20/03/2018

PRÁTICAS CORPORAIS EXPERIÊNCIADAS: UM ESTUDO DE CASO ENTRE GERAÇÕES

PRÁTICAS CORPORAIS EXPERIÊNCIADAS: UM ESTUDO DE CASO ENTRE GERAÇÕES[1]

Bodily practices experienced: A croos- generation case study

CARVALHO, Cibele Lesonier[2]

KRUG, Marilia de Rosso[3]

RESUMO

O presente trabalho teve como finalidade analisar as alterações ocorridas nas preferências esportivas e de prática de atividades físicas, na escola e fora dela, durante a adolescência, ao longo das últimas décadas. Nesta pesquisa, do tipo estudo de caso descritivo interpretativo, serão apresentados os relatos de duas gerações. Foram sujeitos da pesquisa 17 adolescentes, todos cursando o 3º ano do ensino médio, regularmente matriculados numa escola da rede estadual de ensino da cidade de Cruz Alta- RS e 16 pais dos referidos alunos. O instrumento utilizado foi um questionário constituído de perguntas abertas e fechadas. A pesquisa apontou que na escola, tanto pais como alunos a maioria não realizavam atividades física. Em síntese pode inferir que tanto na escola quanto fora dela o percentual de não praticantes de atividades física é bastante alto, realidade esta que parece não ter mudado significativamente ao longo dos anos, principalmente em relação a prática de atividades física na escola. As modalidades de atividades física realizadas pelos dois alunos que referiram praticar na escola foram os esportes, tais como o futsal, o voleibol e o basquetebol. As modalidades de atividades físicas praticadas pelos pais eram mais variadas, ou seja, além dos tradicionais esportes (futebol, handebol, voleibol e basquetebol) os pais também realizavam atividades como dança folclórica e corrida. Dessa forma, nossos resultados nos levam a inferir que a Educação Física na escola vem regredindo com os anos tanto em termos de percentual de alunos participando, tivemos mais pais do que filhos, tanto quanto em relação as modalidades praticadas.

Palavras-chaves: Adolescentes. Atividade Física. Educação Física. Ensino Médio.

 

ABSTRACT

The present study aimed to analyze the changes that occurred in sports preferences and practive of physical activities, both at school and outside, during adolescence, over the last decades. In this research, of the type of interpretative descriptice case study, the reports of two generations wil be presented. Were subjects of the research 17 adolescents, all enrolled in the 3 rd years of high school , were enrolled. In a school Cruz Alta in the state of Rio grande do sul. The instrument used was a questionnaire consisting of open and closed questions. The research pointed out that in school, both parents and students mostly did not perform physical activities. In summary, it can be inferred that both in school and autside of school the percentage of non- practitioners of physical activities is quite high, a reality that does not seen to have changed significantly over the years, espeially in relation to the practive of physical activities performed by the two studentsin school where sports, such as futsal, volleyball and basketball. The physical activities practiced by the parentes were varied, besides traditional sports such as folk dance and running. The results lead one to infer  that physical education in school has been regressing with the years, as much as in relation to the modalities practiced.

 Key-words: Adolescents, physical, education, high school.    

 

 INTRODUÇÃO

A Educação Física, como disciplina dentro do universo escolar, é um componente do currículo da Educação Básica, ou seja, deve ocorrer desde a educação infantil até o ensino médio. Sendo assim, o aluno vivencia experiências na Educação Física Escolar desde a infância até a adolescência (BRASIL, 2003). Sob o prisma pedagógico, Educação Física Escolar está cada vez mais legitimada, levando para a escola além de outros conteúdos a prática esportiva para crianças e jovens. Mesmo com a obrigatoriedade da Educação Física Escolar, segundo Cardos et al. (2014) é cada vez maior o número de crianças e adolescentes com baixos níveis de aptidão física, relacionada à saúde e com estilo de vida sedentário. Nos dias de hoje nota-se que Educação Física escolar, e em especial a do Ensino Médio tem sido marginalizada e discriminada, não só por parte de alunos, mas muitas vezes por educadores, chegando até por vezes a ser excluída dos projetos pedagógicos das escolas (BARNI, SCHNEIDER, 2011).

