06/01/2022

Poe Uma Educação Transformadora: "Nunca me Sonharam".

POR UMA EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA: NUNCA ME SONHARAM.

Por Claudinei Zagui Pareschi

Ao assistir o documentário com o nome “Nunca me sonharam” fui desafiado a apresentar a meus colegas professores uma proposta que realmente transformasse a Educação, para assim, poder mudar a realidade de nossos estudantes. No cotidiano escolar somos capazes de fazer pequenas coisas que são muito significativas, capazes de mudar a realidade das crianças, adolescentes e jovens como aqueles daquelas escolas abordadas no documentário.

Confesso que fiquei muito tocado com os depoimentos de alunos, docentes e gestores. Convido a todos tirarem um tempo para assistirem. É muito forte, um tapa na nossa cara. Ao assistir esses depoimentos passou um filme em minha cabeça. Lembrei-me de quando era criança e o que vivi como aluno e também dos meus primeiros anos como professor.

É evidente que nosso modelo atual de escola é ultrapassado e precisa ser superado. Foucault (1999) já fazia a crítica ao modelo panóptico, onde a escola é comparada a presídios. Tanto o prédio que é todo fechado e cheio de grades como o sistema de aulas engessadas em que os estudantes são vigiados o tempo todo para serem punidos ou disciplinados de acordo com modelos educacionais tradicionais lembram presídios. Neste tipo de escola, os estudantes estão sendo treinados para serem sujeitos dóceis e acríticos, mas em compensação, competentes para o mercado de trabalho.

Este modelo de educação reduz o sonho e não permite a realização do desejo, permanecendo uma escola meramente instrumental, o que cria o repúdio dos estudantes e o desinteresse pelo ensino escolar.

Muitos estudantes se descobriam naquelas escolas mostradas no documentário porque eram mais livres e tinham uma oportunidade de sonhar, de mudar de vida e quebrar com aquele ciclo de pobreza e violência enfrentado por seus familiares. A diretora e os professores ficavam tristes por perderem alguns alunos para o tráfico e para a gravidez precoce, mas não desistiam dos estudantes.

Uma realidade que apareceu várias vezes no documentário foi a falta de investimento nos prédios escolares por parte do poder público, o que tornava as escolas feias, com aspectos de abandonadas. Isso desanimava as crianças também em estudar.

Contudo, foi uma atividade diferenciada onde o professor levou os alunos para verem o mar que marcou a vida daqueles adolescentes que se aproximaram mais entre si formando amizades. Deste modo, percebi que o sonho é muito bom, mas os desejos precisam se transformar em projetos para melhorar as condições de vida dos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem das escolas. Precisa ficar claro que quando faltam políticas públicas para promover a inclusão de estudantes mais carentes, toda a sociedade perde como um todo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Documentário: “Nunca me sonharam”. Dirigido por: Cacau Rhoden/ produção: Maria Farinha Filmes /Coprodução--patrocínio: Instituto Unibanco /categoria: documentário /tema: Direitos Humanos; Educação.  Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DT7zrvsP0WY.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão, 20° Edição, Petropolis: Vozes, 1999.

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×