18/04/2014

Para que Serve a Pesquisa em Educação ?

RESUMO

Este artigo aborda o processo da pesquisa escolar compreendido como um novo paradigma no cenário da sala de aula. O uso e o acesso às ferramentas de pesquisa estimulam os usuários a ampliar suas informações, despertar o interesse e a criticidade reflexiva.

A pesquisa escolar possui o papel de integração e interação dos seus atores principais: os educandos e os educadores.  Destacamos a importância da pesquisa escolar no processo metodológico da pesquisa, desenvolvendo o papel ativo de seus protagonistas na construção de um novo paradigma da pesquisa escolar, construindo uma ação pedagógica desde as series iniciais do Ensino Fundamental ao longo da trajetória educacional.

PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa, educandos, educadores.

 

ABSTRACT

This article discusses the process of scholarly research understood as a new paradigm in the setting of the classroom. The use and access to research tools encourage users to expand their information, arouse interest and reflective criticality.

The school research has the role of integration and interaction of its main actors: learners and educators. We stress the importance of scholarly research in methodological research process, developing the active role of the protagonists in the construction of a new paradigm of scholarly research, building a pedagogical action since the initial series of elementary school along the educational path.

KEYWORDS: Research, learners, educators.

 

1. INTRODUÇÃO

O vocábulo "pesquisa" tem a sua origem na palavra latina perquiro, que tem o conceito de "procurar atenciosamente, em todo lugar e de modo arraigado, perguntar sobre, descobrir algo", devemos distinguir que "pesquisa na escola" elenca esses conceitos, como outros pautados à compreensão de ensino que orienta as ações de um educador quando promove aos seus educandos uma pesquisa.

O ato de pesquisar na compreensão pedagógica se atenta com a autonomia do educando, pois não é algo fechado, truncado ou finalizado, não se esgota ou termina quando este encontra dados acentuados sobre um tema sugerido. Portanto, inicia-se o processo: escolhido um tema e os materiais a serem pesquisados, propiciando aos educandos argumentos que fluam o debate, em que a criatividade seja acentuada.

Assim sendo, podemos conceituar a "pesquisa escolar" como uma atividade formadora e mediadora entre educandos e educadores, alicerçada por meio de ferramentas que facilitam a formação e a  aprendizagem com autonomia, através de atuações da pratica reflexiva com criticidade, que priorizam  descobrir, questionar, analisar, comparar, criticar, avaliar, sintetizar, argumentar, criar.

Essa é a perspectiva adotada neste artigo, ou seja, a de que o ato de pesquisar requer um educador que, exercendo seu papel de mediador, abre novos caminhos para seus alunos em direção à investigação, questionando-os e permitindo que questionem, visando a ultrapassar o saber superficial pautado no acúmulo de informações.

Entretanto, para que aconteça a compreensão do que é a pesquisa, é necessário que educadores e educandos reconheçam os motivos porque se faz pesquisa: Para que serve a pesquisa em educação?

Quando mencionamos o “Para que serve a pesquisa em educação?”, estamos focando os objetivos da atuação de pesquisar, compreendidos às competências que um educando desenvolve ao fazer essa tarefa, também os motivos da prática educativa que abrange o trabalho de pesquisar, relacionadas às habilidades ao desenvolver a pesquisa.

 

2. DESENVOLVIMENTO

Ao conceituarmos a pesquisa, afirmarmos que essa atividade não é algo efetivado apenas pelo educando e sim uma atividade mediada, porque participam sujeitos e instrumentos mediadores na construção da aprendizagem para a construção do conhecimento. Demo (1992, p. 2) enfatiza que:

A pesquisa na escola é uma maneira de educar e uma estratégia que facilita a educação (...) e a consideramos uma necessidade da cidadania moderna. (...) Educar pela pesquisa é um enfoque propedêutico, ligado ao desafio de construir a capacidade de reconstruir, na educação básica e superior (...). A pesquisa persegue o conhecimento novo, privilegiando com seu método, o questionamento sistemático crítico e criativo.

Ao compreendermos que a pesquisa é um mecanismo para o desenvolvimento da aprendizagem ao educando, está na mediação do educador à transformação do educando que se origina a partir das oportunidades surgidas ao se colocar em prática as ações que define o ato de pesquisar.

Nesse prisma, a pesquisa cria ambientes para que o educador instigue e trabalhe com suas indagações pessoais, desenvolvendo a criticidade remetendo a ter opiniões próprias. A pesquisa quando planejada e mediada pelo educador, faz do educando que só faz Ctrl C Ctrl V  em um educando pesquisador, um cientista na instituição escolar.

Cabe-nos ressaltar uma citação de Oliveira et al. (1999, p. 42) sobre as causas que os educadores promovem pesquisas aos seus educandos: "em primeiro lugar, para complementar conteúdos e, em segundo, para antecipar conteúdos". Motivos para como argumentar, ampliar conhecimentos, aprofundar e enriquecer os conteúdos, criar hábitos de leitura,  criticar e criar.