Segundo (BARNI SCHNEIDER, 2011) a Educação Física escolar no Brasil, permanece ligada à educação formal e o cenário de épocas anteriores era bastante conservador, por isso ocupava um espaço físico modesto e estava marcada por uma história social preconceituosa e discriminatória, onde meninos faziam suas práticas diferenciadas das meninas e até mesmo separadas por sexo. As aulas das meninas eram realizadas por uma professora e a dos meninos consequentemente por um professor. Era posta não como real educação humana, mas apenas como suporte para atividades esportivas e acabou sendo uma disciplina dispensável (BARNI, SCHNEIDER, 2011).

Desde os primórdios dos tempos, a presença da Educação Física nas escolas, foi influenciada pelas instituições militares, médica, paralelamente as suas próprias contribuições. Em 1851, Dom Pedro já tornava obrigatória nas escolas às aulas de Educação Física, porém, na prática ela era inexistente (PAGNI, 1996). Desde o final do século XIX e especialmente no início do século XX, as atividades corporais no âmbito escolar na forma cultural de jogos, ginástica, e dança, foram entendidos como um elemento capaz de atender os sucessivos modelos, social, econômico e político, que se estabeleciam. Exigiam-se homens fortes, saudáveis, dinâmicos e paradoxalmente homens adestrados, obedientes, alienados, adequados para suprirem as necessidades e os desafios que o contexto impunha (BOLINO, 2007).

A prática da atividade física era pautada por movimentos isolados, imitativos e ritmados, realizados num espaço/tempo determinados, onde as repetições se sucediam e impediam que o corpo se manifestasse, se revelasse. O “sentir” o corpo, a consciência do gesto realizado, o significado do que se fazia, não eram levados em conta. Apenas a reprodução contava. A função desempenhada pela Educação Física escolar, era a de desenvolver a aptidão física dos envolvidos (BOLINO, 2007).

O entendimento que levou os professores e a todos a associar a Educação Física à Educação do Físico e à Saúde Corporal, não se deve exclusivamente aos médicos, mas também aos militares. Seus pensamentos e ideologias perpassaram toda a história da Educação Física no país comandando, em muito, as ações de muitos professores e a dinâmica da própria escola (PAGNI, 1996).

Em 1996, com a reformulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), é ressaltada a importância da articulação da Educação Física entre o aprender a fazer, o saber por que se está fazendo e como relacionar-se nesse saber. De forma geral, os PCNs trazem as diferentes dimensões dos conteúdos e propõem um relacionamento com grandes problemas da sociedade brasileira, sem, no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão na esfera da cultura corporal. Os PCNs buscam a contextualização dos conteúdos da Educação Física com a sociedade que estão inseridos, devendo a Educação Física ser trabalhada de forma interdisciplinar, transdisciplinar e através de temas transversais, favorecendo o desenvolvimento da ética, cidadania e autonomia (SOARES, 2012).

 Em termos de conteúdo, Darido et al. (1999) ressalta que “o ensino médio não pode ser concebido como uma repetição, um pouco mais aprofundada, do programa de EF no ensino fundamental, mas deve apresentar características próprias, que considerem o contexto sócio- histórico destes alunos”. Os conteúdos que predominam na EF são: o esporte, a ginástica, os jogos, as lutas e a dança. Devendo sua aplicação estando diretamente ligada ao projeto político pedagógico da escola e ao professor que efetuará a prática (BRASIL, 2006).

Considerando os enunciados acima questiona-se as práticas corporais mudaram com o decorrer dos anos? Que mudanças ocorreram. Para responder a estes questionamentos, busca-se com este estudo analisar quais são as mudanças na prática de atividades físicas e esportivas ocorridas ao longo das últimas décadas, entre escolares do ensino médio de uma escola estadual de ensino da cidade de Cruz Alta- RS e seus respectivos pais.

