08/06/2016

Política, Cultura e Educação Pública

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            Através de uma educação de qualidade levaremos o educando à prática da liberdade, em contrapartida, essa liberdade passa a ser um mal para a elite dominante, cujos interesses sobrepõe ao bem estar da maioria dos brasileiros.

            Para esta elite, seja ela política e/ou capitalista, a cultura do clientelismo deve se fazer imperar de forma a enraizar cada vez mais o seu poder manipulador e hegemônico, custe o que custar ao povo brasileiro.

            Política e cultura deveriam ser um binômio perfeito para uma educação pública de qualidade, mas como dito anteriormente, a elite tenta, através de uma mídia alienante, dissuadir de que os professores devem se abster em falar de política nas escolas, que a cultura não é tão importante, e com isso, a educação se adentra em uma falácia, amparada por uma nunciopolítica maquiadora e cruel.

            Alguns esbravejam que falar de política é doutrinação ideológica e que o país está como está devido a isso, mas se esquecem que através da ética e da política os professores trabalharão mais e melhor os valores em seus alunos, tendo como um reflexo positivo, e como incidência, um país mais igualitário e isonômico.

            A cultura ao invés de ser enraizada cada vez mais nos currículos escolares, ela é aos poucos extirpada. Usa-se a palavra poucos porque vão-se manipulando alguns conteúdos e/ou disciplinas que deveriam fazer o aluno pensar.

            O pensar passa a ser visto como um problema, como de mistificação sociológica. Para que pensar? Pensar custa caro a elite e a faz perder parte de seu poder, isso porque o ato de pensar faz com que a pessoa intervenha na situação, fazendo com que esta mesma, não se sinta na zona de conforto instituída pela mídia e também por esta elite.

            Pensar diverge de tutelagem, de manobra, manipulação e alienação, e o saber pensar cabe a educação de qualidade, mas com suas disciplinas de cunho crítico como história, filosofia, sociologia dentre outras afins que convergem com uma criticidade, elevando o educando a um protagonismo e não a uma catalepsia imposta por um sistema usurpador e corruptor.

            Uma verdadeira educação deve oferecer ao aluno uma forma de pensar autêntica e não impor fórmulas para que possam ser guardadas e jamais questionadas, e a  cultura na educação entra como fomento a este verdadeiro pensar, sentir e agir.

            Não podemos e nem devemos deixar que os políticos pensem por nossos alunos, pois o pensar é uma importante condição humana. Precisamos ensinar, educar e não adestrar nossos alunos. Precisamos fazê-los expressar opiniões fundamentadas em verdades, mesmo que seja considerada um ato anti-social ou ação subversiva aos interesses do Estado, isso porque estamos em um país “democrático” e democracia é baseada em conquistas.

            As conquistas devem ser feitas por intermédio do conhecimento que afugenta qualquer manipulação e ilusão baseada em demagogias políticas e inverdades transmitidas pela mídia.

            Será através deste conhecimento que a democracia favorecerá uma relação rica entre cidadão e sociedade na qual se desenvolverão mutuamente, reduzindo ou até mesmo erradicando a servidão imposta pelo sistema.

            Este conhecimento produzirá cidadãos e estes cidadãos produzirão democracia e esta a regeneração contínua da sociedade afetada pelo câncer da política imunda e nefasta que assola nossa nação.

            Através da educação de qualidade o indivíduo atingirá o máximo de sua perfeição e consequentemente, as maiores mazelas da sociedade tenderão a ser resolvidas e/ou minimizadas, tendo como a pior delas a miséria.

            É na miséria que se encontra o sonho da elite, pois ela é um terreno fértil para proliferação da manipulação, alienação, servidão e aviltamento, ingredientes perfeitos para imperar este poder corruptor.

            A miséria delapida os sonhos e as perspectivas se baseiam apenas no real. O real se resume na ausência do Estado com o povo, na sua displicência com os necessitados de justiça, de liberdade, igualdade e fraternidade.

            Através de uma educação de qualidade que tenha inserida em sua grade, a política e a cultura como eixos norteadores, conseguiremos formar cidadãos livres que prescindirão a toda e qualquer tutelagem ideológica, seja de cunho político e/ou religioso, e assim, teremos agentes protagônicos a defender a verdadeira democracia e também a sua liberdade de expressão.

            Deve-se ressaltar que a política a ser trabalhada na educação é diferente da “políticagem” deletéria e vivenciada por nossos corruptos políticos. Precisamos mostrar a nossos alunos que um aluno politizado implica em uma melhor compreensão quanto a totalidade social, isso porque toda vida social é também uma vida política, uma vida de pólis.

            Faz-se mister percebermos que uma boa educação implicará sempre em uma boa sociedade.

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