O poder de convencimento dos relatórios contábeis
No plano geral, convencer equivale a persuadir alguém quanto a alguma coisa e/ou fato; significa levar alguém a crer ou aceitar sua opinião, sugestão, proposta, demonstração ou uma idéia. Mais que aceitar, acreditar e por ela se pautar.
Transportando o sentido do parágrafo anterior para o meio profissional, constataremos que, essencialmente, não há diferença comportamental. De um lado, temos alguém interessado em comunicar as tecnicidades próprias de sua abordagem; de outro lado, o usuário da informação.
Como exemplo: se necessitamos de cuidados médicos, submetemo-nos sem muita discussão (quando existe) às suas decisões e indicações. Ao pensarmos em construir um imóvel, a palavra e a “planta” nos apresentadas pela engenharia são suficientes. Se vamos “às compras”, aqui também somos convencidos por esse ou aquele modelo etc. Enfim, nas relações sócio-econômicas a palavra de ordem é CONVENCER. Para tanto, é necessário que aquele que tiver sob sua responsabilidade a apresentação de informações, esteja comprometido com suas próprias propostas, seja profundo conhecedor das questões envolvidas e jamais se desvincule do comportamento ético.
Dando ênfase aos relatórios contábeis, estamos plenamente convictos quanto à sua capacidade de convencimento, uma vez que os mesmos possuem elementos e dinamismo em suas diversas estruturas capazes de transmitir com segurança as informações desejadas por seus usuários.
Versando sobre a teoria da decisão, o Prof. Dr. Clóvis Luis Padoveze, em sua mais recente obra (Controladoria Estratégica e Operacional: 2003 pag.05) assim se expressou: “Os modelos de decisão dentro da teoria contábil podem e devem atender as necessidades gerenciais sobre todos os eventos econômicos, para qualquer nível hierárquico dentro da empresa. Assim, é possível a construção de modelos de decisão bastante específicos para decisões operacionais, e de caráter mais genérico para decisões tidas como estratégicas”. Tal opinião consubstancia nosso ponto de vista, pois, conhecendo o aspecto conceitual e estrutural dos demonstrativos contábeis, sabemos perfeitamente que, através de sua correta leitura, o gestor condiciona-se a tomar as decisões que estiverem sob seu encargo.
No livro de nossa autoria (Contabilidade Imobiliária: 2003 pag. 105 - citado no roda-pé do presente artigo), fizemos a seguinte observação: “Entendemos que a Contabilidade é o instrumento que traz à lume a verdadeira história do resultado obtido...” (grifo próprio).
A característica fundamental que, em nossa opinião, surge na apresentação dos relatórios da contabilidade para o interessado, é a VERACIDADE. É de tal intensidade essa característica que, mesmo em exemplos ou quaisquer simulações no ambiente acadêmico (sala de aula, palestras etc) os valores apontados em qualidade e quantidade, tornam-se “reais” aos participantes. Ao adquirir esse tom de “realismo”, os leitores já estarão plenamente “convencidos” de tratar-se de uma demonstração fiel, transparente e imprescindível às necessidades no processo decisório.
O pensamento contábil tem sido objeto de constantes e profundas alterações evolutivas. Se compararmos nossos dias com cinco décadas anteriores, veremos que o dinâmico processo das informações sofreu modificações de espectro mais amplo que a simples técnica; tornou-se fundamental para as gestões conscientes de sua responsabilidade social. Passou a contemplar evidenciações de alcance preditivo, fornecendo à sociedade um “retrato” de como as empresas têm gerado riquezas e o que tem sido feito desses recursos.
Diante dessa abordagem, estamos convictos de que o grau de responsabilidade do profissional contábil é tão profundo quanto amplo. Decisões de investimentos, financiamentos e outras próprias da vida empresarial são embasadas nos relatórios elaborados pela Contabilidade. Entendemos, portanto, que ao profissional contábil cabe a honrosa e nada fácil missão de demonstrar e transmitir para qualquer interessado a real situação financeiro-econômica de um empreendimento. Para isto, é necessário que se estabeleça uma relação de confiabilidade mútua, o que nada mais é se não que uma PARCERIA INDISSOCIÁVEL entre a Contabilidade e seus usuários, sempre com o propósito de harmonizar os interesses, necessidades e possibilidades.
Alberto Manoel Scherrer