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo de caso, descritivo comparativo. Participaram do estudo 17 adolescentes de uma escola estadual da cidade de Cruz Alta – RS e 16 pais dos respectivos alunos. A escolha por alunos do 3º ano do ensino médio, deu-se por abranger alunos do ano final do ensino básico, que estão se preparando para novos desafios, terminando uma etapa, momento de escolhas de cursos universitários e profissionais, onde fecham um ciclo de estudos para iniciar novos caminhos. A instituição escolhida atende 84 alunos no turno da manhã e 23 alunos no turno da noite.

Para obtenção das informações foram utilizados dois questionários, um para os alunos e outro para os pais e/ou avós. O primeiro contendo informações sobre sexo, idade e participação em atividades físicas sistematizadas, durante o ensino médio (1º, 2º e 3º ano), sendo realizadas as seguintes perguntas:

a) considerando as aulas de Educação Física, você esteve ou está envolvido, na escola, em atividades de cultura corporal de movimento? Se sim, quais:

b) você participou/participa em clubes, academias ou associações de alguma atividade esportiva ou realizou/realiza por conta própria alguma atividade física por, no mínimo, seis meses consecutivos? Em caso de uma resposta positiva em alguma pergunta, o sujeito do estudo deve relatar em qual (is) atividade(s) ele se envolveu.

O questionário respondido pelos pais e avós continha informações sobre sexo, idade, escolaridade e participação em atividades físicas sistematizadas, durante a adolescência (12 a 19 anos). Foram realizadas as seguintes perguntas:

a) considerando as aulas de Educação Física, você esteve envolvido, na escola, em atividades físicas da cultura corporal de movimento, seis meses consecutivos? Se sim, quais?

b) você participou em clubes, academias ou associações de alguma atividade esportiva ou realizou por conta própria alguma atividade física por, no mínimo, seis meses consecutivos? Em caso de uma resposta positiva em alguma pergunta, o sujeito do estudo deve relatar em (quais) atividade (s) ele se envolveu.

Tanto para os alunos quanto para os pais e avós foi definido como o “envolvimento”, a prática durante seis meses consecutivos na mesma atividade física, pelo menos. Tal envolvimento poderia ter sido em clubes, associações, academias, por conta própria ou na escola, devendo ser desenvolvida necessariamente em período extracurricular.

Os resultados foram analisados a partir da inferência percentual.

Foram respeitados os aspectos éticos conforme a Resolução no466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012). Garantiram-se o sigilo e o anonimato através da identificação alfanumérica dos depoimentos. Ainda foram assegurados os direitos de acesso às informações fornecidas e garantia do direito de desistir a qualquer momento da investigação, sem prejuízos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES                

Responderam ao instrumento de pesquisa 17 alunos do 3º ano do ensino médio e 16 pais dos respectivos alunos. Todos os pais dos alunos tinham no mínimo o ensino médio completo. Inicialmente, analisou-se o percentual de alunos e pais que se envolveram em práticas corporais durante a realização do ensino médio (TABELA 1).

Tabela 1 – Participação em práticas corporais. Cruz Alta, RS – Brasil, 2017.

Atividades

Na escola

Fora da Escola

Alunos

Pais

Alunos

Pais

Realizavam práticas corporais

02 (12%)

05 (31%)

09 (53%)

07 (44%)

Não realizavam práticas corporais

15 (88%)

11 (69%)

08 (47%)

09 (66%)

 Ao analisarmos os dados apresentados na tabela 1, pode-se notar que, na escola, a maioria tanto de alunos quanto de pais não realizava atividades física. Ao analisarmos os resultados fora da escola observou-se um percentual maior de alunos praticando atividades físicas em relação a seus pais, porém, ainda é bastante alto o percentual de alunos (47%) que não realizavam atividades físicas. Em síntese pode inferir que tanto na escola quanto fora dela o percentual de não praticantes de atividades física é bastante alto, realidade esta que parece não ter mudado significativamente ao longo dos anos, principalmente em relação a prática de atividades física na escola.

