Pedagogia da Presença na Educação Pública
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
É sabido que o ato de educar é uma ação transformadora e esta mesma educação nas falas de Almeida (2013)[1] não pode se limitar a uma mera obrigação funcional, exigindo do aluno uma resposta mecanizada, padronizada e sem qualquer tipo de discernimento.
A pedagogia da presença trata-se de uma abordagem pedagógica que tem o seu cerne na relação entre educador e educando promovendo assim um ambiente de aprendizagem que auxilie o desenvolvimento integral do aluno, perpassando por todas as competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que são: conhecimento, pensamento científico, crítico e criativo, repertório cultural, comunicação, cultura digital, trabalho e projeto de vida, argumentação, autoconhecimento e autocuidado, empatia e cooperação, responsabilidade e cidadania, enfim, competências que trabalhadas terá como resultado um educando como agente transformador de sua própria realidade.
Oliveira (2007)[2] complementa que crianças e adolescentes pobres são as que mais sofrem em situações de recessão e desamparo social e pode-se afirmar assim que essas crianças encontram-se em sua maioria em escolas públicas, algumas destas instituições situam-se em zonas rurais e/ou periféricas, olvidadas pelo sistema e até mesmo sucateadas, fazendo com que seus profissionais trabalhem algumas vezes com recursos próprios para não deixarem a qualidade da educação cair ainda mais.
São educandos anestesiados com a dura realidade imposta, sendo que alguns tiveram seus sonhos subtraídos por essa realidade e se permitem estar em uma área de risco social, sujeitando-se ao aliciamento de oportunistas que vivem de suas infelicidades e frustrações, subjugando seus valores e sonhos e empurrando em um mundo de violência, drogas e prostituição.
Gumbrecht e Hamdan (2016)[3] elucidam que a pedagogia da presença tem em si um potencial muito elevado trabalhando as habilidades dos alunos, dando e oferecendo a eles uma ressignificação do espaço escolar e dando um sentimento de pertencimento.
A pedagogia da presença, nas falas de Tavares (2020)[4] oferece todo embasamento para o docente enxergar as potencialidades de seus alunos bem como suas capacidades cognitivas e como trabalhá-las respeitando as especificidades de cada um.
Dito isso, pode-se afirmar que a delicadeza por parte do professor permite a ele também trabalhar a escuta pedagógica.
Como afirmado por Almeida (2013), durante nossa existência, tanto somos influenciados quanto influenciamos as pessoas em maior ou menor grau, dessa forma, pode-se complementar com Tavares (2020) que a pedagogia da presença fará o professor ser uma referência para seu aluno, já que para ela aprender, ela precisará criar um vínculo com este profissional e será por meio da escuta pedagógica que o professor conseguirá perceber as demandas de seus alunos, sejam elas afetivas, físicas, sociais e cognitivas; e cabe observar que uma demanda não exclui a outra, elas coexistem.
Por meio da pedagogia da presença os vínculos são criados e os educandos que mal se enxergavam como cidadãos, passam a sonhar e acreditar nos próprios sonhos, cientes de que foram preparados para vencer suas próprias limitações.
[1] ALMEIDA, Cacilda Maria. Cultura empreendedora no ensino fundamental./Cacilda Maria de Almeida. (Coord.); Darlênia Almeida Guimarães – Belo Horizonte: SEBRAE/MG. 2013.
[2] OLIVEIRA, W. F. DE .. Educação social de rua: bases históricas, políticas e pedagógicas. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 14, n. 1, p. 135–158, jan. 2007.
[3] GUMBRECHT, H. U., HAMDAN, J. C. (2016). Desafiando a História: por uma Pedagogia da Presença. Cadernos De História Da Educação, 14(3). 2016. Disponível em:< https://seer.ufu.br/index.php/che/article/view/33138/17838>
[4] TAVARES, Wolmer Ricardo. Gestão Afetiva: Sistema Educacional e Propostas Gerenciais. Rio de Janeiro: WAK. 2020,