05/10/2016

O HOMEM INVISÍVEL.

Dênio Mágno da Cunha*

                   “Ah! Humanos. São engraçados, acham que a vida pode ser ensinada. A vida é aprendida. ” (The Walking man).

               Sou professor e a cada dia me sinto menos professor do que no dia anterior. Estou desaparecendo. Vejo claramente a cena do filme “O Homem Invisível”, quando o corpo do personagem principal vai desaparecendo aos poucos, até tornar-se invisível, sendo apenas percebido ou sentido.

                Luto desesperadamente querendo mostrar a minha existência, que sou importante, que mereço ser ouvido e ter a atenção do público. A cada dia busco a razão da minha existência, querendo prova-la.

               Observo a cantilena da desvalorização da minha profissão: baixos salários, péssimas condições físicas de trabalho, desvalorizado na escala social; me vejo sendo substituído lenta e gradualmente pela tecnologia perfeita; vivo ameaçado pela defasagem do conhecimento diante da alta disponibilidade de conteúdo. Cantilena sem fim, criança carente, pois descobri ser parte da “Crônica de uma Morte Anunciada” – pelo menos no título. (Gabriel Garcia Marquez).

               Sou professor e a cada dia me sinto menos professor do que no dia anterior. Estou desaparecendo.

               Guimarães Rosa tem uma frase reconhecida: Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Antoine de Saint-Exupéry também tem uma frase reconhecida: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.

            “Professores”, no seu dia reflita: Quanto mais sentido você for; quanto mais sentido você fizer; maior será a sua existência. O segredo e o valor do professor estão na sua invisibilidade.

De repente sua presença é percebida e se faz essencial. Esse é o jogo.

 

* Dênio Mágno da Cunha, professor em Carta Consulta, em Una-Unatec, Doutorando em História da Educação pela Universidade de Sorocaba. Gostaria de ser invisível. 

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