Os resultados do presente estudo podem estar relacionados a reforma educacional, ocorrida em 1971, que trouxe mudanças em relação ao papel da Educação Física, que mesmo se tornando obrigatória em todos os níveis e ramos de escolarização se tornou, também, facultativa ao aluno em várias situações: O aluno que cumpre uma jornada de trabalho igual ou superior a seis horas ao dia, estiver prestando serviço militar, ou estiver incapacitado de realizar quaisquer tipo de atividade física ( CASTELLANI FILHO, 1998).

Outro fator que pode estar contribuindo para o baixo percentual de adolescentes praticando atividades física pode ser a falta de motivação, estímulo à Educação Física na escola. A motivação pode ser o principal fator a influenciar no comportamento de uma pessoa no processo ensino-aprendizagem, pois ela influi, com muita propriedade, em todos os tipos de comportamentos, permitindo um maior envolvimento ou uma simples participação em atividades que se relacionem com a aprendizagem, o desempenho e a atenção (GOUVEIA, 2007).

Ainda, segundo Gouveia (2007, p. 31), a motivação é importante para: “compreensão da aprendizagem e do desempenho de habilidades motoras, tem um papel importante na iniciação, manutenção e intensidade do comportamento”. O referido autor destaca que sem a presença da motivação, os alunos em aulas de Educação Física não exercerão as atividades ou então, farão mal o que for proposto.

Considerou-se baixo o percentual de 53% de alunos praticando atividades física fora da escola, pois é na adolescência onde se encontram os maiores percentuais de sujeitos ativos. Embora, segundo Oliveira e Sampaio (2017) no brasil os jovens e adultos com 15 a 17 anos que não praticavam qualquer tipo de esporte ou atividade física somavam 100,5 milhões em 2015. O número equivale a 62,1% da população de 161,8 milhões de brasileiros nessa faixa etária. O Baixo percentual de alunos praticantes de atividades física fora da escola pode estar associado com o advento da tecnologia, ou seja, com este advento a prática de atividades físicas tem se modificado, havendo predomínio de atividades de lazer passivo (assistir televisão, jogos eletrônicos) em detrimento das atividades fisicamente mais vigorosas. A tecnologia foi criada para facilitar a vida das pessoas, de fato, ela auxilia de diversas maneiras no cotidiano, economizando tempo e sendo uma ferramenta importante nas ações do dia a dia. Em contrapartida, pode agravar mais ainda o avanço do sedentarismo, tornando as pessoas ainda mais inativas e propicias ás doenças (GUALANO; TINUCCI, 2011).

 Destaca-se que as atividades física tem fundamental importância na vida de crianças e adolescentes, promovendo momentos lúdicos de interação em grupo, o que beneficia o aumento significativo na adoção de padrões comportamentais (FREITAS, 2004). Além disso, a prática de atividades física na adolescência é apontada como um dos fatores determinantes de um etilo de vida ativo na vida adulta. Sendo assim, uma atenção especial a tais práticas pode ser o primeiro passo para reverter o crescente quadro de sedentarismo entre a população (AZEVEDO JUNIOR; ARAÚJO; PEREIRA, 2006).

 

Modalidades de prática de atividades física na escola

As modalidades de atividades física realizadas pelos dois alunos que referiram praticar na escola foram os esportes, tais como o futsal, o voleibol e o basquetebol. As modalidades de atividades físicas praticadas pelos pais eram mais variadas, ou seja, além dos tradicionais esportes (futebol, handebol, voleibol e basquetebol) os pais também realizavam atividades como dança folclórica e corrida. Dessa forma, nossos resultados nos levam a inferir que a Educação Física na escola vem regredindo com os anos, tanto em termos de percentual de alunos participando, tivemos mais pais do que filhos, tanto quanto em relação as modalidades praticadas.

