06/01/2022

O Pluralismo Cultural E A Democratização do Ensino

O PLURALISMO CULTURAL EA DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO

Por Claudinei Zagui Pareschi

            RODRIGUES (2009) analisa o debate educacional entre a democratização e cultura, considerando as transformações da sociedade brasileira a partir das duas últimas décadas do século. XX, abordando as relações entre a igualdade educacional e o pluralismo cultural.

            A queda do Regime militar e o restabelecimento das condições de democratização da sociedade marcaram a mudança nos projetos políticos educacionais no Brasil. O acesso ao direito a educação. A concepção de educação ligada a um fator econômico da produção capitalista acabou por culpabilizar a vítima de seu fracasso individual, ocultando como desigualdades no acesso na qualidade da escola pública.

           Durante as décadas de 1970 e 1980, vigorava uma crítica ao processo de homogeneização da educação e como contradições voltadas para uma educação voltada a formar mão-de-obra para ingressar no mercado de trabalho. Esses mecanismos perpetuavam como desigualdades educacionais que, para ser superadas, precisavam firmar um compromisso da educação pública na construção de projetos emancipatórios para a classe trabalhadora, evitando os índices de evasão e repetência de crianças jovens e adultos da classe trabalhadora.

            Os crítico-reprodutivistas criaram o conceito de dominação cultural para designar o processo de ideologização presente na sociedade brasileira a serviço das relações de produção capitalistas, principalmente na educação. Paulo Freire (1967) foi o educador que mais desenvolveu ideias e práticas pedagógicas com foco na construção de processos de educação e cultura popular. Tinha a preocupação na formação de sujeitos autônomos, a constituição de relações dialógicas e a priorização de estruturas políticas e histórico-sociais como fonte de aprendizagem. Práticas e ideias pedagógicas passaram a entender a escola como um instrumento se apropriação do saber historicamente acumulado por parte dos trabalhadores.

           Na década de 80, autores como Saviani (1983) e outros entendiam a educação como busca de democratização no combate ao clientelismo, privatismo e autoritarismo. Bosi (1992) confere a escola o lugar da construção de um conhecimento dialético, no qual todos possam se apropriar do conhecimento científico e artístico produzido na sociedade brasileira. Neste sentido, é necessário superar tanto a homogeneização quanto a fragmentação do ensino.

            Na década de 90, os autores viam o interculturalismo como expressões de um conhecimento voltado para a construção identitária e a valorização das tradições culturais preservadas por grupos ou regiões. Também percebiam que a construção da igualdade potencializa a manifestação das culturas particulares.

          Outros autores deram a educação valores próprios do mercado, como a competitividade, a produtividade e a flexibilidade, com o intuito de adaptar os sujeitos as exigências impostas pelo capital. Desta forma, a educação pública deixa de responder as necessidades de democratização e ensino de qualidade para todos. Temos que estar sempre atentos para que as culturas e suas particularidades se distinguem das políticas hegemônicas.

          Este procedimento dialógico tem como base os princípios de convivência que consideram a realidade social e educacional e as características dos sujeitos coletivos e individuais, evitando discriminação física, étnica, sexual, religiosa, social e econômica.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

RODRIGUES, R. DEMOCRATIZAÇÃO E CULTURA NO DEBATE EDUCACIONAL BRASILEIRO TENSÕES E ARTICULAÇÕES ENTRE IGUALDADE E PLURALIDADE. Revista Trabalho Necessário, v. 5, n. 5, 14 dez. 2007

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