03/08/2016

Percepção das Coisas

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            Albert Einstein dizia o seguinte: “o tempo muda a percepção das coisas”. Cabe aqui analisar se é o tempo mesmo ou o conhecimento que adquirimos no decorrer deste tempo?

            Uma pessoa bem informada já não tem mais a percepção de outrora. Imagine um jovem iniciando seus estudos em um curso superior? Sua percepção será a mesma ao terminar tal curso? Pense em uma pessoa passando por certa experiência traumática, certamente, ele observará a mesma situação por um ângulo diferente dos demais, com isso, podemos observar que o conhecimento faz com que percebamos as coisas de outra forma.

            Não indo pelo viés religioso, mas fazendo uso de uma passagem bíblica que dizia quando eu era criança, pensava como criança, sentia e falava como criança. Quando cheguei à idade adulta deixei para trás as atitudes próprias das crianças, e assim tem que ser nossas vidas. Necessitamos deixar para trás as coisas a qual acreditávamos sem o discernimento, coisas que éramos levados a acreditar de forma alienada e nada critica.

            Hoje a educação deve nos direcionar a criticidade, porque há uma premissa  básica para uma educação de qualidade que é “educação sem pensamento critico é adestramento”, ou seja, estímulo resposta.

            De acordo com Giles em seu livro Filosofia da Educação publicado em 1983 pela editora EPU educar é firmar-se na prática da liberdade e uma pessoa que não consegue pensar por si, jamais será uma pessoa livre, e esta estará nas garras dos oportunistas alienantes, a aumentar seu rebanho de ignorantes para proliferarem o seu poder corruptor.

            Para o autor da referida obra, o ato de educar tem o intuito de levar o educando a consciência de poder ser mais, todavia cabe ressaltar que o ser mais implica desatar as amarras, retirar o véu da ignorância e da manipulação religiosa e política, e pensar por si mesmo de forma critica.

            O educar é um processo de construção sob o alicerce da liberdade criativa e do protagonismo cognoscente.

            O ato de educar transcende o instruir e o ensinar, e muitas escolas pecam neste ponto, visto que está na educação a transformação do sujeito.

            De acordo com Lakatos e Marconi na obra Sociologia Geral publicada em 1999 pela editora Atlas, a educação é uma ação intencional que suscita e desenvolve no educando estados físicos, intelectuais e morais.

            O fato é percebermos que a educação poderá não resolver todos os males, mas a grande maioria poderá ser erradicada caso as escolas e o sistema percebam que a educação pública precisa ser repensada.

            Estamos, através da educação pública, colocando verdadeiros idiotas na sociedade. Idiotas a elegerem imbecis, usurpadores, aproveitadores e manipuladores a nos representar.

            Hoje, somos vítimas de uma educação sofrível propositalmente e podemos mudar essa realidade fazendo com que nossos alunos desenvolvam em si, conhecimentos críticos para que sua percepção de mundo não seja a mesma de outrora quando criança.

            A sociedade na maioria das vezes é ingrata com o cidadão despreparado. Ela privilegia uma pequena elite que se enraíza por causa destes mesmos néscios que as escolas públicas formam.

            Apesar de termos as ferramentas e avaliações para medirem o grau de conhecimento do educando e a qualidade da educação, temos pseudoeducadores colocados de forma proposital nas escolas pelo sistema que abriu mão da meritocracia e fez valer o clientelismo, com intuito de manipular e forjar os números que representariam a dura realidade da educação pública, como no caso do Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb) e o Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública (Simave).

            Temos notas extraordinárias em relação a média geral das avaliações. Notas estas  que mal representam a realidade das escola a que as tiraram, ou seja, estas escolas são simples fábricas de resultados para agradar os políticos e iludir a comunidade.

            A nossa percepção necessita ser mudada de imediato e não com o tempo, porque o povo clama por dignidade e liberdade; e isso implicará em mudanças na educação pública.

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