13/10/2016

PEC 241/2016

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Citando uma fala de Freire, "Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo" e sabendo disso, os políticos usurpadores de plantão querem sucatear ainda mais a nossa sofrível educação pública, para que as pessoas não consigam mudar a realidade em que se encontram.

            O PEC 241 é uma proposta de emenda constitucional que cria um teto para os gastos públicos, ou seja, esta proposta congelará as despesas (saúde e educação) por até 20 anos, e estas serão corrigidas pela inflação. O argumento de que o PEC irá ajudar o governo a conter as contas, não passa de uma falácia apoiado pela mídia manipuladora.

            Muitos não sabem o que isso acarretará a sociedade brasileira, mas tenha certeza que quem pagará com sangue, será a classe menos favorecida e, que infelizmente, representa a maioria no Brasil, este gigante que teima em ficar deitado eternamente em berço esplêndido.

            Apesar de nosso hino ter a palavra igualdade, isso é algo que passou longe na educação e na saúde. Nunca veremos um filho de parlamentar estudar em uma escola pública de periferia e jamais veremos um político na fila do SUS, aguardando como qualquer brasileiro por um atendimento.

            Pode-se perceber que este PEC destruirá o sonho de muitos jovens de classe baixa ter um futuro promissor e um dia ser alguém com dignidade.

            Através desta emenda constitucional, os maiores beneficiados serão os capitalistas, donos de escolas privadas e de planos de saúde, pois tanto as escolas públicas e os hospitais estarão sucateados e/ou falidos, acarretando ainda mais miséria e violência, e alguns através de suores e lágrimas, tentarão oferecer saúde e educação digna para seus filhos, ou seja, o Estado amparado por uma emenda, passa a negligenciar ainda mais o seu povo.

            Nossa pátria não é mais uma mãe gentil. Ela tem sido omissa com seus rebentos e muito perversa, deixando com que a escória da sociedade represente seus filhos, representantes corruptores, que anseiam por poder e pelo enriquecimento acelerado em benefício próprio e de seus pares.

            Passamos por crises criadas por eles mesmos desde quando fomos roubados por Portugal, isso porque nunca fomos colonizados e sim explorados. Roubaram a dignidade de nossos índios, nossas madeiras, nosso ouro e nossa identidade.

            A exploração ao povo brasileiro chega a ser uma cultura dos políticos. Somos explorados com impostos exorbitantes que sequer são utilizados de forma correta, nos colocando na última posição do ranking que mede o retorno oferecido em termos de serviços públicos de qualidade à população em relação ao que o contribuinte paga em impostos[1]. De acordo com Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (BPT) é a 5ª vez seguida que o Brasil assume essa vergonhosa posição.

            Longe de nos compararmos com a Autrália que assumiu o 1º lugar no Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (IRBES), mas já que o povo brasileiro é usurpado de várias maneiras, porque não, fazer bom uso deste dinheiro?

            Porque não criar leis ao invés de PECs que façam os políticos ressarcirem os cofres públicos com o que roubaram da nação? E quanto aqueles que enriqueceram de forma astronômica e jamais foi investigado? E quanto aos 21 bilhões desviados da Petrobrás, 124 bilhões desviados do Banestado, 2,4 bilhões desviados da Privataria, os 739 milhoes gastos com o Mensalão do DEM,  e muito mais coisas nojentas escondidas por debaixo do tapete e desviadas para paraísos fiscais que a população brasileira jamais terá o retorno?

            Se existisse a tal "justiça", o Brasil não teria tantos miseráveis e pode-se afirmar que com este PEC a miséria aumentará ainda mais, trazendo consigo um tsunami de violência que apenas o povo sentirá, pois a elite terá sua segurança e bem estar resguardados.

            O Brasil com esta política suja, está criando um país de casta, aumentando a o descaso e consequentemente a segregação.

            Uma forma de melhorarmos o país e fazermos com que nossos representantes vejam educação como investimento e não gasto. Nunca se gasta com educação, pelo contrário, se investe, tendo certeza de um retorno promissor e por isso, educação e saúde não podem estar atreladas a congelamentos com demagogias de se conter o rombo nas contas públicas superando assim a crise econômica.

            Temos que resolver a crise moral que impera em nossos políticos para que essa crise econômica seja erradicada.

 


[1] Para mais informações vide http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/06/pelo-5-ano-brasil-e-ultimo-em-ranking-sobre-retorno-dos-impostos.html

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