Em relação a hegemonia dos esportes na escola, aponta-se para Moreno e Machado (2006), segundo os referidos autores na escola o esporte é o principal conteúdo pois, resgata os valores que privilegiem o coletivo sobre o individual, defende o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que o jogo se faz “a dois”, e de que é diferente jogar ”com” o companheiro e jogar “contra” o adversário. Sendo a educação física um espaço para novas experiências motoras, o esporte é utilizado como meio para a vivência dessas experiências. Ainda, de acordo com os referidos autores, para muitos educadores a inclusão da educação física nos currículos escolares se dá pelo fato de seus conteúdos, em principal o esporte, terem grande contribuição na socialização dos alunos.

Entretanto, destaca-se que este não deve ser o único conteúdo a ser desenvolvido na escola pela Educação Física. Segundo Castellani Filho, (1998), a ação pedagógica deve ter o esporte como tema central, mas também considerar a dança e a ginástica. A Educação Física, num passado recente, estava restrita a concepção de meio para preparar a juventude para defesa da nação, fortalecer o trabalhador e também buscar novos talentos esportivos. Na atualidade, a Educação Física faz parte do componente curricular da Educação Básica na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), atuando como prática de caráter essencial que propicia uma aprendizagem que mobiliza aspectos afetivos, sociais e éticos. Também, além de oferecer hábitos saudáveis de higiene e alimentação, tem espírito crítico para se conhecer as diferentes manifestações da cultura corporal (FREIRE, 2003). Tornando-se desta forma fundamental a sua prática durante todos os anos de escolarização no ensino básico.

Destaca-se, que atualmente, coexistem na Educação física, diversas concepções, modelos, tendências ou abordagens, que tentam romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional que outrora foi embutido aos esportes. Entre essas diferentes concepções pedagógicas pode-se citar: a psicomotricidade; a desenvolvimentista; a saúde renovada; as críticas; e os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (SOARES, 2012).

Outro aspecto a ser destacado é que no Ensino Médio a possibilidade do desenvolvimento da linguagem corporal está não somente nos esportes, mas sim em uma interação entre as matérias convencionais, como artes, biologia, português, etc., desenvolvidas em conjunto com as atividades e projetos que envolvam jogos, danças, lutas e outros esportes. Com esses trabalhos o educador consegue estimular os educandos, permitindo que eles questionem e resolvam situações, adquirindo aos poucos condutas e valores pertinentes ao grupo e a si próprios. Sendo assim, o indivíduo aprende a fazer o uso das expressões corporais, de acordo com o ambiente em que se desenvolve como pessoa, enfim, todo o movimento tem um significado de acordo com um contexto (ZAGO; GALANTE, 2010).

Os resultados do presente estudo sugerem que a Educação Física necessita ser melhor introduzida no currículo formal das escolas de Educação Básica, principalmente no ensino médio onde ela vem sendo cada vez mais desvalorizada e é crescente o número de alunos que não realizam esta disciplina. Neste dimensionamento, a educação física no ensino médio estando inserida como disciplina na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, tem como proposta de acordo com os PCN’s fazer com que os alunos do ensino médio tenham a oportunidade de vivenciarem o maior número de práticas corporais possíveis, possibilitando uma maior autonomia na vivência, criação, elaboração e organização dessas práticas corporais, assim como uma postura crítica quando esses estiverem no papel de espectadores das mesmas (BRASIL, 2006). Desta forma aponta-se para Valim e Rogatto (2002) que acreditam que os objetivos da educação física a serem alcançados no ensino médio são: Proporcionar aos alunos um contato com atividades físicas variadas, agradáveis e adequadas ao seu contexto, inspirar a vontade de prosseguir as atividades desenvolvidas em aula em outros locais, fazendo com que a prática de um exercício físico torne-se um hábito, incentivar a socialização e fazer com que os alunos identifiquem as diversas finalidades da educação física destinada ao jovem como sua importância para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.