Por que e para que fazer pesquisa é de suma importância considerar que todas as competências e habilidades de um educando poderá ampliar a partir dessa ação, através da intencionalidade dos educadores e por sua vez a responsabilidade em relação ao fazer do educando e à sua aprendizagem.

Quando o educador seleciona assuntos para pesquisa que exijam dos estudantes apenas ações de busca que não necessitem de intervenção naquilo que escrevem e/ou copiam, desta forma não possibilita o desenvolvimento da habilidade de argumentar e criticar o que estudam como também não possibilita a formação do educando em um sujeito autônomo e crítico, e a criticidade não pela criticidade e sim com embasamento.

O educador em vez de requerer uma pesquisa sobre um determinado tema sem a ponte com outros, pois poderá ser cumprido pelo educando apenas pela busca na internet, o educador deve propor algo que se relaciona com outros temas. Promovida dessa forma, a pesquisa exigiria do educando competências e habilidades voltadas às ações de relacionar, analisar, argumentar, expressar pontos de vista e discutir valores éticos, o que, certamente, contribuiriam para a formação do educando como um sujeito crítico.

Podemos afirmar na importância do papel do educador nessa prática pedagógica, gerando competências que só poderão ser desenvolvidas em "ambientes de aprendizagem", denominação efetivada por Demo (2004, p. 9), ao salientar que a pesquisa é uma "proposta formativa essencialmente, e não apenas tática de fazer conhecimento". Para o autor, o "fazer pesquisa" instiga transformações no educando, para a direção de uma construção do pensar. "Na medida em que o educando pesquisador aprende a duvidar, questionar, argumentar, fundamentar, ouvir o outro com atenção e responder, convencer sem vencer, não só faz conhecimento, como principalmente, se forma".

Para aprender, é necessário que um educador estimule o educando a questionar o que encontra pronto na internet, ilustrando: é necessário que o educador interaja com seus educandos, instigando os mesmo e que responda as perguntas com outras perguntas, que discuta o "como fazer" durante o fazer e não quando tudo está terminado. E quando terminar a pesquisa que o educador fale com seus educandos, saliente o aprendizado apresentando os pontos positivos e os negativos, que não seja um trabalho somente para entregar.

Essa probabilidade nos proporciona a discussão de métodos para que se realize a  pesquisa em sala de aula, confiando que as diferentes ações dos educadores e de seus educandos no  processo de pesquisar é que oportunizam o desenvolvimento das competências e habilidades, sendo uma estratégia para a autoconstrução da aprendizagem do educando e educador.

O desenvolvimento da pesquisa dá o educando a oportunidade de ter a autonomia na construção da sua aprendizagem. Sabemos de antemão que é impossível a Escola fornecer ao educando todo o conhecimento necessário para à trajetória de sua vida. É por isso que na contemporaneidade as instituições escolares estão tomando cuidado em desenvolver nos educandos a capacidade de aprender por si mesmo ao longo da vida do que encher a sua cabeça com muita teoria abstrata.

A responsabilidade do educando e fortalecida também pela pesquisa para o desenvolvimento da aprendizagem e seu conhecimento.

Na pesquisa o educando tem a variação e possibilidade de participar dos assuntos propostos pelo educador, e gerar  uma visão abrangente do tema, e buscar a amplitude de seus conhecimentos.

Um dos papeis do educador e fazer com que desde os anos iniciais o educando aprenda a pesquisar, porque o universo depende da investigação.

As melhorias que alcançamos em nossa sociedade são graças ao trabalho de pesquisa dos cientistas e investigadores. Ilustrando com um exemplo, hoje vivemos ansiosos a espera que os cientistas descubram remédios para males como a dengue nos seus 04 tipos.

A instituição escolar deve colocar seus educandos para explicar a importância da pesquisa para a sua aprendizagem, para a humanidade, e desenvolver neles o gosto pela pesquisa e pela investigação na sua vida ou na vida da sociedade em geral, como também a selecionar as informações mais importantes, a analisar, sintetizar e produzir um conteúdo novo a partir das fontes originais, capaz de fazer sentir parte da sua aprendizagem, capazes de emitir suas próprias opiniões.

O educador deve orientar os educandos na pesquisa dando sugestões de bibliografia. Na contemporaneidade o predomino das pesquisas são da Internet utilizando veículos de busca como o Google. Mas não devemos abolir a pesquisa nas bibliotecas, usando livros, revistas, artigos científicos, enciclopédias, documentários, entrevistas.

O ato de pesquisar precede na busca do conhecimento a partir de fontes diversificadas, analisadas sob diferentes olhares, tanto para aprender, quanto para ampliar o conhecimento. Diante do exposto, a pesquisa abrange procurar, resposta a questionamentos, legitimando, desta maneira a aquisição do conhecimento e da aprendizagem.

