vários tipos de oficinas, além de unir os diversos agentes comprometidos com a educação na região, especialmente as universidades”, contou.

“A ação deu certo porque foi efetuada não só pelo governo, mas por meio de parcerias, que formaram uma grande rede”, conta. “Conseguimos formatar um grande projeto de melhoria da educação sem quebrar o orçamento público, graças a essas parcerias”, agradeceu Neuza.

As atividades realizadas pelo programa mineiro abrangem desde questões como acompanhamento pedagógico e lição de casa, até o trabalho com expressões artísticas, como dança, fotografia e pintura. “Pudemos levar para a sala de aula áreas de formação não cobertas pela escola pública”, contou Neuza.

As prefeituras das cidades de Osasco e Sorocaba (SP) também apresentaram suas ações. Em ambas, a idéia é trabalhar com o conceito de cidade educadora.

Segundo a exposição realizada durante o painel, o programa Escola do Saber, de Sorocaba, não busca manter as crianças o dia todo na escola recebendo ainda mais conteúdos fechados, mas possibilitar que os estudantes possam aprender também nos outros locais da comunidade.

Já em Osasco, a idéia é, primordialmente, ampliar o tempo que as crianças passam na escola, atingindo um dos objetivos do Compromisso Todos pela Educação. Além disso, o programa coloca como meta a utilização dos espaços da cidade como locais educativos.

Todas essas ações são articuladas por educadores comunitários, que ficam presentes nas escolas fazendo uma ponte com o bairro.

Diferentemente das ações de Osasco, Sorocaba e Belo Horizonte, que partem de uma política pública voltada para a educação na cidade, a gestora escolar Eda Luiz, do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos Campo Limpo (CIEJA), apresentou aos presentes seu modelo de escola pública aberta e democrática. Segundo a educadora, todas as decisões da escola são tomadas em assembléias.

“Além disso, um dos nossos principais avanços é o modelo de educação inclusiva”, ressaltou. “Conseguimos formar professores especializados em deficiência mental, visual e auditiva, para que pudéssemos trabalhar com todos os alunos”, contou Eda. Atualmente, a escola possui 1.300 alunos, sendo 180 com alguma deficiência.

“O número é maior do que o determinado pela legislação, que é de, no máximo, 10%. Mas não queremos fechar a porta para estes alunos que nos procuram e que muitas vezes já foram excluídos de outras escolas”, explicou.

A Teia Multicultural, escola particular da cidade de São Paulo (SP) que atende crianças de até 10 anos, também apresentou um modelo de escola democrática durante o evento. Na instituição os alunos escolhem o que querem fazer e tomam as outras decisões referentes à escola. “As crianças não são vistas apenas sob o aspecto cognitivo, mas também como cidadãs, conscientes e responsáveis pelos seus atos”, afirmou a diretora Georgia Correa.

A escola atua com a elaboração de projetos, nos quais os alunos se incluem e são orientados por especialistas nas diversas áreas de atuação. “Os professores quando entram aqui acabam tendo que estudar novamente para adequar suas artes, seus conhecimentos, às necessidades pedagógicas desse modelo de escola”, contou.

Foram apresentadas também ações que trabalham a questão do voluntariado – como o caso de uma escola na região de Imbariê, no Rio de Janeiro, que se mobilizou em busca de dentistas voluntários para sanar um dos principais problemas de saúde pública que assolavam a região. “Embora a saúde não seja nossa prioridade, percebemos que não é possível ignorar as necessidades dos nossos alunos. Isso influencia, inclusive, o aprendizado das crianças”, afirma Marcelo Pereira, da Escola Frederico Abreu, de Duque de Caxias (RJ).


(Envolverde/Aprendiz)

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