Modalidades de prática de atividades física fora da escola

Quanto a pratica de atividades física fora da escola observou-se um maior percentual (53%) de alunos praticando em relação aos seus pais (44%), entretanto, destaca-se que este percentual é baixo tendo em vista a gama de benefícios para a vida advinda da prática regular de atividades física. As modalidades de atividades física praticadas pelos alunos fora da escola foram bastante variadas englobando principalmente a musculação, realizada por seis dos nove alunos, a caminhada e o futsal realizados por dois alunos, o voleibol, o basquetebol a luta e a dança realizados por um aluno cada uma. Já para os pais destes alunos as modalidades realizadas foram mais restritas, ou seja, quatro pais realizavam caminhada, corrida, quatro praticavam esportes, sendo dois o voleibol e dois o futsal, dois realizavam musculação e um a dança. A partir destes resultados observa-se que a principal mudança na prática de atividades físicas entre os pais e seus respectivos filhos fora da escola é em relação a prática da musculação que hoje atrai muitos adolescentes.

Exercícios com pesos fascinam as pessoas fortalecendo-as em vários sentidos, por perceber os progressos, por sentir os músculos e a força corporal aumentar, por perceber que a qualidade de vida é beneficiada. Todos esses aspectos se combinam para que o ser humano se torne mais forte internamente, para que vença os problemas da vida, ou ao menos o encare com mais coragem, visto que treinar musculação é vencer resistência. Assim, os exercícios com peso melhoram a auto imagem e a auto confiança conforme Gianolla (2003).

CONCLUSÃO

Após analisar os resultados do presente estudo foi possível concluir que não ocorreram alterações nas duas gerações investigadas. Tanto filhos quanto pais, preferencialmente, não praticavam Educação Física nem na escola nem fora dela. Estes resultados trouxeram uma grande inquietação, ou seja, atualmente assim como o mundo as pessoas também estão mudando, dando uma maior importância a aproximação de uma pratica física como componente para seu bem viver com saúde e bem estar físico e mental. Entretanto, pergunta-se porque esta mudança não está ocorrendo na Educação Física no ensino médio?

Quanto as modalidades praticadas, tanto na escola quanto fora dela percebeu-se, ainda, uma forte tendência à realização de atividades esportivas em detrimento as demais atividades, ou seja, tanto na escola quanto fora dela, predominam os esportes em detrimento as demais atividades propostas, principalmente, pelos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Destaca-se que a pesquisa limita-se a um estudo de caso. Desta forma, sugere-se outros estudos, com este nível de ensino abrangendo tal temática e um número maior de escolas sejam investigadas.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO JUNIOR, Mario Renato de; ARAÚJO, Cora Luiza Pavin; PEREIRA, Flávio Medeiros. Atividades físicas e esportivas na adolescência: mudanças de preferências ao longo das últimas décadas. Revista Brasileira de Educação Física, Edição Especial. São Paulo. 2006.

BARNI, Mara Juttel; SCHNEIDER, Ernani José. A educação física no ensino médio Relevante ou irrelevante? Instituto Catarinense de Pós-Graduação – Santa Catarina, v.3 n.2 p.11, 2011. Disponível em: <http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev03-02.pdf>. Acesso em 10 nov. 2017.

BOLINO, Claudete. Educação Física Escolar: Primeiros tempos. Editora da Universidade de São Paulo, 2007.

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BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Linguagens, códigos e suas tecnologias. Orientações curriculares para o ensino médio, v.1 Brasília, 2006. Acesso em: 10 nov.2017.

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CASTELLANI FILHO, Lino. Política educacional e Educação Física: polêmicas de nosso tempo. Campinas: Autores Associados, 1998.

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ZAGO, Nathalia; GALANTE, Regiane Cristina. Educação física no ensino médio: concepções e reflexões. Especialização em Educação Física Escolar do Departamento da Educação Fisica e motricidade humana UFSCar  2010.

 

[1]Trabalho de Conclusão de Curso – TCC do Curso de Educação Física Licenciatura da Universidade de Cruz Alta-RS.

[2]Autor do artigo. Acadêmico do curso de Graduação em Educação Física da Universidade Cruz Alta. E-mail: cibelecarvalho@hotmail.com

[3]Professora Orientadora Drª do Curso de Educação Física da Universidade de Cruz Alta. E-mail:

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