Para resumir a ideia-chave que norteia a ponderação aqui formada, utilizaremos como fundamentação o autor BAGNO, 2009, p. 21:

"(...) a pesquisa é, mesmo, uma coisa muito séria. Não podemos tratá-la com indiferença, menosprezo ou pouco caso na escola. Se quisermos que nossos alunos tenham algum sucesso na sua atividade futura – seja ela do tipo que for: científica, artística, comercial, industrial, técnica, religiosa, intelectual... – é fundamental e indispensável que aprendam a pesquisar. E só aprenderão a pesquisar se os professores souberem ensinar”.

O educador deve acatar a bagagem  que os educandos trazem ao longo de sua trajetória de vida, instigando-os a sua superação por meio do despertar da curiosidade que os estimula à imaginação, à observação, a questionamentos, alcançando uma explicação epistemológica. Utilizaremos fragmento do texto de Freire:

"Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 2004, p. 29)".

A instituição escolar não e mera repassadora conteudística, mas tem como função de ensinar a aprender, criando possibilidades, indicando caminhos e, primordialmente, norteando o educando para que este desenvolva a criticidade e construindo assim a sua autonomia. A aprendizagem apropriada desenvolve-se dentro do processo de pesquisa do educador, no qual ambos – educador e educando – aprendem, pensam e aprendem a aprender.

A pesquisa deve fazer parte do cotidiano escolar do educando desde a Educação Básica, pois pode tornar-se uma grande aliada do educador no processo de ensino e aprendizagem. Nas discussões, provocadas pelo educador, constituindo-se numa ferramenta forte para auxiliar no desenvolvimento para o ato da reflexão, no espírito argumentativo e na capacidade argumentativa do educando.

Outro fator a ser ponderado é a necessidade de praticar uma reflexão crítica a propósito da prática educativa para evitar a reprodução insana, criando assim possibilidades para o educando produzir ou adquirir conhecimentos, pois:

 

 “(...) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 2004, p. 47).

 

Um trabalho simplesmente no Ctrl V Ctrl C na pesquisa não terá seu valor, representando meramente desta forma uma cópia, pois a sua importância só acontece a partir do momento em que se fundamenta numa forma para a reconstrução do conhecimento. Consequentemente, o educando será capaz de fomentar sua capacidade de argumentação, criticidade e avaliação das diversas situações do conhecimento, confirmando que a implicação da pesquisa deve ser o resultado da interpretação do educando diante das diferentes buscas para o desenvolvimento da pesquisa. É necessário preparar os educandos para irem buscar além da internet, da pesquisa na biblioteca, da sua cultura e do meio que o mesmo esteja inserido. Assim sendo, o educador deve preparar seus educandos para a busca do conhecimento e da aprendizagem.

Os sujeitos da ação nesse momento educador e educandos participam correlacionados simultaneamente de todo o processo educacional, onde ambos fazem a troca do conhecimento e da aprendizagem.

É efetivo que o educando e o educador se aproprie do ato da pesquisa como uma prática diária, mas para a obtenção de um produto final é imprescindível que as técnicas de pesquisa sejam discutidas e organizadas para que o processo seja consciencioso.

A pesquisa é uma ferramenta para a educação escolar, pois ao apropriar-se de conhecimentos, o educando prepara-se para intervir de forma competente, crítica e inovadora, na sociedade em que está inserido.

Neste contexto da pesquisa também se torna necessário desenvolver o trabalho em equipe tendendo evitar competições individuais, considerando-se que a construção da cidadania depende de uma organização da equipe num todo e não em suas particularidades.

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos argumentos apresentados neste artigo, pode-se apreender o valor da pesquisa ser desenvolvida desde a Educação Básica, pois:

 “afinal, existem coisas que quando não são aprendidas desde cedo, deixam sempre ‘buracos’ na formação de um indivíduo” (BAGNO, 2009, p. 16).

Nesse aspecto, tornam-se essenciais o progresso e a reformulação de muitas considerações ao longo da trajetória educacional relacionadas à pesquisa escolar, além de garantir conteúdos e não mera copia os educandos, sendo enfáticos para a compreensão dos processos que permeiam a atividade de pesquisador, lançando uma semente para o desenvolvimento do investigador e talvez de um futuro cientista.

 

REFERENCIAS

BAGNO, Marcos. Pesquisa na Escola. O que é. Como se faz. 2 ed. São Paulo: Loyola,2009, p. 16-21.

DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. 5 ed. Campinas: Autores Associados, 1992, P.2-21. (Coleção Educação Contemporânea)

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, P. 29-47.

OLIVEIRA, Sônia M.M. et al. Diagnóstico da Pesquisa Escolar, no Ensino de 5ª a 8ª série do 1ºGrau, nas Escolas de Londrina – Paraná. Londrina:  1999, P. 42. 

 

Autores

Maria Pedrosa Campos Dias - mcampos_aia@hotmail.com

Regina Andreia Hubner - reginaandreiahubner@hotmail.com

Sonia David Paniago - Sonia_paraiso1@hotmail.com

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