11/05/2018

O Dizer nos Desenhos Infantis

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

Os desenhos acompanham os homens desde seus primórdios, assim sendo, temos como exemplo a arte rupestre que segundo registro, a arte mais antiga foi datada no período Paleolítico superior a 400.000 a.C., ou seja, mais antiga que a própria história da humanidade.

O que é complementado pelos autores Guedes e Vialou (2017) no artigo intitulado Símbolos na arte rupestre sob o olhar da Arqueologia Cognitiva: considerações analíticas sobre o sítio Conjunto da Falha, Cidade de Pedra, Rondonópolis, Mato Grosso[1], quando esclarecem que na arte rupestre encontra-se subentendido o acesso a ideologias, conceitos imateriais como crenças, marcas sociais, organização territorial além de vislumbre sobre o aparato cognitivo, ou seja, sobre a estrutura básica do pensamento humano da época.

E se observarmos, perceberemos que a arte rupestre é simplesmente um desenho o que foi passado para nós através destes nossos ancestrais como forma de representação que em nosso caso, de sentimentos, palavras, angustias, frustrações, etc.

As autoras Natividade, Coutinho e Zanella (2008) no artigo Desenho na pesquisa com crianças: análise na perspectiva histórico-cultural[2] elucidam que a linguagem da criança se diferencia de um adulto, pois a criança pela falta de um vocabulário que explicite o que ela deseja na sua comunicação, utiliza-se de vários signos como gestos, imagens, silêncios, expressões, palavras não necessariamente compreensíveis para aqueles que não compartilham de seu universo de significações. Assim sendo, o que este texto pretende relatar é a importância dos desenhos da criança como representatividade do seu ser.

O processo em desenhar se faz relevante na vida da criança; será através deste simples desenho, que para muitos podem representar apenas rabiscos, para a criança que o fez, pode estar todo um conflito ali vivenciado, pois as autoras acima esclarecem que com este desenho a criança tenta explicitar o que sente, como pensa e percebe o mundo à sua volta.

Interessante é perceber que muitas pessoas, principalmente os pais ignoram esta comunicação da criança, e assim sendo, vê nestas representações nada mais que rabiscos sem nexo de uma criança que simplesmente resolveu passar o tempo desenhando.

No artigo intitulado o Desenho Infantil na Ótica da Ecologia do Desenvolvimento Humano, escrito por Goldberg, Yunes e Freitas (2005) é ressaltado que o desenho é de suma importância para o desenvolvimento integral do indivíduo além de ser um mediador entre o conhecimento e o autoconhecimento.

Dito isso, cabe a nós educadores (pais e docentes) prestarmos mais atenção neste meio de comunicação e valorizar o que a criança fez, não vendo apenas como um monte de papel rabiscado sem sentido. Pode-se até mesmo pensar nisso, mas vale lembrar que foi algo que ela fez e que a deixou feliz, assim sendo, deixe-a compartilhar dessa felicidade contigo.

 


[1]In Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 12, n. 1, p. 101-123, jan.-abr. 2017, disponível em <http://www.scielo.br/pdf/bgoeldi/v12n1/1981-8122-bgoeldi-12-1-0101.pdf>

[2]In Contextos Clínic,  São Leopoldo ,  v. 1, n. 1, p. 9-18, jun.  2008 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-34822008000100002&lng=pt&nrm=iso>

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×